Presidente da Câmara de Boa Vista é denunciado à Justiça por tráfico de drogas

O vereador Genilson Costa, presidente da Câmara de Boa Vista (Divulgação/Câmara Municipal de Boa Vista)
Winicyus Gonçalves – Da Revista Cenarium Amazônia

BOA VISTA (RR) – O presidente da Câmara Municipal de Boa Vista, vereador Genilson Costa (Solidariedade), e mais oito pessoas foram denunciados pelo Ministério Público de Roraima (MPRR) à Justiça Estadual por suspeita de fazer parte de um esquema de tráfico de drogas. O órgão apontou na denúncia que o parlamentar chegou a negociar drogas de dentro do gabinete da Casa.

Os denunciados foram alvos da Operação Tânatos, deflagrada pela Polícia Federal em abril de 2022, para desarticular a organização criminosa. A denúncia foi oferecida à Justiça na última sexta-feira, 15, pela promotoria de Justiça Especializada em Crimes de Tráfico Ilícito de Drogas e Crimes Decorrentes de Organização Criminosa e divulgada nesta segunda-feira, 18.

As investigações iniciaram em dezembro de 2020, quando um dos denunciados, César Augusto De Souza Castro, conhecido como “Gordinho”, foi preso com mais de 50kg de skunk na entrada de Boa Vista. A carga foi avaliada em cerca de R$ 5 milhões.

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Após análise de dados de aparelhos celulares, segundo o MPRR, foi verificado que para fazer a logística de compra, transporte, venda e recebimento de altos valores, “Gordinho” estava associado a mais sete homens, entre eles, o presidente da Câmara de Boa Vista, para execução da empreitada criminosa.

Em uma das conversas verificadas no celular, um dos denunciados afirmou que R$ 1,5 milhão do montante do carregamento de droga seria destinado ao vereador Genilson “para ajudar na briga pela mesa”, menção à disputa pela Mesa Diretora da Câmara Municipal, à época.

Segundo a denúncia do MPRR, mesmo após a prisão de “Gordinho”, o grupo criminoso continuou a atuar na venda de entorpecentes em Roraima, “inclusive, com negociações realizadas dentro do gabinete do vereador na Câmara Municipal de Boa Vista”.

Sede da Câmara Municipal de Boa Vista (Divulgação/Câmara Municipal de Boa Vista)
Operação

A operação foi deflagrada em 2022 para investigar associação criminosa, dedicada ao tráfico interestadual de drogas, que contaria com a participação de Genilson Costa (SD). O nome da operação faz alusão ao submundo do crime vinculado ao contexto do narcotráfico.

Mais de 60 policiais federais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão nas cidades de Boa Vista e Alto Alegre, expedidos pela Vara de Entorpecentes e Organizações Criminosas do Estado de Roraima.

Operação foi deflagrada em abril do ano passado (Divulgação/Polícia Federal)

O grupo seria responsável pelo envio de drogas oriundas do Estado do Amazonas com o objetivo de abastecer o mercado ilícito de Roraima, com o uso de aviões e veículos para o transporte das drogas. O inquérito policial aponta que Genilson Costa atuaria como um possível “colaborador” do grupo, disponibilizando veículos para o transporte das drogas. Também há indícios da participação de um piloto de avião que seria conhecido por prestar serviços ilegais em regiões de garimpo no Estado.

À REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, a assessoria de Genilson Costa afirmou em nota que a acusação é “baseada em mentiras” e se trata de uma “grande armação para manchar a carreira política” do parlamentar. “Vou rebater cada uma na Justiça e provarei minha inocência. Na própria operação policial em que fui alvo, em abril de 2022, a Polícia Federal não achou nada ilícito. Também causa estranheza a publicação de um processo sigiloso”, disse em nota.

A reportagem também procurou a assessoria da Câmara Municipal de Boa Vista, mas não recebeu resposta até o fechamento da matéria.

Leia mais: Alvo de operação da PF, presidente da Câmara de Boa Vista se defende: ‘não tenho envolvimento’
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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