Ódio velado: brasileira, mulher do vice-governador da Pensilvânia é vítima de racismo nos EUA

A brasileira Gisele Fetterman, na foto com um dos filhos e o mascote da família, disse que esta foi a primeira vez que sofreu racismo pessoalmente e em público (Divulgação/Instagram)

Luciana Bezerra — Da Revista Cenarium*

MANAUS — A carioca Gisele Barreto Fetterman, de 38 anos, foi morar nos Estados Unidos ainda criança com a mãe. Nesse domingo, 11, a brasileira que, atualmente, é a segunda-dama da Pensilvânia por ser casada com o vice-governador do Estado americano, o democrata John Fetterman, compartilhou em suas redes sociais a agressão racista que sofreu ao sair de um supermercado na região, onde mora com a família.

De acordo com o vídeo divulgado por Gisele nas redes sociais, uma mulher abaixa a máscara e xinga a brasileira de “nigger”, [“negro”, em português]. O termo é considerado um insulto extremamente racista nos Estados Unidos. Segundo disse na postagem a segunda-dama da Pensilvênia, os insultos começaram quando ela ainda estava fazendo compras no mercado.

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“Ali está aquela negra casada com Fetterman. Você não pertence aqui. Ninguém te quer aqui”, conta Gisele que também foi chamada de ladra pela agressora.

Em seguida, a mulher acompanhou e foi xingando a brasileira até o estacionamento. Mas infelizmente, Gisele não conseguiu filmar todo o insulto. “Só consegui pegar o finalzinho. Não me dou bem com confrontos, sou super ‘baby’, não sou forte, fico supernervosa e choro”, diz.

Em entrevista ao jornal americano The Washington Post, a brasileira afirmou que queria apenas sair sozinha como uma pessoa normal, já que está sempre cercada por seguranças e o supermercado fica próximo a sua residência. “Queria sair sozinha para me sentir um pouco normal, ir ao mercado”, conta à reportagem.

Ainda durante a entrevista, a carioca destaca que este foi o primeiro episódio de racismo sofrido frente a frente e em público. Segundo Gisele, os ataques xenofóbicos e raciais são constantes nas redes sociais. “Recebo muitas mensagens de ‘volte para o seu País’ ou que minhas sobrancelhas são muito étnica. Com esse tipo de coisa estou acostumada”.

Agressora identificada

Na ocasião por está muito nervosa, Gisele disse à reportagem que conseguiu anotar a placa do carro da agressora e passou para os seus seguranças. “Mandei para os seguranças, e eles já identificaram quem é”. De acordo com Gisele, há uma investigação em andamento agora.

No Twitter, a brasileira postou que ama muito os Estados Unidos, mas que o País está muito dividido neste momento.

Trajetória

Gisele mudou para os Estados Unidos com o irmão e a mães, aos 8 anos fugindo da violência do Rio de Janeiro. No Brasil, a carioca morava em Jacarepaguá, bairro localizado na zona oeste da ‘cidade maravilhosa’.

Gisele Fetterman e os três filhos do casal (Divulgação/Instagram)

Em 2016, a brasileira escreveu uma reportagem contando a saga da mãe, que deixou o Brasil em busca de uma vida melhor para elas e o irmão. De acordo com Gisele, de nutricionista no Brasil, a mãe virou faxineira nos EUA por décadas.

No entanto, a primeira-dama da Pensilvânia viveu nos EUA por dez anos sem documentos legais, considerada na época, como clandestina. Gisele tornou-se cidadã americana apenas em 2004, quando conseguiu o Green Card.

Anos depois, Gisele se casou com John Fetterman, político proeminente do Partido Democrata na Pensilvânia e atual vice-governador do Estado. Atualmente ela é envolvida em causas sociais na Pensilvânia e tem três filhos.

(*) Com informação das redes sociais

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