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Sem desmatamento, agricultura familiar é fonte de renda de mulheres no Xingu
Grupo produz polpas de frutas e gera renda para famílias (Reprodução/Imaflora)
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14 de novembro de 2023
Daleth Oliveira – Da Revista Cenarium Amazônia
BELÉM (PA) – Um grupo de 40 mulheres está mudando a vida de suas famílias por meio da agricultura familiar em São Félix do Xingu, sudeste do Pará. Elas fazem parte da Associação das Mulheres Produtoras de Polpas de Frutas (AMPPF), que apenas com venda de polpa de frutas, em 2023, devem arrecadar cerca de R$ 322.246,65.
Ano passado, as produtoras comercializaram mais de 13 mil quilos, movimentando mais a renda de R$ 230.990,76 na cidade. As polpas têm os sabores de cajá, caju, acerola, goiaba, muruci, manga, graviola, cupuaçu, maracujá, tamarindo, dentre outros, dependendo da estação. Os dados são do programa Florestas de Valor, desenvolvido pela associação civil sem fins lucrativos do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
A AMPPF tem, hoje, 40 associadas, mas pelo sucesso do negócio, os esposos das mulheres “começaram a se associar”, explica Maria Josefa Machado Neves, presidente da entidade. “Somos 55 associados; 40 são mulheres e 15 homens. Filhos também entraram na associação muito jovens. Ao todo, somos 42 famílias“, conta.
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Segundo a gerente do projeto, Helene Menu, o grupo fornece produtos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e comércios locais. “Também estamos buscando diversificação de atividades para reduzir as perdas de frutas nos pomares e nos sistemas agroflorestais de seus quintais, gerando renda para as famílias e alimentação de qualidade nas escolas graças a uma merenda escolar mais saudável”, conta Helene.
Sem desmatamento
Com a nova percepção das riquezas naturais da região, Maria Josefa e os produtores de polpa de frutas de São Félix do Xingu compreenderam que é possível produzir, gerar renda e melhorar a vida das pessoas sem desmatar e causar danos à floresta.
“É possível. A gente vê que não precisa derrubar a mata para tirar o nosso sustento. A nossa realidade, aqui, era bem diferente, já estava tudo desmatado, hoje, a gente conseguiu, por meio do plantio do cacau. Com o incentivo do Florestas de Valor e por meio dos sistemas agroflorestais já melhorou bastante. Daqui a alguns anos, essa área vai voltar a ser uma nova floresta e todo mundo vai tirar o seu sustento. Podemos melhorar a nossa vida sem desmatar e sem causar danos às florestas”, destaca Josefa.
Comunidades
Com a renda, as mulheres se tornam mais engajadas e mobilizadas nas atividades de suas comunidades, destaca Helene Menu. “A Coopaflora, cooperativa localizada em Oriximiná, é presidida por uma mulher, Daiana da Silva, e conta também com outras mulheres na diretoria da cooperativa. Também observamos uma grande maioria de mulheres envolvidas nas atividades das Unidades de Beneficiamento de Alimentos, nos territórios quilombolas, e movimentos de mulheres com encontros regulares para discussão de temas voltados ao desenvolvimento das comunidades e da questão de gênero na região e no Pará”, relembra.
Apesar da região ainda ser carente de serviços básicos, como eletricidade, as mulheres de São Félix do Xingu adquiriram conhecimento e habilidades para diversificar a produção, garantindo a qualidade e a segurança dos alimentos. “As produtoras não apenas redefiniram o significado de empreendedorismo, mas também demonstraram o poder da colaboração”, destaca Celma de Oliveira, coordenadora de projetos do Imaflora.
“Mulheres rurais têm uma grande capacidade de doação às propostas do programa e sempre superam nossas expectativas. Mulheres assumem lideranças na gestão e produção da propriedade, na comercialização e nos espaços de debate e propostas de políticas públicas. Mulheres assumem mais o compromisso com as questões de qualidade de vida, excelência na produção e como lideranças”, afirmou Celma.
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