Policiais envolvidos em ação que levou à morte de estudante da Ufam são afastados

Marco Aurélio Winholt era estudante de Relações Públicas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) (Reprodução/Redes Sociais)
Jefferson Ramos – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – A Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) recolheu as armas e afastou das ruas os policiais envolvidos na ação que terminou com a morte do estudante do 5° período do curso de Relações Públicas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marco Aurélio Winholt, 20, morto “por engano” durante intervenção policial, na sexta-feira, 6, na Comunidade Raio de Sol, Zona Norte de Manaus.

Segundo nota à imprensa, divulgada na noite de terça-feira, 10, o afastamento total das funções dos agentes só poderá ser realizado pela instituição após a finalização do Inquérito Policial Militar (IPM), que foi instaurado pelo comando da PM, “caso seja comprovada algum tipo de conduta ilícita por parte dos policiais militares”.

“A Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) informa que os policiais envolvidos na ocorrência tiveram suas armas recolhidas e foram afastados dos serviços nas ruas. Paralelamente, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado pelo comando da PM-AM para apurar e esclarecer o caso, que também está sendo investigado pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) e acompanhado pela Corregedoria-Geral do Sistema de Segurança Pública”, informou.

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O estudante Marco Aurélio Winholt, 20, de blusa branca (Reprodução/Redes Sociais)

À reportagem da REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, o promotor de Justiça, Iranilson de Araújo Ribeiro, da Promotoria Especializada no Controle Externo da Atividade Policial (Proceap), explicou que a investigação criminal é feita pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) e que a Polícia Militar irá apenas apurar a conduta dos militares na esfera administrativa.

O promotor afirmou que instaurou Procedimento Administrativo (PA) para acompanhar o caso. Ele atua para obter evidência a respeito da morte do estudante no escopo da Proceap, que é o controle da atividade policial.

“No primeiro momento, essa investigação é conduzida pela Polícia Civil. O Ministério Público faz o controle externo, fiscaliza e acompanha essa investigação. Estamos atuando para obter filmagem das câmeras de segurança da localidade e cópia da gravação da câmera das viaturas“, declarou Iranilson.

Entenda

Testemunhas informaram que Marco Aurélio assistia a um jogo de futebol na comunidade, na última sexta-feira, 6, quando policiais militares chegam ao local atirando. Ele foi ferido no momento em que correu, sem chances de defesa. O estudante estava desarmado e não tem registro de ações penais, segundo informações do Tribunal de Justiça do Amazonas (Tjam).

 No domingo, 8, o irmão de Marco Aurélio Winholt Castro declarou à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA que o uso de câmeras corporais nos uniformes policiais poderia ter evitado a morte do jovem e agilizado a investigação da autoria do disparo, bem como a responsabilização.

“Poderia ter evitado a morte dele e de muita gente. Não só dele. Faria muita diferença, até mesmo para comprovar o que aconteceu. Temos fotos e gravação, mas acredito que ninguém gravou ele baleado e sendo jogado. Se o policial tivesse essas câmeras dava para a gente ver claramente e seriam responsabilizados muito mais cedo”, avaliou Hugo Antônio, 23, irmão da vítima.

Câmera corporal em uniforme de policial militar (Reprodução/Folhapress)

Antônio contou que Winholt foi levado pelos policiais até o Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo, na Zona Leste da capital amazonense. Ele explicou que nenhum policial chegou a coagir amigos ou a família e que o estudante universitário foi entregue para a equipe médica pelos policiais, que o classificaram como “infrator”.

“Os policiais que fizeram isso com ele não ficaram no hospital. Só disseram que ele era um infrator e a equipe médica tentou lidar com ele, que veio a falecer como se fosse um bandido”, declarou. A família procura advogados para pedir indenização do Estado. “Esses policiais são conhecidos na região por esses métodos. Meu irmão não é a primeira vítima deles, mas espero que seja a última”, concluiu.

Leia mais: Aluno da Ufam é morto ‘por engano’ em ação policial na Zona Norte de Manaus
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