Valorização da estética negra é tema de documentário amazonense

Gravado na Cachoeira do Leão, o curta-metragem posiciona a estética negra como um ato de resistência, por meio do movimento de aceitação capilar (Reprodução/Keila Serruya Sankofa)

Com informações do Portal Alma Preta

MANAUS – Mulheres negras do Amazonas, artistas, trancistas e educadoras são protagonistas do documentário “Abebé”, que traz em seis minutos a relação de aceitação, por vezes dolorosa, com o cabelo crespo. O curta amazonense está disponível no YouTube e é fruto da parceria entre o movimento Encrespa Geral Manaus, que há quase uma década realiza atividades de valorização e aceitação da estética negra, e do Grupo Picolé da Massa, através da multiartista Keila Serruya Sankofa, que dirigiu o filme.

“Este trabalho é um marco, um registro muito importante, pois estamos trabalhando com o Encrespa Geral há um tempo e, poder ter as nossas narrativas registradas pelo olhar da Keila foi muito especial. São narrativas que vão além da resistência de ser quem nós somos, é uma narrativa de histórias, que fala do nosso processo de aceitação e de identificação com pessoas que passaram por isso”, afirma a comunicadora Jessica Dandara, articuladora do movimento Encrespa Geral Manaus e produtora do documentário.

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O curta está disponível no YouTube e é fruto da parceria entre o movimento Encrespa Geral Manaus(Reprodução/Keila Serruya Sankofa)

Gravado na Cachoeira do Leão, o curta-metragem posiciona a estética negra como um ato de resistência, por meio do movimento de aceitação capilar. Trata-se não apenas da aceitação da estrutura do cabelo crespo e cacheado, como também do conhecimento da história que o povo negro carrega.

“O documentário retrata também como é importante sermos espelhos, e por isso carrega o nome ‘Abebé’, que é o nome do espelho da orixá Oxum, e no curta a gente entende olhar para o reflexo da sua própria estética, como também uma visão de dentro de si, de se olhar, de se valorizar, de se entender, o que acaba se tornando uma arma de guerra também, visto que nos tornamos muito mais fortalecidos quando passamos por esse processo tão importante que é o autoconhecimento”, reitera Dandara.

Processo este contado pela trancista Fernanda Varella, que desde muito nova passava pelo procedimento de alisamento capilar. “Eu sempre gostei do meu cabelo, o problema eram as pessoas, pois eu sempre fiz tranças no cabelo, fazia tranças na minha vó, então quando eu consegui fazer a transição, eu consegui com que a minha tia e minha vó também fizessem, então eu consegui abrir isso para elas”, explica.

Segundo a diretora Keila Serruya Sankofa, a parceria entre o Grupo Picolé da Massa e Encrespa Geral Manaus iniciou com ensaios fotográficos sobre cabelo, agora produção audiovisual. “Em uma cidade racista como Manaus, ações, obras e todo e qualquer movimento que fortaleça a cultura preta e indígena são essenciais para construir um lugar seguro e que reconheça a diversidade. Queremos e iremos existir, essa produção audiovisual é apenas um trecho de tudo que ainda iremos narrar”, enfatiza.

Além de propor a reflexão sobre processos internos em relação à estética negra, o filme traz, ainda, contribuições essenciais, como da cantora e compositora Adria Praiano, que compôs a trilha sonora do curta com a música “Caminhos de Orún”. O vídeo também teve a participação de Kerolayne Kemblin, Deborah Cristina, Fernanda Varella, Luciana Gorgonha, Celestine Dossou, Raymonde Degohunkpe e Carlota Maia.

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