Estreia do Coral Dirson Costa marca centenário do maestro da Amazônia

O maestro e compositor Dirson Costa (Reprodução/Instituto Dirson Costa)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – O centenário do maestro piauiense Dirson Costa, que criou raízes na Amazônia, vai ser marcado pela estreia do coral que leva o nome do músico. O concerto comemorativo acontece nessa segunda-feira, 20, a partir das 20h, no Teatro Nelson Falcão, bairro Adrianópolis, localizado no Colégio Martha Falcão, Zona Centro-Sul de Manaus.

O maestro, que também foi compositor, dedicou a vida à música nos Estados de Roraima e Amazonas. Durante cerca de 40 anos, Dirson Costa formou gerações de músicos, corais, grupos de câmara, orquestras sinfônicas, jazz bands, dirigiu teatros, criou instituições musicais e culturais, implementou métodos de ensino da música e ensinou música nas escolas públicas e privadas.

Dirson Costa regendo a Banda Sinfônica da Escola Técnica Federal do Amazonas, em Manaus, no ano de 1984 (Reprodução/Instituto Dirson Costa)

À REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, a diretora-presidente do Instituto Dirson Costa de Arte e Cultura da Amazônia (IDC) e viúva do artista, Aidalina do Nascimento Costa, afirma que celebrar 100 anos do maestro é um privilégio. Ela destaca, ainda, a contribuição musical deixada por ele na Amazônia, nos territórios amazonense e roraimense.

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“Os que estão aqui, nesta celebração, foram alunos dele ou passaram por ele em algum momento, receberam da própria mão do maestro esse legado de preservar a ética mais profunda e mais linda que existe, por meio da música, do desenvolvimento humano”, enfatiza a gestora do IDC durante ensaio geral do concerto neste domingo, 19.

Espetáculo

O concerto em alusão aos 100 anos de nascimento do maestro Dirson Costa vai ser regido pelo maestro Everaldo Barbosa, que integrou o Coral do Teatro Amazonas quando estava sob a regência do homenageado. No espetáculo, o jovem maestro estreia na carreira com o peso de comandar as honrarias ao seu mentor.

“A apresentação vai fazer a abertura dos eventos comemorativos de nascimento do maestro. Fui aluno do maestro Dirson Costa em 1989, quando ingressei no coral do Teatro Amazonas, sendo um dos tenores do coral. Ele foi muito importante na formação de músicos locais. Por causa dele, temos músicos na Amazonas Filarmônica e espalhados por esse mundo afora”, destacou Barbosa.

Ensaio para o concerto em homenagem ao maestro Dirson Costa aconteceu na tarde deste domingo, 19 (Adrisa De Góes/Revista Cenarium Amazônia)

A apresentação vai ser composta por 12 músicas, entre composições e arranjos criados pelo homenageado. Aos que não puderem assistir ao vivo o espetáculo, o evento vai ser transmitido de forma virtual, por meio do canal do Youtube da instituição.

Tributo

O tributo ao maestro e compositor Dirson Costa tem a participação de músicos e coralistas treinados durante a criação do coral do Teatro Amazonas em 1979. Uma das integrantes do coral que leva o nome do artista é a professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Iraildes Caldas. Aos 17 anos, ela iniciou no canto após ser notada pelo expoente da música erudita no Estado.

“O maestro Dirson Costa é responsável por me introduzir no mundo da música do canto coral. Desde os 17 anos, quando ele formou o coral cujo nome mudou para coral do Teatro Amazonas. Fiquei neste coral desde 1979 até 1993 (…) O maestro é responsável por ter me cativado para esse tipo de arte que carrego os ensinamentos até hoje”, destacou a professora da Ufam.

A professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Iraildes Caldas integra o Coral Dirson Costa (Adrisa De Góes/Revista Cenarium Amazônia)

Ainda de acordo com Iraildes Caldas, o legado do maestro centenário deu tom à formação da música no Amazonas, sobretudo, na construção do erudito. “Para nós, ele é muito primais. Foi ele que acreditou em mim e disse que eu tinha potencial. Aprendi e devo muito a ele, por isso ele merece todas as homenagens”, relembra.

A coralista Maria de Castro Lima também vai participar da homenagem. Há mais de 40 anos ela integra o coral do Teatro Amazonas. “Foi pelo maestro Dirson Costa que eu entrei no coral do Teatro Amazonas e, de lá para cá, mesmo ele saindo, eu continuei, continuo até hoje. Ele foi a pessoa que me deu a oportunidade de fazer parte da cultura musical amazonense”, destacou.

Biografia

Dirson Félix Costa nasceu em uma família de músicos na cidade de Floriano, Estado do Piauí, no dia 20 de novembro de 1923. Filho caçula de Antônio Pereira da Costa (mestre da Banda de Música Euterpe) e Aurora Lira Costa (organista oficial da igreja da cidade e flautista), tinha como irmãos mais velhos Devaldino Costa (violinista) e Diva Costa (pianista).

O maestro se mudou para Roraima em 1943, aos 20 anos, época em que a exploração do garimpo de diamante cresceu no Estado. Tempos depois, foi para o Rio de Janeiro, onde estudou no Conservatório Nacional de Música e foi aluno de Heitor Villa-Lobos, maestro descrito como figura significativa do século 20 na música clássica brasileira.

Dirson Costa (segundo da esquerda para a direita, na última fileira) na formatura em Música, no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, em 1953, no Rio de Janeiro (Reprodução/Instituto Dirson Costa)

No período de 1962 a 2000, o artista chegou a Manaus para reger e dar continuidade ao Coral João Gomes Júnior, além de criar o Conservatório Amazonense de Música Joaquim Franco e implantar a Orquestra Sinfônica do Estado do Amazonas. Tais feitos impulsionaram a cena musical na capital amazonense.

Dirson faleceu em 20 de fevereiro de 2001, aos 77 anos, em São Paulo, após não resistir a uma cirurgia para aneurisma dissecante de aorta abdominal, e teve o corpo sepultado em Manaus. Como legado, o artista deixou o IDC, inaugurado duas semanas após o falecimento. A instituição tem como objetivo colaborar para o desenvolvimento cultural da região amazônica.

Dirson Costa recebeu a medalha “Cidadão de Manaus”, da Câmara Municipal de Manaus, última homenagem em vida, no ano 2000 (Reprodução/Instituto Dirson Costa)
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Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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