Pandemia e conflito armado: pela segunda vez, em 228 anos, o Círio de Nazaré deixa de acontecer

De acordo com registros históricos, a tradicional romaria não foi às ruas por apenas dois motivos fortes: conflito armado e pandemia. (Bruno Cecim/Agência Pará)

Carolina Givoni – Da Revista Cenarium

MANAUS – Não é a primeira vez que o Círio de Nazaré, conhecido popularmente como o “natal dos paraenses”, deixa de acontecer no segundo domingo de outubro. De acordo com registros históricos, a tradicional romaria não foi às ruas por apenas dois motivos fortes: o conflito armado durante a revolta popular da Cabanagem e a pandemia.

Devotos de Nossa Senhora de Nazaré amarram as fitinhas e fazem pedidos. (Bruno Cecim/Agência Pará)

Em 2020, a pandemia de Covid-19 afastou fisicamente os fiéis da padroeira, que puderem acompanhar o Círio Virtual, promovido pela Arquidiocese de Belém, que adotou o slogan “Fé Sem Distâncias” para estimular os promesseiros a não se aglomerar nas ruas.

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No entanto, apesar do pedido, diversos devotos caminharam neste domingo, 11, na Avenida Presidente Vargas, uma das vias da capital belenense.

A devoção e a solidariedade são marcas registradas do Círio. (Marcelo Seabra/Agência Pará)

Revolta da Cabanagem

Segundo o Reitor do Santuário de Nazaré, Padre Luiz Carlos, em entrevista à CNN Brasil, em 1835, o caos instalado pela revolta popular da Cabanagem tomou conta das ruas de Belém do Pará e teria impedido as diversas manifestações religiosas.

Fiéis aguardam descida da imagem de Nazaré com a Basílica Santuário fechada. (Bruno Cecim/Agência Pará)

A Cabanagem foi uma grande rebelião que eclodiu na província do Grão-Pará no ano de 1835. O movimento era liderado por Eduardo Angelim, os irmãos lavradores Francisco Pedro e Antônio Vinagre, o fazendeiro Clemente Malcher, além do jornalista Vicente Ferreira Lavor e o padre Batista Campos.

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Fiéis carregam a corda do Círio, para cumprir promessas alcançadas (Marcelo Seabra/Agência Pará)

A nomenclatura se dá por conta da participação dos ribeirinhos que viviam em cabanas à beira dos rios. O movimento era composto, em sua maioria, por negros, mestiços e índios que se dedicavam às atividades de extração de produtos da floresta. Revoltados com as condições sub-humanas, a cabanagem se originou nas pequenas revoltas e conflitos sociais nas áreas rurais e urbanas da província.

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