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Indígenas criticam escolha de Sonia Guajajara para ministério no Governo Lula: ‘Tiro no pé’
Sonia Guajajara em foto de 15 de outubro de 2022 (Reuters/Adriano Machado)
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29 de dezembro de 2022
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – Após a confirmação do nome de Sonia Guajajara (Psol) para chefiar o futuro Ministério dos Povos Originários, indígenas apontam que a nomeação vai causar mais enfraquecimento da luta por seus direitos no Congresso Nacional. Guajajara foi eleita, neste ano, a primeira deputada federal indígena por São Paulo (SP).
Cinco indígenas foram eleitos para a Câmara dos Deputados no último pleito. Apesar de um baixo número, ainda é o maior da história que, até o momento, só teve dois candidatos indígenas eleitos: Mário Juruna, em 1982, e Joênia Wapichana (Rede-RR), em 2018. Os eleitos para o mandato 2023-2026 foram Célia Xakriabá (Psol-MG), Juliana Cardoso (PT-SP), Paulo Guedes (PT-MG), Silvia Waiãpi (PL-AP) e Sônia Guajajara (Psol-SP).
O coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Edinho Batista Macuxi, afirmou à REVISTA CENARIUM que a presença de Guajajara no Congresso Nacional permite maior fortalecimento e representatividade.
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“A gente vê maior fortalecimento tendo a Célia e a Sonia na Câmara Federal para esse cenário dos quatro anos, que vai potencializar e ajudar a gente bastante”, disse. “Tirar ela do parlamento não dá muito avanço para gente enquanto liderança que acompanha o movimento, e a gente acredita que os espaços estratégicos estão na Câmara Federal”.
No Twitter, o membro da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) Beto Marubo afirmou que é preciso ter as deputadas federais indígenas atuando na Câmara dos Deputados. Caso contrário, não haverá quem se posicione contra ataques ao meio ambiente e aos direitos indígenas.
“Teremos, no Congresso Nacional, um grande número de deputados federais contra o meio ambiente e contra os direitos indígenas. Temos de ter nossas guerreiras nesse front“, disse.
O escritor e professor brasileiro Daniel Munduruku disse que considera um “tiro no pé” a nomeação de Guajajara e que preferia que a escolhida fosse a deputada federal Joenia Wapichana, mas desejou sucesso. “Acho que o Brasil indígena ganharia mais com o seu jeito aguerrido de ser na Câmara Federal. De qualquer forma, torço por seu sucesso“, escreveu.
Ativista indígena do povo Wapichana Ariene Susui foi mais enfática na crítica à escolha de Sonia Guajajara. Ela lembrou que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode escolher entre três indígenas para o Ministério dos Povos Originários.
“Foi enviado três nomes para o presidente Lula escolher para o Ministério dos Povos Originários, um dos nomes mais indicado pelas lideranças de base foi o de Joenia Wapichana, e o presidente Lula escolhe quem? A liderança que foi eleita e que tinha mandato”, falou ela.
Já o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) parabenizou a colega de partido e falou que a escolha é um “ato de reparação”. “Minha companheira de lutas e de partido @GuajajaraSonia será anunciada amanhã como ministra dos Povos Originários. Mais do que simbolismo, é um ato de reparação e valorização da luta indígena no Brasil. Vamos pra cima, Soninha!“, comemorou ele.
Agradecimento
Na manhã desta quinta-feira, 29, no Twitter, Sonia Guajajara afirmou que a nomeação como ministra é uma conquista dos povos indígenas.
“Sinto muito honrada e feliz com a nomeação de ministra. Mais do que uma conquista pessoal, esta é uma conquista coletiva dos povos indígenas, um momento histórico de princípio de reparação no Brasil. A criação do Ministério é a confirmação do compromisso que Lula assume com nós”, disse.
Indicações
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) fez uma lista tríplice para o presidente eleito Lula escolher quem iria comandar o Ministério dos Povos Originários, uma promessa de campanha do novo chefe do Executivo que assumirá o mandato em 1º de janeiro de 2023. Os indicados foram: Joênia Wapichana, Sonia Guajajara e o vereador pelo município de Caucaia, no Ceará, Weibe Tapeba (PT).
Dos três, Sônia e Weibe teriam de abandonar, respectivamente, o cargo recém-conquistado e o mandato para chefiar a pasta. Já Wapichana, que foi eleita a primeira mulher indígena deputada federal no Brasil, não conseguiu se reeleger no pleito deste ano.
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