Mãe e padrasto de menino autista são presos em Manaus; criança de 9 anos morreu após sofrer tortura

Fachada da Depca (Divulgação/PC-AM)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) prendeu, na manhã desta sexta-feira, 1º, em Manaus, a mãe e o padrasto do menino Luiz Carlos Tinoco de Oliveira, 9 anos. Luiz tinha Transtorno do Espectro Autista (TEA) e morreu com sinais de espancamento na noite de terça-feira, 29. Débora de Lima e Henrique Coelho de Souza são os principais suspeitos do crime.

Em coletiva, na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), a delegada Joyce Coelho explicou que, em depoimento, os suspeitos ainda sustentam a versão de que a criança teria caído. Na terça-feira, 29, o menino foi levado para o Hospital e Pronto-Socorro da Criança –  Joãozinho, onde foi constatada a morte.

“Até o momento, a versão dela [da mãe] é dessa queda, que, segundo ela, acabou ouvindo dele [do padrasto]. Apesar de que ele estava no momento cuidando da criança, todos os relatos que nós ouvimos foi que ela seria uma mãe que agredia fisicamente o filho. Contra ele, nós não ouvimos esta versão, mas naquele momento quem estava cuidando da criança era ele. Então, talvez nas próximas oitivas, haja uma confissão”, explicou a delegada.

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Luiz Carlos Tinoco de Oliveira, 9 anos (Reprodução)

Hemorragia interna

O casal sustenta a versão de que a criança teria caído, batido a cabeça no chão do banheiro de casa e passado mal o decorrer do dia, só sendo levada ao hospital à noite. Porém, o laudo pericial constatou que a causa da morte foi por hemorragia dos órgãos internos ocasionada por lesões contundentes. A delegada disse ainda que não há indícios de uso de drogas por parte dos responsáveis pela criança, ou passagem pela polícia.

“Parece mesmo maus-tratos constantes. Ele tinha machucados nos joelhos, nos cotovelos, baço rompido, fígado rompido, marcas rochas no pescoço, enfim, muitos sinais de violência”, disse Coelho.

“Até para quem é leigo, se visse as imagens da criança, dava para ver lesões antigas e isso dá conta que essa criança era negligenciada, não tinha acompanhamento médico, não tinha medicação. Então, tudo isso contribuiu para ele vir definhando, não pelo autismo, mas pelos maus-tratos”, completou.

Tortura

Ainda segundo a delegada, o casal será investigado, inicialmente, pelo crime de tortura. “Neste momento de investigação preliminar, nós tipificamos por tortura, até porque é o que está no laudo técnico, um ato de violência que causa um sofrimento intenso em uma criança especial que nem sequer sabia verbalizar”, concluiu ela.

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