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Morte de indígena por avião em terra Yanomami pode ter envolvimento com organizações criminosas
Terra Indígena (TI) Yanomami sofre com 25 mil garimpeiros ilegais (Rogério Assis/ISA)
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01 de agosto de 2021
Marcela Leiros – Da Cenarium
MANAUS – A morte de um indígena causada por atropelamento de um avião em terra Yanomami pode ter envolvimento com organizações criminosas. É o que denuncia neste domingo, 1º, o presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Junior Hekurari Yanomami, que atua dentro da terra indígena, à CENARIUM.
O povo Yanomami, em Roraima, alvo constante dos ataques de garimpeiros situados dentro da terra indígena, suspeita do envolvimento de milícias nas investidas contra os indígenas da região. “A Polícia Federal tá (sic) investigando que tem envolvimento da milícia na terra indígena Yanomami. Os garimpeiros trabalham com tantos armamentos que são de uso das Forças Armadas, como submetralhadoras, fuzis, que tem investigação de que os garimpeiros façam parte de uma milícia”, destacou ele.
A reportagem tentou contato com a Polícia Federal em Roraima, mas não obteve retorno. O clima de violência na terra indígena sofre uma escalada desde maio deste ano, quando iniciaram os ataques constantes ao povo Yanomami. Na sexta-feira, 30, o Condisi-YY denunciou que um indígena, de 25 anos, identificado como Edgar Yanomami, morreu após ser atropelado por um avião comandado por garimpeiros em uma pista na comunidade Homoxi, terra indígena Yanomami, no município de Iracema, interior de Roraima.
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A terra indígena Yanomami é a maior reserva do Brasil, com quase 10 milhões de hectares entre os Estados de Roraima e Amazonas, e parte da Venezuela. Cerca de 27 mil indígenas vivem na região em mais de 360 comunidades. A área é alvo do garimpo ilegal de ouro desde a década de 1980, o que causa conflitos armados, a degradação da floresta e ameaça a saúde dos indígenas.
Clima tenso
De acordo com Hekurari Yanomami, o clima na comunidade é de tensão diante dos ataques e omissão dos governos estaduais e federais. Apesar de ações já terem sido empreendidas para combater o garimpo ilegal dentro da reserva, estas ainda não surtiram efeitos permanentes.
“O clima continua tenso na comunidade, já vem numa escalada de violência. Já denunciamos várias vezes à Polícia Federal a presença do garimpo. O governo mandou a Força Nacional, mas não tem recursos, não tem helicóptero suficiente. A terra indígena é muito grande, os pontos dos garimpeiros são espalhados, não funciona com 20 ou 30 policiais”, confirmou o presidente do Condisi-YY.
E pontuou ainda: “Um helicóptero e um avião não vão funcionar. Tem que ter operação permanente, junto com Polícia Federal, junto com Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], não para uma semana ou cinco dias. Os garimpeiros então tomando conta da terra Yanomami”.
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