Após incêndio em acampamento, líder do MST no Pará cobra Reforma Agrária

O coordenador estadual do MST no Pará, Jorge Néri. (Reprodução/Twitter)
João Felipe Serrão – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Após o incêndio que deixou pelo menos nove mortos em um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Pará, Jorge Neri, coordenador estadual do movimento, criticou as condições precárias de moradia no País e cobrou Reforma Agrária. Entre os mortos estão seis acampados e três trabalhadores de uma empresa de internet.

Incêndio matou nove pessoas em acampamento do MST no Pará. (Foto: MST)

Na noite desse sábado, 9, um curto-circuito causou o incêndio no acampamento Terra e Liberdade, localizado em Parauapebas, Sul do Pará. Funcionários da empresa 5G instalavam internet no acampamento quando uma antena colidiu com a rede de alta-tensão de energia: “Essa descarga elétrica produziu incêndio e entrou na casa das pessoas por meio da rede de eletricidade e da cerca que dividia o acampamento”, informou a assessoria do MST.

“Uma tragédia dessa não aconteceria se as pessoas tivessem na terra, trabalhando na terra. Acampamento não é o melhor lugar para estar. Se tivesse terra para todo mundo nesse País, se tivesse reforma agrária, as pessoas não teriam que ficar sujeitas a qualquer tipo de incidente ou tragédia”, destacou o coordenador Jorge Neri.

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Ele afirmou que o acampamento está profundamente abalado com a tragédia e está na etapa de se reorganizar no local, com acompanhamento das famílias que perderam parentes no incêndio. Neri também pediu por solidariedade e convidou a sociedade a conhecer o movimento.

Nós pedimos que todo mundo possa ser solidário com a nossa causa, que visite nosso acampamento para conhecer as pessoas que estão aqui“, disse.

Após a tragédia, o MST organizou uma assembleia e ato em solidariedade às famílias do acampamento. O ato estava marcado para acontecer às 16h (horário de Brasília).

Convocação do MST para assembleia e ato em homenagem às vítimas. (Divulgação/MST)
Repercussão

Em publicação na rede social X, antigo “Twitter”, o presidente Lula (PT) enviou seus sentimentos ao acampamento Terra e Liberdade e afirmou que o governo federal trabalha para retomar a Reforma Agrária.

Estamos trabalhando para avançar na retomada da reforma agrária, com a identificação de terras públicas disponíveis, para, após anos de paralisação, dar oportunidade de trabalho e produção para famílias do campo“, declarou Lula.

Outros políticos, como as deputadas federais Sâmia Bonfim (PSOL), Jandira Feghali (PCdoB) e Gleisi Hoffmann (PT) também se manifestaram e lamentaram pela tragédia no acampamento. Veja abaixo:

História

O MST é uma das principais organizações de luta pela Reforma Agrária no Brasil. Fundado em 1984, busca a democratização do acesso à terra, pelos direitos dos trabalhadores rurais e pela transformação da estrutura agrária, em 24 Estados das cinco regiões do País.

Entre os adversários do MST estão representantes de grandes proprietários e do agronegócio, como a poderosa Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e a União Democrática Ruralista (UDR), uma entidade associativa que reúne grandes proprietários rurais.

O MST organiza ocupações de terras consideradas improdutivas, reivindicando a desapropriação e redistribuição para fins de reforma agrária. Além disso, conforme o MST avança, desenvolve projetos de agricultura familiar, educação popular e luta por melhores condições de vida para os agricultores e suas famílias.

Leia também: Saiba mais sobre o MST, alvo de investigação na Câmara Federal
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Edição: Marcela Leiros

Revisão: Gustavo Gilona

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