Fuga de garimpeiros da TI Yanomami acende alerta na fronteira com AM

Garimpeiros em fuga da Terra Indígena Yanomami (Lalo de Almeida/Folhapress)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – A crise humanitária que atingiu os indígenas Yanomami em Roraima acende alerta para as fronteiras com o início da fuga de garimpeiros. Isso porque o Território Yanomami possui 9.664.975 hectares de extensão e fica localizado nos Estados de Roraima e Amazonas. A evasão dos garimpeiros foi motivada pela ação do governo federal de controle aéreo desde o 1º dia de fevereiro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) restringiu voos no território.

Além disso, o Ministério dos Povos Indígenas anunciou operação de retirada dos mais de 20 mil invasores da terra Yanomami. Sem operações humanitárias agendadas para o Amazonas, as fronteiras tornam-se vulneráveis e podem atrair a ocupação de garimpeiros. A REVISTA CENARIUM entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) e questionou a respeito da segurança dos Yanomami que vivem no Estado.

Por meio de nota, a secretaria respondeu que a área é de responsabilidade do governo federal e por isso as ações de segurança são de responsabilidade da Polícia Federal. “Ainda assim, dentro das suas atribuições, a SPP-AM acompanha a situação, por meio da Secretaria Executiva de Inteligência (Seai), e segue à disposição para apoiar as ações da União sempre que necessário“, informaram.

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A reportagem entrou em contato com a Superintendência da Polícia Federal do Amazonas (PF-AM), mas até a publicação desta matéria não obtivemos retorno.

Garimpeiros em fuga da Terra Indígena Yanomami caminham carregando pertences por estrada que liga o porto do Arame, no Rio Uraricoera, à Vila Reislândia, em Alto Alegre (RR) (Lalo de Almeida/Folhapress)

Conflitos

Com pedidos de ajuda, garimpeiros utilizam as redes sociais para solicitar apoio do governo federal para sair do local. Alguns, inclusive, apontam para conflitos entre indígenas e garimpeiros desde o anúncio da desintrusão da T.I.

Uma dessas internautas publicou vídeos e fotos de garimpeiros mortos em conflitos com indígenas. Na legenda, ela escreveu que não sabia se sairia viva do território indígena. “Aqui está virando uma matança horrível. Quem está tentando fugir por varação, os índios estão matando”, revela.

A mulher ainda afirma que os garimpeiros não são inimigos dos indígenas e denuncia que os indígenas estariam aceitando propina para que os exploradores utilizem a terra. “Há anos o garimpo paga propina pela terra que eles dizem ser donos”, diz.

“Os Yanomami, para quem não sabe da realidade, eles são pessoas sem nenhum sentimento. Eles entre si se matam e estupram em suas aldeias. Nunca acontece nada com eles, até porque eles são assegurados por forças maiores”, escreveu a internauta.

Garimpeira publica mensagem contra os Yanomami (Reprodução/Facebook)

Alerta

O deputado federal Saullo Vianna (União Brasil) usou as redes sociais para alertar as autoridades sobre a migração dos exploradores. “Faz-se necessária uma ação que acompanhe para onde esses garimpeiros estão indo para evitar que esses garimpeiros migrem para o Amazonas e o problema apenas mude de estado”, escreveu Vianna.

Preço

Conforme a reportagem da Folha, o preço para sair da TI por aviões clandestinos pode chegar ao total de R$ 15 mil, cobrados em ouro por pilotos de aviões clandestinos e carros 4×4, comumente utilizados para viagens em estradas.

Ibama começa a destruir aeronaves e postos de garimpeiros ilegais em Roraima (Divulgação/Ibama)

Segundo a reportagem, uma viagem individual não sai por menos de 15 gramas de ouro – R$ 280 por grama na cotação dos garimpeiros ilegais, R$ 4.200 no total para viagens em aeronaves, que utilizam pistas de pouso clandestinas.

Já para o trajeto pela estrada, no porto do Arame, donos de veículos adaptados aguardam clientes para a travessia dos 30 km até a Vila Reislândia, localizada há 85 km de Boa Vista. O lugar no carro é negociado por um valor entre R$ 250 e R$ 500.

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