‘Maior desafio da transição é aceitação a si mesmo’, diz paciente sobre primeiro Ambulatório de Diversidade do AM

À esquerda Suzy Leal e à direita Milan Marshall, os dois estão sendo acompanhados pelo ambulatório há dois anos. (Gabriel Abreu/ Revista Cenarium)

Gabriel Abreu – Da Cenarium

MANAUS – “Maior desafio da transição é a aceitação a si mesmo, não o julgamento das pessoas”, afirmou o acadêmico de engenharia de produção Milan Marshall, que participou nesta quinta-feira, 14, do evento em comemoração aos quatro anos da criação do Ambulatório de Diversidade Sexual e Gênero do Amazonas, situado na Policlínica Codajás, na zona Sul de Manaus, o primeiro do Norte.

O Ambulatório de Diversidade Sexual e Gênero é um serviço da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), realizado em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ao longo desses quatro anos, o projeto já atendeu mais de 700 pacientes.

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Mais de 60 pessoas participaram da programação em comemoração aos quatro anos do ambulatório. (Gabriel Abreu/ Revista Cenarium)

Criado em setembro de 2017 com 24 pacientes, o projeto “Processo Transsexualizador” hoje atende 350 pacientes, que recebem atendimento e acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, formada por enfermeiras, assistentes sociais, psicólogos, ginecologistas, fonoaudiólogos, endócrinos, entre outros especialistas.

“A nossa meta é fazer com que esse laboratório seja habilitado pelo Ministério da Saúde e, assim, a gente possa receber recurso para melhoria desse atendimento. Aqui é feito atendimento multidisciplinar e como somos uma policlínica que tem 25 especialidades médicas, toda pessoa trans, que chega aqui, é levada para esses atendimentos”, informou a secretária-executiva-adjunta de assistência especializada Marcia Murad.

Em 2018, o atendimento se expandiu para 59 pessoas. Já em 2019, foram 79 pacientes e em 2020, em meio à pandemia, os atendimentos saltaram para 116, sendo que, atualmente, são 350 pacientes fixos na unidade em acompanhamento.

Conquista

A secretária Márcia Murad destacou ainda que o ambulatório é uma conquista para a população LGBTQIA+. “Porque é uma garantia de que a pessoa vai se apresentar da forma que ela quiser, do gênero que ela se identifica e de forma acolhedora, eficiente, humanizada e, sobretudo, atender os nossos usuários com amor, dando o retorno que ele necessita, principalmente durante o processo transsexualizador”, explicou Murad.

Acolhimento

Entre os atendimentos prestados, na equipe de enfermagem, o paciente recebe toda orientação para tramitação do nome social, descrito no cartão do Sistema Único de Saúde (SUS). Na psicologia, o paciente tem consultas individuais e personalizadas. Já no setor de ginecologia, endocrinologia e fonoaudiólogo, a pessoa recebe consulta para realizar o manejo hormonal e acompanhamento da mudança de voz.

Entre os pacientes que estão sendo acompanhandos pelo ambulatório este ano está a cabeleireira Suzy Leal, que está no processo transsexualizador desde 2019.

Suzy Leal cabeleireira (Gabriel Abreu/ Revista Cenarium)

“Foi muito importante. Aqui eu fui muito bem acolhida, isso mudou a minha vida para 100%. Hoje, eu reconheço que sou uma mulher trans e isso me ajudou a lutar contra o preconceito. E o ambulatório mudou a minha vida para desconstruir coisas da minha infância. Hoje eu venço barreiras”, disse Suzy.

Programação

Entre a programação está uma palestra da ginecologista Dária Neves, que deve abordar o tema: “Passado 25” com os principais marcos da história do Ambulatório por meio de registros fotográficos.

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