Primeiro festival de cinema e cultura visa unir referências dos 305 povos indígenas do Brasil

O festival de cinema é mais uma ferramenta que pode ser usada para gerar conteúdo de afirmação e resistência dos povos indígenas do Brasil (Divulgação/Takumã Kuikuro)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – A cultura indígena do Brasil nas lentes, zoom e claquetes da sétima arte. Essa é a proposta do 1° Festival de Cinema e Cultura Indígena do Brasil (FeCCI) que acontece em Brasília, entre os dias 2 e 11 de dezembro. O evento será realizado no Cine Brasília, é gratuito e reunirá obras e personalidades do mundo audiovisual, com direito a rodas de conversa, amostras e apresentações culturais.

Integrar produtores, coletivos e cineastas de origem indígena para criar uma rede de produção cinematográfica que traduza os 305 povos originários do Brasil (Reprodução/Apib)

O festival foi criado por Takumã Kuikuro, diretor-geral do evento, e tem foco em produtores, roteiristas, técnicos, coletivos e diretores do audiovisual de origem indígena. O festival aspira ser um mosaico dos 305 povos indígenas do Brasil. Para a edição 2022, o festival reunirá 30 obras, divididas em dez, para a amostra competitiva, 20 para a amostra paralela e dez para a amostra de convidados.

No site do FeCCI, o diretor falou das novas “armas” que os povos originários devem usar na luta pela preservação de suas terras e culturas. “Antes, usávamos apenas arco e flecha e, agora, temos a oportunidade de lutar com câmeras e com papel. Cada dia mais, a gente está sendo pressionado. Com isso, a gente está mostrando nossa realidade, nosso viver na aldeia, nossa preocupação e nossa luta para preservar a natureza […] estamos gravando nossa cultura para ela não acabar”, declarou.

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Participação

O codiretor e roteirista do recém-lançado “Kumarú: Cura, Força e Resistência”, Yuri Rodrigues, da Dzawi Filmes, destacou a importância de se criar festivais voltados ao fomento de temáticas transversais, como é o que propõe a iniciativa do FeCCI, mas, a dúvida fica por conta do caráter antropológico. “Acho importante a proposta do festival, mas, minha dúvida é se quem produz filmes com temáticas indígenas pode participar, porque não sou de etnia, mas, produzo material voltado para os povos originários”, questionou.

O diretor Takumã Kuikuro é um ativo e militante cineasta voltado para a produção de um ‘cinema indígena’ feito por indígenas no Brasil (Reprodução/Embaúba Play)

Yuri Rodrigues e o diretor João Albuquerque, da produtora tapajoara, produziram o curta-metragem “Kumarú: Cura, Força e Resistência”, película que narra a jornada espiritual do pajé Naldinho Kumaruara. O filme, com duração de oito minutos, foi gravado em três dias na região do território indígena Kumaruara, na aldeia Muruary, região do baixo Tapajós, na reserva extrativista Tapajós Arapiuns, no Pará. Indagado se, convidado, ele participaria do festival, Yuri foi taxativo: “Aceitaria na hora!”, afirmou.

Rede

A primeira edição do Festival de Cinema e Cultura Indígena (FeCCI) é realizada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (SECEC-DF). O FeCCI é realizado pela produtora brasiliense A Terrestre. O evento também conta com o apoio da Mídia Índia e Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

Fazem parte, ainda, da rede de apoio ao festival que acontece no Planalto Central, o Instituto Alok, O2 Filmes, Bidou Pictures Brasil, Associação Cultural de Realizadores Indígenas (Ascuri), Instituto Família do Alto Xingu (Ifax), Gullane Entretenimento, Pindorama Filmes, Paradiso Multiplica, Prefeitura de Querência (MT) e Secretaria de Cultura do Mato Grosso.

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