Reitoria da Universidade Federal do Amazonas fala sobre planos para o próximo quadriênio

Reitor Sylvio Puga cumpre segundo mandato à frente da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) (Ricardo Oliveira/Cenarium)

Deborah Arruda – Da Cenarium

MANAUS – Cumprindo seu segundo mandato à frente da reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Sylvio Mário Puga Ferreira é graduado em Ciências Econômicas pela Ufam, mestre em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Além disso, Puga possui pós-doutorado também em Economia pelo IE/Unicamp (2010).
Recebeu o prêmio de Economista do Ano, em 2018, pelo Conselho Regional de Economia do Amazonas – 13ª Região (Corecon). Sylvio Puga possui experiência na área de Economia, com ênfase em História Econômica, Economia Regional e Planejamento Econômico, atuando nos temas: Polo Industrial de Manaus (PIM), Pan-Amazônia e Desenvolvimento Regional, e Economia Internacional, com foco na relação Brasil – República Popular da China.

Ao lado de Puga está a vice-reitora Therezinha de Jesus Pinto Fraxe. Formada em Agronomia também pela Ufam, é mestra em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), onde também concluiu seu doutorado, na mesma área. Antes de assumir a vice-reitoria, Fraxe foi coordenadora do Núcleo de Socioeconomia da Ufam (Nusec/FCA/Ufam) e vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCASA). Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Sociologia e Antropologia, atuando, principalmente, nos temas de agricultura familiar, sustentabilidade, campesinato, sistemas agroflorestais e várzea amazônica.

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Em entrevista à REVISTA CENARIUM, os gestores expuseram seus planos à frente da universidade durante o próximo quadriênio, tanto na capital amazonense, quanto no interior. Um dos destaques é a valorização da qualificação do corpo técnico-administrativo e a meta de internacionalização da Universidade e da Amazônia.
REVISTA CENARIUM: O que significou a sua primeira gestão para essa de agora, para os próximos quatro anos?

Sylvio Puga: Essa experiência vai ser um fator determinante para a próxima gestão. Nós pudemos avaliar onde acertamos e queremos aprofundar esses acertos, e vamos avaliar onde erramos, vamos corrigir esses erros. Penso que isso é fundamental. Outra questão que é importante destacar é que tenho agora ao meu lado uma vice-reitora, a professora Therezinha Fraxe. No primeiro mandato tive o professor Jacob, fizemos um grande trabalho e, agora, tenho ao meu lado a professora que é uma profunda conhecedora da Amazônia, que será uma questão central para nós neste segundo mandato, até pela performance da professora Therezinha Fraxe.

RC: Quais serão os maiores desafios neste mandato?

SP: Nós precisamos primeiro avançar na questão da infraestrutura. Temos obras em andamento, tanto na capital, quanto no interior e precisamos concluí-las. Nossa prefeitura do campus universitário junto com sua equipe de engenheiros trabalha nessa direção. Por outro lado, também temos que iniciar novas obras. Essa é uma questão importante, a infraestrutura, que nos dá condição de realizar o ensino, a pesquisa, extensão, com maior qualidade. Nós pretendemos e já iniciamos um processo de modernização administrativa interna. A nossa pró-reitoria de administração já apresentou um plano para mim e para a vice-reitora, que foi aprovado, já está em andamento. Então, nós vamos racionalizar diversos fluxos internos.

RC: Um dos pontos que o senhor tem reafirmado é o da internacionalização da Universidade Federal do Amazonas e da Amazônia. O que o senhor acredita que seja necessário para avançar nesse quesito?

SP: Primeiro fortalecer os acordos de cooperação técnica que nós já temos vigentes. Precisamos fazer com que os nossos alunos, professores e técnicos participem. A outra questão é fazer acordos com novas instituições. O embaixador de Luxemburgo nos visitou e é claro que nós faremos um convênio com a Universidade de Luxemburgo. E também estamos abrindo portas para convênios com outras universidades.

RC: E o que é esse processo de internacionalização? Como funciona?

SP: A internacionalização passa pelo nosso ensino de graduação, que permite com que o nosso aluno tenha mobilidade estudantil. Passa pela pós-graduação, que também permite ao pós-graduando fazer um dou torado “sanduíche” (modalidade em que o estudante faz uma parte do doutorado no exterior e o completa em seu local de origem) e também a publicação em revistas científicas nas universidades em que nós somos parceiros. Então, para os estudantes há um ganho substancial, assim como para os professores, já que permite uma troca de experiências, a participação em bancas, a publicação nas revistas. É um processo quando o estudante vai para o exterior e faz uma parte do doutorado lá. Aí ele volta e completa aqui o doutorado, muito importante para nossa instituição.

RC: Com a pandemia tivemos esse período de mais de um ano de aulas remotas que fragilizou o aprendizado de muitos alunos. Quais são suas expectativas para este segundo semestre? Espera que haja uma adesão maior de alunos?

SP: Nós não estávamos preparados para passar por isso, ninguém imaginava que isso fosse acontecer. Ano passado, nós tivemos o Ensino Remoto Emergencial (ERE), que foi o primeiro aprendizado nosso na pandemia. Tivemos a adesão de mais de 1 mil professores e grande parte dos alunos participou desse processo. Agora, nós estamos com o calendário acadêmico vigente do ano passado. É claro que esse processo é também de profunda aprendizagem para nós. Fizemos a publicação de um ebook com experiências que foram consideradas exitosas de nossos alunos e professores, e é claro que nós vamos aperfeiçoando esse processo. Para o retorno, nós temos que ter requisitos. A vacinação é, obviamente, o primeiro critério. Nós temos o comitê interno de enfrentamento ao novo coronavírus, que se reúne semanalmente, desde o início, e nos subsidia com informações técnicas da área para que a gente possa tomar decisões.

RC: E o que deve ser implantado para os servidores?

SP: Durante todos os nossos diálogos internos haviam questões específicas, como, por exemplo, ampliar a qualificação interna do nosso servidor. Então, nós estamos em tratativas para que possamos oferecer o mestrado à distância aos nossos servidores, temos o mestrado presencial em que eles já participam, mas a ideia é ampliar com mestrados à distância, internos, da nossa instituição. Além disso, pretendemos permitir que cada vez mais eles possam participar de todas as oportunidades que a universidade oferece, nos nossos mais diversos programas, então isso é muito importante para nós, que passa pela valorização do nosso corpo técnico-administrativo em educação.

REVISTA CENARIUM: Quais são os planos para o incentivo da pesquisa científica nas unidades do interior?

Therezinha Fraxe: Nós não vamos dizer: ‘os planos para o interior são esses e os para a capital são esses’. Queremos, cada vez mais, a capacitação do nosso corpo docente, discente e técnico-administrativo. O Estado do Amazonas é do tamanho de alguns países e essa distância, por muito tempo, já foi um grande problema para nós da Ufam. O professor Puga implantou o Sistema Eletrônico de Informações (SEI), que deu celeridade e aproximou o que era distante, porque antes um documento para chegar aqui vinha de barco ou avião. Nesse sentido, nós já temos uma certa aproximação com as unidades do interior, só que os nossos planos são de que essa aproximação seja também presencial, através de projetos e, acima de tudo, que não ocorra nenhum tipo de diferença entre as unidades da capital e das cidades menores. Nós estamos trabalhando com uma só Ufam. Nós vamos apresentar um mapa, em breve, que traz projetos para todos os municípios do Estado.

RC: E, diante desse plano de integração, há algum projeto já em andamento para garantir um desenvolvimento e a internacionalização cada vez maior nas unidades interioranas?

TF: Em Benjamin Constant, por exemplo, a maioria dos nossos alunos são povos indígenas. Eles têm conhecimentos diferenciados dos brancos, uma cultura muito rica e permanecem com suas identidades, ancestralidades e isso nós temos que fazer valer, como já está pensando uma professora lá de Benjamin, um hospital com a cultura dos povos indígenas. Assim, nós vamos intensificar essa internacionalização, esse currículo que vai ser não só das sedes dos municípios, mas que mostra a realidade amazônica nas terras, florestas e águas de trabalho. Temos esses três macrosmeios de produção.

RC: Em relação ao Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), quais os projetos para investimentos?

TF: Aqui em Manaus, nós queremos que o HUGV seja um dos maiores hospitais-escola do Norte e Nordeste. Porque os médicos são o sustentáculo da vida também e a comunidade universitária já está entendendo isso. Nós estamos em parceria com a Semsa [Secretaria Municipal de Saúde] e vamos estabelecer parceria com a Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas. Nenhuma universidade, nenhum instituto, consegue fazer nada só. Estamos estabelecendo essa parceria. O professor Sylvio Puga instalou, há 4 anos, uma nova visão na Ufam, que foi exatamente uma visão de conectividade entre a Ufam e seus parceiros. Nós temos como parceiros o Legislativo, Executivo, Judiciário, o Estado, o município, as prefeituras dos municípios. Para nós, isso é muito importante, pois nós somos uma academia não só de letras.

O reitor da Ufam, Sylvio Puga, conta com a parceria da vice-reitora Therezinha Fraxe, para implementar projetos como a internacionalização da universidade (Ricardo Oliveira/Cenarium)
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