STF homologa delação de Ronnie Lessa no ‘Caso Marielle’

Ronnie Lessa é apontado como autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco em 2018. (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)
Da Revista Cenarium*

MANAUS (AM) – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou nesta terça-feira, 19, que o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou a delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco (Psol) e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018.

O Supremo recebeu no último dia 11 parte da investigação sobre os assassinatos. O caso foi distribuído ao ministro Alexandre de Moraes.

“Eu acabo de estar com o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que me comunicou oficialmente que ele homologou a colaboração premiada do ex-policial Ronnie Lessa depois de ter passado ontem em uma audiência”, disse o ministro da Justiça.

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O ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ricardo Lewandowski (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

“Ele confirma todos os termos da colaboração premiada, essa que tramita em segredo de Justiça, e esse ministro não teve acesso a ela. Mas nós sabemos que essa colaboração, que é um meio de obtenção de provas, nos traz elementos importantíssimos que nos levam a crer que brevemente teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco”, concluiu.

O STF disse, por meio de nota, que o ministro Alexandre de Moraes homologou o acordo de colaboração premiada após verificar presentes os requisitos exigidos em lei de regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal.

“Na segunda-feira (18/3), houve audiência com o colaborador, na qual foi constatada a voluntariedade da manifestação da vontade dele. Agora, o caso está com a Polícia Federal para continuidade das investigações, que correm sob sigilo”, disse, em nota.

Ministro do STF, Alexandre de Moraes (Reprodução/STF)

Antes, a investigação tramitava no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O deslocamento ao Supremo costuma ocorrer quando são citados pessoas com prerrogativa de foro na corte nas investigações.

A Constituição Federal prevê que, em processos criminais, os ocupantes de determinados cargos serão julgados por tribunais específicos e não por um juiz de primeira instância, como aconteceria num processo normal.

O processo está sob sigilo e não há informação de quem seria o envolvido que motivou o deslocamento do caso.

A vereadora foi assassinada no centro do Rio, na noite de 14 de março de 2018. O carro em que Marielle estava — e que era conduzido por Anderson — foi alvejado por 13 tiros. Os motivos e os mandantes do crime permanecem desconhecidos seis anos após o crime.

Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos. O primeiro foi acusado de ser o autor dos disparos, enquanto o segundo, de dirigir o veículo usado no assassinato.

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz deixam a Delegacia de Homicídios, na Barra, após serem presos em março de 2019 (Foto: Reprodução/TV Globo)

Em julho do ano passado, passados mais de cinco anos do crime, Queiroz firmou um acordo de colaboração, confessou sua participação no crime, declarou que Lessa foi responsável pelos disparos e deu detalhes sobre a noite em que a vereadora foi morta.

Em janeiro deste ano, vieram as primeiras notícias da delação de Lessa. Com o depoimento dele, os investigadores chegaram a novas suspeitas de envolvimento de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, no crime.

Como Brazão tem foro especial, o inquérito foi enviado ao STJ em outubro do ano passado. Ele nega qualquer envolvimento no crime e diz já ter sido alvo das investigações.

Na última quinta-feira, 14, quando o assassinato completou seis anos, um ato nas escadarias da Câmara dos Vereadores do Rio cobrou uma solução para o caso.

“Seis anos de um assassinato como esse sem essa resposta, é dizer que esse tipo de violência ainda é aceito na nossa sociedade com outras Marielles”, disse Mônica Benício, viúva de Marielle e hoje vereadora do Psol.

Leia mais: MP-RJ pede que acusado da morte de Marielle Franco vá a júri popular
(*) Com informações da Folhapress
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