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Manaus vive dependência de editais para HQs, diz quadrinista
Evaldo Vasconcelos durante apresentação de quadrinhos (Foto: Compasição/Paulo Dutra/Cenarium)
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06 de maio de 2024
Filipe Távora – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – Pelo menos três novas histórias em quadrinhos foram publicadas em Manaus nos primeiros quatro meses de 2024. A REVISTA CENARIUM conversou com o roteirista e professor de roteiro Evaldo Vasconcelos, na tarde de quarta-feira, 1º, sobre a perspectiva para a cena amazonense de quadrinhos durante 2024.
O estúdio C-4 publicou a última parte de “Filha do Gigante de Gelo”, que conta com traços de Jucylande Júnior. A obra é uma adaptação em quadrinhos de um conto de Roberto E. Howard, criador do personagem Conan.
Geovan Motter lançou o volume 3 da HQ de humor “Totó”, que retrata as aventuras de um cachorro preguiçoso. O artista Neo Chan publicou “Turma do Malandrinho”, uma obra que possui influência de mangás, os quadrinhos japoneses.
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Para Vasconcelos, a cena de quadrinhos de Manaus vive um período de dependência de editais como meio de publicação. “Fazer quadrinhos é uma coisa trabalhosa, cara. Como Manaus não tem um polo livreiro ou editoras que publicam HQs na cidade, a única forma de o artista financiar sua produção é através de edital”, disse.
O roteirista considera que o produto da falta de estrutura da cena de Manaus é a migração de artistas amazonenses para São Paulo. “Das sete pessoas que me ajudaram na Semana do Quadrinho em Manaus, todas se mudaram para São Paulo. Eu sou o único produtor original que ainda mora aqui”, contou.
Futuro da cena local
Evaldo Vasconcelos, que possui experiência com ensino de técnicas de roteiro na capital amazonense, acredita que os novos roteiristas amazonenses enfrentarão os mesmos problemas de falta de estrutura que a geração anterior. “Eu estou trabalhando para formar novos artistas e espero que, quando eles estiverem no nível profissional, não tenham que se mudar de Manaus para conseguir trabalhar, como aconteceu com os colegas veteranos”, disse.
O roteirista acredita que não haja lançamentos previstos para esse ano além da continuação de “Maramunhã”. Segundo ele, os artistas locais continuam produzindo, mas ainda não há trabalhos confirmados.
“Maramunhã”, roteirizada por Vasconcelos, é uma adaptação de Batracomiomaquia, do poeta Homero. Ela reconta a Guerra de Troia, mas substitui os soldados por animais e traz o conto grego à Amazônia. Vasconcelos pretende anunciar a segunda revista em maio deste ano, no Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ). O artista também pretende lançar a HQ na Comic-Con Experience (CCXP), uma convenção de cultura popular.
Vasconcelos pretende lançar uma coletânea de quadrinhos feitos por crianças indígenas. A projeção é que a obra seja lançada neste ano ou em 2025. “Minha previsão é que mais pessoas vão entrar no mercado. É um pessoal bem diverso, mulheres, membros da comunidade LGBTQIAP+, indígenas. São novas visões e linguagens que vão entrar no mercado. O trabalho, agora, é garantir que eles produzam e tenham visibilidade, que se leve a cultura do estado o mais longe possível”.
A cena amazonense — os últimos anos
Em 2024, a 6ª Semana do Quadrinho Nacional de Manaus retornou às ruas da capital amazonense. A edição incluiu participação de artistas locais e nacionais, oficinas, exposições e palestras.
Em 2023, quadrinhos assinados por artistas amazonenses como Alex Souza, Ademar Vieira, Emerson Medina, Tiêe Santos e Romahs Mascarenhas tiveram exposição programada na L.A. Comic Con, uma convenção de quadrinhos ocorrida em Los Angeles, nos Estados Unidos.
A divulgação dos trabalhos foi encabeçada pela editora Tucupi Books, do editor-chefe e roteirista Alex Souza, natural de Manaus e radicado na Califórnia. As histórias que foram catapultadas ao palco internacional foram inspiradas no folclore amazônico e na cultural da região.
Ainda em 2023, a Biblioteca Pública do Amazonas viu nascer um espaço voltado às HQs, a Quadrinhoteca. Inaugurada no Dia do Quadrinho Nacional, o local reuniu aproximadamente 2.500 itens. A Quadrinhoteca se consolidou como um recurso para os interessados na apreciação e pesquisa de quadrinhos.
Em janeiro de 2018, um grupo de 18 quadrinhistas compareceu a um encontro com o secretário de cultura do Amazonas à época, Denilson Novo. O objetivo da reunião foi a promoção do segmento artístico na região.
O encontro resultou em um financiamento para que os artistas participassem da edição de 2018 do Festival Internacional de Quadrinhos, que ocorreu em Belo Horizonte. O grupo publicou sua primeira coletânea de histórias, a revista Ajurí Comics. O material apresentou 11 histórias que misturaram temáticas de distopia, terror, ficção científica e humor. O quadrinho amarrou todos esses temas com contos sobre lendas amazônicas.
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