FAB volta a fechar espaço aéreo na Terra Indígena Yanomami

Terra Yanomami vista de cima (Christian Braga/Greenpeace)
Bianca Diniz – Da Revista Cenarium

BOA VISTA (RR) – A partir das 21h desta sexta-feira, 7, a Força Aérea Brasileira (FAB) fechará o espaço aéreo na Terra Indígena Yanomami (TIY) como parte das medidas adotadas para combater o garimpo ilegal na região. A decisão foi tomada em resposta à frequência alarmante de voos diários registrados desde o início da operação para expulsar os garimpeiros, que chega a cerca de 30 a 40 por dia.

A data de fechamento do espaço aéreo na Terra Yanomami (TY) foi antecipada em dez dias, após uma decisão tomada em uma reunião entre os ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio Monteiro, respectivamente. Na ocasião, Dino afirmou que a medida tinha como objetivo acelerar a saída dos garimpeiros ilegais da região. “Estamos avaliando que esta nova medida deve ser antecipada para agilizar a saída dos poucos garimpeiros que ainda permanecem na área”, declarou.

Espaço aéreo volta a ser fechado pela FAB (Bruno Kelly/Greenpeace)

Inicialmente programado para interromper os voos em 13 de fevereiro, o prazo foi prorrogado até 6 de maio, mas, posteriormente, foi adiantado em um mês. Em uma entrevista à imprensa, Flávio Dino afirmou que havia cerca de 15 mil garimpeiros na Terra Indígena Yanomami (TIY) e que prisões em massa poderiam resultar em “centenas de mortes” na região.

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Além do bloqueio do espaço aéreo, uma medida adicional foi tomada pelo Ibama com o apoio da Funai e da Força Nacional: um bloqueio no Rio Uraricoera, com a instalação de um cabo de aço e uma base próxima à Comunidade Palimiú, impedindo o abastecimento fluvial dos garimpos. A Força Aérea Brasileira planeja, ainda, a instalação de um radar, com o objetivo de aumentar a capacidade de defesa aérea, reforçando, assim, o poder de detecção e controle.

Voo de fuga

O relatório “Yanomami sob ataque”, publicado pela Hutukara Associação Yanomami (HAY), mostrou que, em 2022, o valor cobrado para transportar os garimpeiros para a TI Yanomami era de R$ 11 mil. As aeronaves pousavam nas pistas do Rangel, Cascalho, Espadim, Malária, Pau Grosso e Jeremia (principal rota).

De acordo com relatos de garimpeiros, os voos clandestinos, atualmente, custam R$ 15 mil por pessoa. Em vídeo compartilhado pelos próprios garimpeiros, nas redes sociais, dezenas de homens e mulheres protestaram arremessando materiais como botijões de gás na pista de pouso de aeronaves.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), todos os voos que transportam garimpeiros na região são clandestinos, pois, não possuem autorização, sendo realizados em aeronaves com registros irregulares.

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