‘Se tivesse apoio, nós gerenciaríamos todo Centro’, diz idealizador do Casarão de Ideias

João Fernandes (Reprodução/Arquivo Pessoal)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Por trás de todo o sucesso que foi o Festival Literário do Centro (Flic), evento que uniu, no último fim de semana, literatura, identidade e ativismo na Rua Barroso, Centro Histórico de Manaus, está o nome de João Fernandes. Artista, professor e produtor, o homem do “Casarão de Ideias” passou a ser referência na produção cultural no Estado e um ponto de convergência positivo no mercado nortista. O cearense radicado no Amazonas está na dianteira da construção de ações que são sucesso de público e crítica em Manaus.

“Sozinho, mas em parcerias”, João mobilizou uma multidão para ocupar a extensão da Rua Barroso, espaço que abriga a centenária biblioteca pública do Amazonas e que tem esse nome por abrigar a residência do paraense chamado José Antônio Barroso, no século passado. Atualmente, é a rua do Casarão de Ideias, espaço criado por João Fernandes que funciona como um pequeno complexo de fazeres culturais. De biblioteca a cinema, cabe tudo em matéria de arte, no Casarão do João. Em entrevista à REVISTA CENARIUM, João fez uma análise do contexto de suas ações na capital.

O ‘Te Encontro na Barroso’ volta neste ano para reunir mais fãs de arte, no Centro de Manaus (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Para ele, as ações promovidas pelo Casarão para ocupar a Rua Barroso podem ser resumidas em quatro palavras: “Democratizar, reconectar, potencializar e dinamizar”. Por isso, o Casarão possui, atualmente, uma relação estreita com a cidade, segundo ele. “A relação do Casarão com a cidade se tornou uma relação homogênea de retroalimentação. A cidade encontra no Casarão a possibilidade de consumo de cultura em suas mais variadas linguagens, então tudo o que fazemos ou projetamos é pensando principalmente nas pessoas da cidade”, explicou.

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Recado

Objetivo, João explica por que é importante se mover e ter atitude. “Ocupar o Centro é um recado para a cidade. Acredito que o poder público e privado sabem o potencial do Centro, inclusive, isso esteve e está na pauta de diversas gestões. Mas, além disso, nós temos o dever de ocupar esses lugares porque isso completa uma cadeia de valorização não só dos espaços, mas dos profissionais da arte envolvidos e da própria identidade manauara. Ocupar é uma provocação para que o cidadão entenda que ele tem o direito de ocupar e as atividades artísticas são uma possibilidade de ocupação, porque a arte abrange a sociedade”, observou.

Os eventos do Casarão de Ideias possuem alta identidade com as coisas do Amazonas (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Questionado se é possível expandir as ações para outras artérias do Centro de Manaus, João respondeu: “Hoje, temos a convicção de que a Barroso não é mais suficiente para as nossas ações, mas a gente parte da premissa de que vou cuidar da minha rua e esperar que os outros cuidem das suas, só que a gente vê que isso não acontece. Então, se hoje tivéssemos estrutura, suporte e apoio público e privado, nós gerenciaríamos todo o Centro de Manaus, buscando entender o que as pessoas querem para o seu bem-estar. Hoje, o Casarão pode dar indicativos nessa direção”, afirmou o produtor.

Provocado se terá projetos para os subúrbios de Manaus, João Fernandes explicou. “Fizemos ações em outros anos, como o ‘Mova-se’, nos terminais de ônibus, e o ‘Pipoca em Cena’, mas sair do Centro e ocupar a periferia não é fácil. Não temos orçamento para isso. É por isso que é importante o poder público entender que ele não é um promotor de evento. Existem coletivos além do Casarão e por que não fazer parcerias?”, indagou. “Fechar acordos com parceiros para as realizações e com isso agregar inúmeras iniciativas seria, sem dúvida, uma relação saudável”, finalizou.

O produtor João Fernandes em bate-papo com público durante o Festival Literário (Reprodução/Arquivo Pessoal)

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