Projeto Pajubá inicia próxima etapa de atividades para fortalecer ONGs LGBTQIAPN+

Lideranças atuam na defesa e promoção da população LGBTQIA+ (Foto: Divulgação)
Da Revista Cenarium*

MANAUS (AM) – O Projeto Pajubá, desenvolvido Organizações Brasileira de ONGs (Abong), Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), deu início à segunda etapa de suas atividades, visando o fortalecimento de coletivos e organizações da sociedade civil (OSCs) que atuam na defesa e promoção da população LGBTQIA+.

Realizado em parceria com a Luminate, trata-se de um conjunto de iniciativas para identificar as necessidades regionais dessas organizações, promover a formação de lideranças, facilitar a captação de recursos e incentivar a sustentabilidade do trabalho desenvolvido por esses coletivos de norte a sul do País.

Neste momento, segue em produção o planejamento para a realização de atendimentos previstos para todas as ONGs LGBTQIA+ do País, que necessitarem de assessoria e orientação jurídica gratuita. Para isso, diversos conteúdos da Abong estão sendo adaptados às realidades das organizações, respeitando as especificidades do público LGBTQIA+. A estimativa é que o serviço tenha início a partir de junho.

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Ato pela população LGBTQIA+ (Tomaz Silva/Agência Brasil)

O projeto também vai oferecer para o próximo semestre os serviços de consultoria para a avaliação e acompanhamento financeiro e institucional das ONGs, com atendimento da ANTRA e ABGLT, sempre de forma gratuita.

Essas ações acontecem após a divulgação da pesquisa Diagnóstico das Organizações LGBTQIA+ no Brasil (link), marco inicial do Projeto Pajubá, no último dia 29 de maio. Na ocasião, um seminário em São Paulo reuniu pesquisadores, ativistas, personalidades políticas e representantes de organizações LGBTQIA+.No encontro, o coordenador da pesquisa, advogado Renan Quinalha, professor de Direito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), destacou os principais pontos do estudo que entrevistou 88 organizações LGBTQIA+ no Brasil.

“A maioria delas ainda depende de autofinanciamento e enfrenta dificuldades na captação de recursos e na manutenção de suas atividades”, afirmou. Segundo ele, a mobilização da sociedade em prol desta causa soma a uma lista de grandes desafios. “Há uma necessidade urgente de formação de novos quadros e renovação de lideranças, devido às mudanças no ativismo tradicional e ao surgimento de novos coletivos”, disse.

No primeiro debate, ao lado de Quinalha, participaram as pesquisadoras Fernanda Pinheiro e Dayana Gusmão, além da diretora da ABGLT, Déborah Sabará. Para eles, a pesquisa ajudará a criar novas formas de financiamento e treinamentos específicos para fortalecer essas organizações.

O evento também contou com a participação especial de Symmy Larrat, secretária nacional LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. Ex-presidente da ABGLT e gestora LGBT+ no governo de Dilma Rousseff, Symmy comentou sobre as políticas públicas previstas para a reparação de violências em âmbito federal, mas enfatizou que, enquanto sociedade, “é preciso vencer o discurso de ódio”.

Já a segunda mesa de debates trouxe os convidados Carol Iara, mulher transintersexo da Bancada Feminista do PSOL; Keila Simpson, presidenta da ANTRA; Carlos Magno, da ABGLT; e Ravi Spreizner, do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades. Em sua fala, Spreizner contou sua trajetória como homem trans e destacou a importância de sua luta no Brasil, pela garantia do acesso a hormônios e consultas ginecológicas, por exemplo.

Todos enfatizaram a necessidade urgente de atender às demandas de saúde mental dessa população, lembrando do alto percentual de pessoas que já pensaram ou tentaram cometer suicídio, vítimas do preconceito da sociedade e rejeição familiar. “O encontro de hoje é revolucionário. Estarmos vivos é revolucionário. Há 50 anos, a gente não podia se reunir, não podia ser quem somos, não tínhamos direito a um nome”, resumiu Spreizner.

A plateia, formada por representantes de organizações, movimentos sociais, lideranças políticas, estudantes, jornalistas e demais apoiadores da causa, celebrou o final do evento com o show da cantora Majur, marcando o encerramento do seminário.

Sobre

Fundada em 1991, a Organizações Brasileira de ONGs é uma plataforma de atuação nacional que reúne organizações da sociedade civil na luta contra todas as formas de discriminação, de desigualdades, pela construção de modos sustentáveis de vida e pela radicalização da democracia.

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais foi fundada em 1992, e atua como uma rede que articula 127 instituições em todo o Brasil, promovendo a cidadania de travestis e transexuais. Sua missão é empoderar e organizar essa população para representar seus direitos e buscar a cidadania plena. Também atua para garantir acesso a serviços como saúde, educação e emprego. Além disso, a organização desenvolve pesquisas sobre a realidade da população trans no Brasil, contribuindo para a formulação de políticas eficazes.

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos foi fundada em 1995, e tem como objetivo promover ações que garantam a cidadania e os direitos humanos de LGBTs, contribuindo para a construção de uma sociedade democrática, na qual nenhuma pessoa seja submetida a quaisquer formas de discriminação, coerção e violência, em razão de suas orientações sexuais e identidades de gênero.

Leia mais: Pajubá: veja significados do dialeto LGBTQIA+ que se perpetuam na comunicação virtual
(*) Com informações da assessoria
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