‘Momento histórico’, diz reitor da Ufam sobre colação de grau em comunidade indígena

‘Momento histórico’, diz reitor da Ufam durante colação de grau em comunidade indígena (Reprodução/Inacia Caldas)
Eliziane Paiva – Da Revista Cenarium

MANAUS – Os novos professores indígenas dos povos originários de São Gabriel da Cachoeira receberam, nesta semana, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), seus diplomas de Licenciatura Indígena Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável durante a cerimônia de colação de grau. A formatura aconteceu em dois dias e teve a presença de comunidade local no Alto Rio Negro.

Foram 28 novos educadores indígenas das turmas Tukano e Baniwa, das comunidades do Distrito de Taracuá, no baixo Rio Uaupés, e da Comunidade Tunuí da Cachoeira, no médio Rio Içana. Esta é a primeira vez que a reitoria da universidade realiza a cerimônia em terras indígenas.

Novos educadores indígenas das turmas Tukano e Baniwa recebem o diploma do reitor da Ufam, Sylvio Puga (Reprodução/Inacia Caldas)

Dedicado à causa indígena, o reitor da Ufam, Sylvio Mario Puga Ferreira, realizou a entrega dos títulos e disse em entrevista à REVISTA CENARIUM que a formatura é um marco na história da faculdade.

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“A Ufam cumpre sua função social formando em Licenciatura Indígena os povos originários nas suas próprias comunidades. Trata-se de momento histórico para a instituição, pois pela primeira vez realizamos a colação de grau fora da sede de São Gabriel da Cachoeira, em uma comunidade indígena”, disse o reitor.

Leia também: Universidade Federal do Amazonas realiza formatura de professores em Licenciatura Indígena

Sylvio Puga e a diretora do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS), Iraildes Caldas, também estiveram na comunidade indígena Cartucho, de Santa Isabel do Rio Negro, para realização de outras três formaturas. A comunidade conta com internet por cabeamento e tem um pouco mais de 30 famílias e seis etnias, em sua maioria, Tukano, que agora está com boa parte dos alunos formados e aptos a lecionarem para seu povo e comunidades próximas.

Alunos de comunidade indígena recebem o título de Licenciatura Indígena. (Reprodução/Inacia Caldas)

Atualmente, a comunidade do Cartucho é liderada por duas mulheres, Ivania Guerreiro Baltazar e Aida Oliveira dos Santos, ambas da etnia Baré. É a primeira vez que o fato é registrado e reconhecido pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn). A comitiva da reitoria da Ufam ressalta que em agosto estarão na comunidade dos Yanomami, ainda cumprindo a agenda de formaturas para os estudantes indígenas.

Aprendizado

Para o primeiro outorgado da turma Yêgatu da Licenciatura Indígena, Adelson de Paula Sabino, o que mais o alegrou foi poder estudar sobre remédios tradicionais. “Nosso maior aprendizado ao longo dessa jornada foi fazermos uma imersão na nossa ancestralidade, conhecer nossos antepassados. Nossa educação se restringia a recebermos problemática e nos debruçarmos sobre ela na nossa área de campo”, disse o novo educador indígena.

Adelson de Paula Sabino, primeiro outorgado da turma Yêgatu da Licenciatura Indígena. (Reprodução/Inacia Caldas)

E ainda destaca que estudar o magistério permitiu descobrir um pouco mais sobre a sua própria natureza e de seus povos. “Nesta licenciatura, aprendemos muito mais, tão importante quanto, que foi sobre nós e sobre a nossa essência”, finaliza ao revelar que fez atividade de campo e teve experiências que vão ficar para sempre na memória.

(Reprodução/Iraildes Caldas)
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