Em debate, Ciro Gomes cita falta de oxigênio em Manaus e diz que Bolsonaro ‘não tem coração’ por imitar sufocamento

Os candidatos Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PDT) (Mateus Moura/CENARIUM)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

BRASÍLIA – O candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) citou neste domingo, 28, durante o primeiro debate dos presidenciáveis, a “crise do oxigênio” em Manaus, no Amazonas, que ocorreu em janeiro de 2021, e falou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) “não tem coração” por ter imitado pessoas sufocando na pandemia.

“Você é uma pessoa que não tem coração. Sabe simular sufocamento quando estava faltando oxigênio em Manaus, dizer que não é coveiro na hora que há milhões de famílias e amigos enlutados. O Brasil tem 3% da população do mundo, e 11% da população que morreu no mundo [por Covid-19]”, disse Gomes.

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Em março do ano passado, quando o Brasil passava por um dos piores momentos da pandemia de coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro usou parte do tempo de sua live semanal para simular uma pessoa com falta de ar e criticar recomendações de seu ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta. A imitação ocorreu em um momento em que UTIs estavam superlotadas e havia escassez de medicamentos necessários para intubação em partes do País.

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Cansado, familiar se debruça sobre um cilindro de oxigênio e aguarda para abastecer em usina de Manaus (Bruno Kelly/Reuters)

O debate reuniu os seis candidatos mais bem-colocados nas pesquisas para Presidência da República na TV Bandeirantes: Ciro Gomes (PDT), Felipe D’Avila (Novo), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (PMDB), e Soraya Thronicke (União Brasil).

A participação de Bolsonaro e Lula era uma incógnita até as vésperas do debate, já que as equipes dos dois principais adversários ainda analisavam quão prejudicial poderia ser, para ambas campanhas, o confronto entre os candidatos.

“Mentiroso”

Essa não foi a primeira vez que os presidenciáveis debatem a falta do insumo no Estado, na corrida eleitoral. A escassez de oxigênio causou a morte de, pelo menos, 31 pessoas, apenas em Manaus, nos dias 14 e 15 de janeiro, segundo o Ministério Público, e de cerca de 30 pacientes no interior do Amazonas, de acordo com a Defensoria Pública do Amazonas.

Na segunda-feira, 22, em sabatina no “Jornal Nacional”, do Grupo Globo, Jair Bolsonaro negou erros de logística e afirmou que, em menos de 48 horas, chegaram cilindros de oxigênio na cidade. A declaração foi considerada “mentirosa” por parlamentares do Amazonas.

“Bolsonaro é mentiroso. Pazuello [o ministro da Saúde, na época] havia sido informado sobre os baixos níveis de O₂ uma semana antes do colapso de janeiro de 2021, em Manaus. Eu e a bancada do PT tivemos de recorrer à embaixada da Venezuela para trazer O₂ a Manaus”, disse o deputado federal José Ricardo (PT).

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), um relatório apontou que o Ministério da Saúde foi informado, no dia 8 de janeiro, sobre a iminente falta de oxigênio, pela empresa White Martins, fornecedora de oxigênio no Amazonas.

O consumo médio de oxigênio, por dia, que era de 14 mil metros cúbicos, cresceu abruptamente, atingindo uma média de 76,5 mil metros cúbicos. A capacidade de produção das empresas fornecedoras era de 28,2 mil metros cúbicos, na época.

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