Ex-ministro de FHC e autor do pedido de impeachment de Dilma declara apoio a Lula no primeiro turno

Miguel Reale Júnior foi autor do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Com informações do InfoGlobo

SÃO PAULO – O ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior declarou nessa quarta-feira, 21, apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 1° turno da eleição para presidente da República. Reale foi um dos autores do pedido de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2015. Agora, diz ser necessário apoiar os petistas para “evitar o pior”, em referência ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Eu creio que nós devemos nesse instante evitar um mal maior. Evitar que haja conturbações na vida social brasileira”, disse Reale ao GLOBO. “(Garantir que) não haverá ofensas a ministros do Supremo ou do TSE. Não haverá ameaça de golpe.”

O ex-ministro disse que sua declaração teve como base a preocupação com o “desespero” de Bolsonaro e o “risco de ameaça de golpe”. Ele também comparou sua escolha hoje com a decisão de apoiar Lula contra Fernando Collor em 1989.

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“Bolsonaro já usou o enterro da rainha Elizabeth II e a reunião da ONU para fazer campanha. Imagine o que ele faria no segundo turno? Com risco da ameaça contínua de golpe que ele sempre repete, assim como da (falsa) insegurança das urnas eletrônicas, inclusive na ONU”, disse.

Reale era entusiasta da chamada terceira via, alternativa a Lula e Bolsonaro, que, no entanto, não conseguiu quebrar a polarização entre os dois. A senadora Simone Tebet (MDB), um dos nomes preferidos pelos defensores da terceira via, tem 5% das intenções de votos válidos, segundo a última pesquisa do Ipec (ex-Ibope) divulgada na segunda-feira. Ao ser questionado se a senadora deveria desistir para apoiar Lula, Reale disse:

“Não sei. Eu a admiro muito. Acho que ela é a candidata ideal, mas está com 5% (da intenção de votos) a dez dias da eleição. Lamento muito.”

“Decidir por Lula é consequência de saber que assim se evitará ataques à democracia, à dignidade da pessoa humana e ao meio ambiente, que, com certeza, sucederão com maior intensidade em novo mandato do Bolsonaro”, escreveu Reale mais cedo em uma nota enviada a jornalistas. “Sem perspectiva de vitória da terceira via, é importante que Lula vença no primeiro turno, para se impedir ação desesperada de Bolsonaro”, defendeu Reale.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que não houve contato da campanha com Reale, mas classificou o apoio como “importante”.

“Acho que é importante, nós temos várias pessoas que participaram daquele processo de impeachment e que hoje avaliam que aquilo foi um erro, que realmente teve problema com a democracia. Então eu vejo, numa atitude como essa, o reconhecimento de que nós temos que reconstruir aquilo que foi destruído, em nome do povo brasileiro.”

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