PF apura suspeita de propina em contrato da Universidade Estadual de Roraima

Esquema investigado envolve a Universidade Estadual de Roraima (UERR) (Divulgação/UERR)
Winicyus Gonçalves – Da Revista Cenarium Amazônia

BOA VISTA (RR) – A Polícia Federal (PF) em Roraima fez buscas na Universidade Estadual de Roraima (UERR) durante a operação Harpia, que investiga suspeita de corrupção envolvendo a instituição e uma empresa de engenharia, que não teve o nome divulgado pela corporação. A ação foi deflagrada na manhã desta quinta-feira, 31, no campus da universidade, no bairro Canarinho, Zona Leste de Boa Vista. O reitor Regys Freitas estava no local e acompanhou as buscas.

A operação de hoje foi o desdobramento da ação realizada no dia 17 de agosto para investigar um possível pagamento de propinas relacionado à contratação da empresa de engenharia. Os agentes estiveram no empreendimento e na casa do irmão de um dos sócios, onde encontraram R$ 3,2 milhões escondidos em sacos de lixo.

A corporação cumpriu dois mandados de busca e apreensão em Boa Vista. Policiais chegaram por volta das 8h40 em duas viaturas, entraram na reitoria, onde fica o gabinete de Freitas, e levaram um computador e uma pasta de documentos.

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Além da busca no campus da UERR, a Polícia Federal (PF) também cumpriu o segundo mandado em outro endereço na capital, que não foi divulgado pela corporação. As duas ordens judiciais foram expedidas pela Vara de Entorpecentes e Organizações Criminosas do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR).

Policiais fizeram buscas no campus da UERR nesta quinta-feira, 31 (Winicyus Gonçalves/Reprodução)

O inquérito vai continuar com apuração de quem seriam os destinatários da suspeita de corrupção, a dinâmica do esquema e os envolvidos. Em nota à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, a UERR disse que, espontaneamente, encaminhou ofício à superintendência da Polícia Federal para esclarecer ou sanar dúvidas, se dispondo a comparecer e a fornecer documentos necessários para responder as perguntas da corporação.

“No dia 22 de agosto, a instituição, espontaneamente, encaminhou ofício à superintendência da PF, no sentido de esclarecer ou sanar dúvidas, disponibilizando-se a comparecer e a fornecer documentos necessários no sentido de elucidar quaisquer questionamentos”, complementa a universidade em nota. A CENARIUM também tentou contato com Regys Freitas, mas não houve retorno até o fechamento da matéria.

Outro caso

Não é a primeira vez que há suspeitas de corrupção envolvendo a instituição de ensino superior. Em 2018, o reitor Regys de Freitas foi investigado por suposta fraude em licitação e faturamento, a pedido da Controladoria-Geral do Estado (Coger). Meses após assumir o cargo de reitor, cargo que ocupa até o momento, Freitas contratou uma empresa terceirizada para serviços de zelador, copeiros e recepcionista.

A Coger apresentou relatório apontando que a UERR pagou mais caro pelos serviços do que os valores praticados no mercado, com um prejuízo de R$ 3 milhões aos cofres públicos.

O Ministério Público de Roraima (MPRR) pediu o arquivamento, no caso de improbidade administrativa, no processo de licitação, com a justificativa de que não houve superfaturamento.

Freitas também é conhecido por suas alianças políticas, chegando ao cargo de reitor da Universidade de Roraima por indicação do deputado estadual Jalser Renier (PTB). O reitor também é amigo do governador Antonio “Denarium” (Progressistas) e do senador Mecias de Jesus (Republicanos). Em 2022, durante as eleições para o Governo de Roraima, Freitas esteve ao lado de “Denarium”.

Da esquerda para a direita: o governador de Roraima, Antonio ‘Denarium’, o reitor da UERR, Regys Freitas e a esposa de Freitas (Divulgação/Secom-RR)

Segundo a Coger, com base em informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o patrimônio de Regys Freitas aumentou quando passou a ocupar um dos principais cargos públicos, sendo reitor da Universidade Estadual de Roraima (UERR).

A mansão em que ele mora, por exemplo, em um bairro tradicional de Boa Vista, está avaliada em R$ 3 milhões. Além disso, na garagem, existem dois carros com valores, em média, de R$ 500 mil.

Leia também: PF encontra R$ 3,2 mi em propina à Universidade Estadual de Roraima
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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