Integrantes da Univaja encontram telefone celular e documentos de Dom Phillips e Bruno Pereira

A direção da Univaja vai encaminhar os objetos à Polícia Federal (Reprodução/Divulgação)
Com informações da Abraji

SÃO PAULO – Às vésperas das execuções de Dom Phillips e Bruno Pereira completarem quatro meses, uma equipe da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) encontrou, na quarta-feira, 28, o aparelho de comunicação via satélite usado pelo jornalista inglês executado no dia 5, ao lado do indigenista Bruno Pereira.

Além do telefone, os indígenas descobriram, em meio à floresta, as carteiras com os documentos das vítimas. Os objetos estavam numa área próxima ao local onde a dupla foi assassinada às margens do Rio Itacoaí. 

A direção da Univaja vai encaminhar os objetos à Polícia Federal. A perícia no telefone usado por Dom pode contribuir com a investigação, revelando detalhes sobre as horas que antecederam os assassinatos do jornalista e do indigenista. A quebra do sigilo de dados do aparelho pode mostrar, por exemplo, se Dom fez imagens ou gravou conversas dos suspeitos de participação no crime.

PUBLICIDADE

Conforme revelou o Programa Tim Lopes, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o apoio da Univaja foi fundamental para a PF encontrar a cova onde os assassinos enterraram Dom e Bruno. Após terem sido caçados e mortos a tiros de espingarda calibre 16, as vítimas tiveram os corpos esquartejados e queimados.

Como a Abraji noticiou em 5 de setembro de 2022, a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) desmembraram a investigação em dois inquéritos. Em um deles, são apurados os detalhes em torno dos assassinatos e da participação de cada suspeito. Três pessoas já foram denunciadas pelas mortes: Amarildo de Oliveira, o “Pelado”; seu irmão, Oseney Costa de Oliveira; e Jefferson Lima da Silva, o “Pelado da Dinha”.

No segundo inquérito, os policiais federais apuram – em paralelo às execuções de Bruno e Dom – o envolvimento de moradores das comunidades ribeirinhas de São Gabriel e São Rafael, às margens do Rio Itacoaí, nas invasões para pesca e caça predatórias na TI do Vale do Javari. O indigenista vinha denunciando “Pelado” como líder do bando há pelo menos dois anos. Foi essa parte da investigação que levou a Polícia Federal a realizar uma operação em 5 de agosto 2022.

Na ocasião, os agentes foram a São Gabriel e São Rafael, onde prenderam por associação criminosa: Jânio Freitas de Souza, Laurimar Lopes, o “Caboclo”, Otávio Costa de Oliveira, Amarílio Oliveira e Elicley Costa de Oliveira, o “Sirinha”. Os três últimos são irmãos de “Pelado”, o assassino confesso de Dom e Bruno. Na casa de “Sirinha”, os agentes da PF tinham apreendido, anteriormente, duas canoas, serrotes, facões e uma motosserra, supostamente, usadas para esquartejar o jornalista e o indigenista.

Além dos cinco presos em 5 de agosto de 2022, a Polícia Federal incluiu, no inquérito que apura o crime de associação criminosa para pesca ilegal, os nomes de Amarildo, o “Pelado”, e do narcotraficante Rubens Villar Coelho, apontado como financiador das expedições ilegais para pesca e caça predatória na Terra Indígena. De acordo com a apuração, “Pelado” atuava como uma espécie de braço direito do traficante, em Atalaia do Norte. 

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.