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‘São muito fetichizados’, diz influenciador que registrou comentário de PM sobre corpos de indígenas em Brasília
"Essas indiazinhas com os peitinhos para o lado de fora", disse o policial militar. (Mídia Ninja)
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10 de abril de 2022
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS — Um vídeo gravado durante a mobilização da 18º edição do Acampamento Terra Livre (ATL) nesse sábado, 9, em Brasília (DF), causou revolta ao mostrar o que está sendo considerado machismo e fetichização dos corpos das mulheres indígenas por um PM. O momento em que um policial militar não identificado comenta sobre os corpos nus de mulheres presentes na manifestação foi registrado pelo influenciador Tukumã Pataxó.
“Essas indiazinhas com os peitinhos para o lado de fora”, foi o que o policial deu a entender no vídeo feito na Praça dos Três Poderes. À CENARIUM, Pataxó contou que haviam duas “parentes” — forma como os indígenas se tratam — tirando fotos com a Bandeira do Brasil, na frente de um grupo de policiais. “Eles começaram a xingar, nos chamar de filhas da ****. Aí eu comecei a filmar e perguntar ‘Você está falando o quê?”, então foi aí que ele fez o comentário. Eles tentaram intimidar, aí eu postei [o vídeo]”, afirmou Pataxó.
Veja o vídeo:
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“Eu fiquei indignado, e pensei que não podia ficar só no vídeo. Esse tipo de comentário não é de hoje, os corpos da mulher e do homem são muito fetichizados. Precisamos mostrar para o mundo que não é bem assim que funciona”, disse ainda.
No Instagram, ao postar o material, o influenciador questionou: “Até quando nossos corpos e território serão violados, até quando o corpo da mulher indígena será fetichizado?”.
“Além de sermos ‘obrigads’ a enfrentar o racismo institucional, ainda temos que encarar situações como essa, por parte de quem deveria proteger nossas vidas. Medidas cabíveis precisam ser tomadas pelo Estado diante de situações como essa que legitimam violências. Todo o nosso repúdio e nossa luta! Não passarão”, disse ela.
Pataxó explicou ainda à CENARIUM que o jurídico da Apib solicitou as imagens e vídeos registrados. A reportagem entrou em contato com o advogado da articulação, Eloy Terena, via aplicativo de mensagem, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O Centro de Comunicação Social da Polícia Militar do Distrito Federal informou à CENARIUM que, pelas imagens, não é possível ouvir claramente o que foi dito, não sendo possível, portanto, afirmar que o policial militar pronunciou as frases a ele imputadas. O policial em questão, inclusive, registrou ocorrência na delegacia por crime contra a honra, segundo a assessoria de comunicação.
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