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Pará é o mais violento para o exercício do jornalismo entre os Estados da Amazônia Legal
O relatório do Sinjor poderá ser usado como balizador de políticas públicas para proteção dos profissionais de imprensa no Pará (Thiago Alencar/REVISTA CENARIUM)
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28 de fevereiro de 2023
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – O Estado do Pará figura como o mais violento para o exercício do jornalismo entre os Estados da Amazônia Legal. Os dados estão no 1° Relatório de Violência contra Jornalistas e a Liberdade de Imprensa. O estudo foi elaborado pelo Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará (Sinjor-PA) e será lançado em parceria com a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Expressão da OAB. O evento está marcado para quinta-feira, 2, a partir das 18h, no Auditório B-100 da Universidade da Amazônia (Unama), localizado na Alcindo Cacela, N° 287, no Umarizal, em Belém.
Em âmbito nacional, o Pará ocupa o terceiro lugar como Estado hostil aos jornalistas, de acordo com o Relatório 2022 da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Vitor Gemaque, presidente do Sinjor-PA, em entrevista à CENARIUM, falou da importância do relatório. “Esse relatório é importante porque, a partir dele, podemos apresentar aos órgãos de segurança, prefeitura e Governo do Estado dados que produzam políticas públicas necessárias de enfrentamento à violência contra os jornalistas“, pontuou.
Gemaque traçou um panorama. “Essas políticas não podem ser isoladas. Esse enfrentamento precisa ser abraçado por todas as esferas de poder, tanto do legislativo, quanto do executivo e judiciário. Porque, somente assim, poderemos ter resultados mais efetivos. Porque nem sempre os órgãos de segurança, por exemplo, conseguem chegar aos agressores e, assim, levá-los às raias da Justiça. Se, nós, enquanto sociedade, não entendermos que o fascismo é violento, se nós não tomarmos uma atitude, só vai piorar“, previu.
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Concentração
De acordo com Vitor Gemaque, o relatório irá apresentar dados e apontar áreas onde as violências são cometidas. “O documento irá apresentar 21 situações de violência contra os profissionais da categoria, em 2022. Número que dobrou em relação a 2021, onde tivemos oito casos de agressão”, enumerou. “Essas agressões se concentram, em sua maioria, na região metropolitana de Belém”, destacou. Além de detalhar números e locais, Vitor chamou atenção para outro detalhe: “Muitas dessas violências aconteceram durante os atos antidemocráticos que se iniciaram após o resultado das eleições de 2022“, observou.
Veja vídeo no qual os jornalistas prestam queixa de agressão em Belém do Pará:
Katia Brembatti, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), faz uma análise de conjuntura. “É importante que se diga que não há uma correlação direta entre os profissionais estarem num grande centro e ser vítima de violência. Recentemente, temos visto muitos casos em grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, porque são cidades onde acontecem grandes manifestações. Mas, historicamente, sempre tivemos, no Brasil, a vida dos jornalistas em risco nas cidades do interior, longe das grandes capitais”, salientou.
Impunidade
Isso acontece, ainda segundo Katia, por dar “sensação de impunidade”. “(…) essa sensação baseada no domínio paralelo, um poder paralelo de facções ou grupos políticos que se agrava pela extensão da Amazônia, que é um território imenso, com muitas variações, com dificuldades de acesso, onde pedir ajuda é mais difícil, e isso tudo pesa“, avaliou Katia. “Essas características se configuram em maior exposição dos jornalistas. É a presença muito forte de grupos criminosos e da extensão do território também”, sintetizou a jornalista.
A representante da Abraji também elencou as pautas ligadas ao meio ambiente. Segundo a jornalista, questões ambientais são outros pontos que se somam à realidade atual. (…) Nos últimos quatro anos, assistimos o empoderamento de grupos que enfrentaram, inclusive, a Polícia Federal, e por que não enfrentariam jornalistas?”, questionou Katia Brembatti. “Não andamos armados, nossas armas não são bélicas. Na Amazônia, os profissionais estão mais vulneráveis e, por isso, é muito importante alertar para que as chances de algo acontecer acaba ficando bem menor“, finalizou a profissional.
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