Obra de derrocamento do Pedral do Lourenço preocupa ativistas no Pará

Empreendimento tem como objetivo a retirada de rochas ao longo de 35 quilômetros do Rio Tocantins (Divulgação/Governo Federal)
Madson Sousa – Da Revista Cenarium Amazônia

BELÉM (PA) – Depois de muitos anos, a obra da derrocagem do Pedral do Lourenço, que deve permitir a navegação na extensão dos Rios Araguaia e Tocantins, deve sair do papel no Pará. As obras têm investimentos previstos no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Mas o projeto preocupa setores ligados à defesa do meio ambiente devido ao impacto que deve gerar na comunidade.

Previsto para iniciar em março de 2024, o empreendimento tem como objetivo a retirada de rochas ao longo de 35 quilômetros do Rio Tocantins para a criação de uma hidrovia e preocupa ativistas ambientais. Diante disso, o Ministério Público Federal (MPF) vai promover, em novembro, um seminário técnico sobre os impactos das obras de derrocagem do Pedral do Lourenço, no Pará. O primeiro evento será no dia 9, no auditório do órgão, a partir das 13h30. O evento será apresentado por especialistas e pesquisadores.

A jornalista indígena e ativista ambiental, Nice Tupinambá, acredita que o empreendimento vai impactar o tradicional ato de abertura da pesca, que marca o encerramento do período de quatro meses de defeso do Mapará em Cametá. “É um crime ambiental que vai desempregar milhares de famílias, deixando centenas de pessoas na miséria e impactando a abertura da pesca do Mapará em Cametá, uma das maiores festas da cultura da cidade e de toda esta região do Baixo Tocantins. A verdade é que não temos informações concretas sobre esse projeto.”

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Jornalista indígena e ativista ambiental, Nice Tupinambá (Reprodução/Acervo pessoal)

Há mais de 20 comunidades ribeirinhas espalhadas ao longo do curso do Rio Tocantins que dependem economicamente do Pedral do Lourenço. A principal atividade é a pesca, e a maior parte dos moradores é formada por pescadores, que temem que a obra mude a realidade da população.

O objetivo do empreendimento é aumentar o fluxo de produtos na região, diminuindo os custos de transporte e aumentando a competitividade dos produtos brasileiros que utilizam esse modal. A expectativa é que, com a obra, a região de Marabá se torne uma das poucas no Brasil a ter quatro modais logísticos: rodovias, ferrovia, aeroporto e hidroviária.

“Os povos da floresta constroem uma relação com os rios e as matas, e isso precisa ser levado em consideração. Para muitas pessoas, existem lugares religiosos, cosmológicos, construindo essa relação espiritual com o lugar. Essa população precisa ser ouvida”, acredita a antropóloga e ativista indígena, Luana Kumaruara.

O MPF anunciou a realização de duas audiências públicas, nos dias 21 e 24 de novembro, nos municípios paraenses de Marabá e Tucuruí, respectivamente, para ouvir todas as comunidades tradicionais que serão impactadas pela hidrovia, independentemente de terem sido ou não incluídas na área de influência direta, ou indireta pelo processo de licenciamento ambiental do empreendimento.

Edição: Eduardo Figueiredo

Revisão: Gustavo Gilona

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