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Reflorestamento pode render R$ 6 trilhões ao ano; Brasil tem melhor potencial econômico
Montante é quase seis vezes mais elevado o Valor Bruto de Produção Agropecuária (VBP) arrecadado em 2022, que fechou como o 2º maior em uma série histórica de 34 anos (Foto: Reprodução)
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22 de setembro de 2023
Iury Lima – Da Revista Cenarium Amazônia
VILHENA (RO) – A recuperação de florestas degradadas no Brasil pode gerar mais de R$ 6 trilhões por ano, segundo estudos da Organização das Nações Unidas (ONU); dinheiro que alavancaria, especialmente, o agronegócio do País, de acordo com a entidade.
O montante é baseado na cotação da moeda norte-americana – rendimento anual superior a US$ 1,4 trilhões com a restauração de biomas -, além de ser quase seis vezes mais elevado o Valor Bruto de Produção Agropecuária (VBP) arrecadado em 2022, que fechou como o 2º maior em uma série histórica de 34 anos.
O evento segue até o próximo domingo, 24, e discute iniciativas e ferramentas para enfrentar as mudanças climáticas.“Não existe nenhum outro País no mundo com a melhor capacidade, conhecimento, experiência e potencial de investimento do que o Brasil para se tornar um grande produtor de soluções baseadas na natureza”, afirmou em entrevista à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, o colíder da Força-Tarefa Silvicultura de Nativas da Coalizão Brasil e consultor sênior do World Resources Institute (WRI Brasil), Miguel Calmon.
Floresta X agro
Os dados apresentados na Semana do Clima corroboram a ideia de que a preservação do meio ambiente não se opõe à produção agrícola, mas que pode ser vista como aliada na geração de emprego e renda na Amazônia Legal e nos demais biomas brasileiros.
Além disso, segundo a ONU, só o Brasil concentra 20% das oportunidades globais em soluções ambientais, com importante participação na restauração de florestas, manejo do solo e agropecuária. Somado a isso também está a vantagem do País em ter 58% do território coberto por florestas, o que o dispara na frente de, praticamente, todas as outras nações do planeta.
Por isso, especialistas como Miguel Calmon entendem que é possível estabelecer um comércio justo de produtos da sociobiodiversidade brasileira, a exemplo de frutas como açaí e pitanga, devido às diversas aplicações possíveis na alimentação e nas indústrias de fármacos e cosméticos.
“É importante ter em mente que áreas degradadas não trazem qualquer benefício econômico, social ou ambiental para a sociedade”, advertiu Calmon. “Um País como o Brasil, com mais de 50 milhões de hectares de áreas degradadas que podem ser transformadas em produção de alimentos, energia, fibra e produtos florestais, pode gerar um enorme benefício não só para o próprio território, mas também para todo o planeta”, acrescentou.
Por outro lado, ele aponta a necessidade de criar um cenário favorável para os investimentos. O segredo, segundo o especialista, está na implementação de políticas públicas que incentivem produtores e investidores a recuperar pontos de floresta afetados por crimes ambientais, enxergando esse serviço à sociedade como uma atividade lucrativa.
“O impacto econômico, ambiental e social seria enorme, além do impacto direto que isso tem na conservação e melhoria de serviços ecossistemas, que são tão críticos para a agricultura brasileira, que é um dos carros chefes da economia do nosso país. Ela tem o potencial de gerar milhares e milhares de empregos através da cadeia da recuperação de florestas”, detalhou o colíder da Força-Tarefa da Coalização Brasil.
Liderança mundial
Para a cofacilitadora da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, renata Piazzon, que fez a abertura do painel em Nova York, é preciso fomentar o diálogo entre o setor privado, organizações da sociedade civil e governos “para impulsionar a agenda da restauração a nível global”.
“As ONGs têm uma extensa bagagem intelectual e experiência em campo. O poder público pode criar políticas que aumentem a atratividade econômica para o setor, como a proposição de incentivos fiscais. Empresas e bancos, por sua vez, estão dispostos a investir recursos em restauro e reflorestamento”, apontou Piazzon.
Na mesma linha, Miguel Calmon diz que o setor privado já entendeu e “acredita na importância da atividade”. “Existe um potencial muito grande de, ao recuperar essas áreas, o Brasil se tornar um grande líder no mercado de produtos madeireiros e não madeireiros de espécies nativas. Através delas, o País pode se tornar um grande ator no mundo em suprimento de madeira, tanto no mercado nacional quanto internacional. Isso também deve gerar impactos na redução do desmatamento e na degradação”, disse à reportagem.
Amortecimento da crise climática
Outro ponto defendido pela Coalizão, no evento, foi a mitigação dos efeitos da crise climática como resultado da restauração florestal no Brasil, País com a maior floresta tropical da Terra: a Amazônia. Ou seja, restaurar florestas ajuda a descarbonizar a atmosfera.
“Hoje, já existem alguns compromissos de investimentos por vários grupos privados que dão mais de 3 milhões de hectares de recuperação de áreas degradadas”, apontou Miguel Calmon. “Tudo foi impulsionado pelo mercado de carbono, mas também pela necessidade de ajudar a atingir o compromisso de zero emissões”, defendeu.
“O setor privado já acredita nessa atividade, então eu acredito que políticas públicas que deixem bem claro a importância da atividade são importantes para que ela alavanque. Isso se aplica a todos os biomas brasileiros, todos os biomas podem se beneficiar da recuperação de suas áreas degradadas e convertê-las novamente aos ecossistemas naturais”, finalizou o especialista.
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