Arthur Neto vai processar Bolsonaro por omissão de auxílio aos indígenas com Covid-19

Em entrevista à CNN, o prefeito de Manaus, Arthur Neto contou que deve processar Bolsonaro por omissão à causa indígena. (Foto: Reprodução)

Carolina Givoni e Luis Henrique Oliveira- Da Revista Cenarium

MANAUS – Em entrevista à rede CNN na noite deste sábado, 30, o prefeito de Manaus (AM), Arthur Neto voltou a criticar Jair Bolsonaro, e declarou que irá processar o presidente da República por conta da omissão à politicas públicas de proteção aos índios e à floresta Amazônica.

O prefeito mencionou que o Amazonas é o Estado com mais índios infectados na pandemia de Covid-19, e que demonstra preocupação com a postura de Bolsonaro, que segundo ele, pode causar prejuízos financeiros e à imagem do Brasil pelo mundo.

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“Cerca de 65% dos casos de Covid-19 em índios. Isso é muito ruim para mim, porque tenho muito orgulho da tradição indígena que eu carrego. Ao todo são 10 mil anos de civilização. É muito ruim para o Brasil, que vai acabar não conseguindo mais empréstimo nenhum de banco mundial e vai liquidar com a sua credibilidade internacional. Tudo isso o nosso presidente não vê”, disparou.

Arthur diz que se for preciso, vai recorrer à Cortes internacionais como o Tribunal de Justiça Internacional, com sede em Haia, na Holanda, para judicializar contra a omissão de Bolsonaro.

“Ele não gosta de mim, e eu confesso, também não gosto dele. Não gosto dos métodos dele. Ele foi meu colega de Câmara, um desses colegas insignificantes. A palavra dele não valia de nada lá. Nunca precisei falar com ele para articular nada, enfim. O fato é que ele mandou colocar um outdoor que ele diz ‘Manaus segue com Bolsonaro, o bosta do Arthur não manda nem na casa dele’, quer dizer, esse nível de provocação, ele vai ser processado. Assim como está completamente omisso com os índios. Vou à Corte em Haia, vou à OEA, vou à ONU”, disse.

Reabertura do comércio

Sobre a reabertura do comércio no Amazonas, mais especificamente na capital, Manaus. Neto diz que conseguiu intervir junto ao governador Wilson Lima para que o procedimento não fosse prematuro. “Em duas ocasiões anteriores, eu fui muito claro e consegui evitar que se fizesse uma abertura prematura e desta vez eu disse: governador [Wilson Lima], vou lhe dar um voto de confiança, abra. Agora eu não acredito nessa abertura. O número de mortes continua grande, o número de infectados é enorme”, explicou.

O prefeito da capital do Estado que também é o maior do País lembra que por conta da “influência” do presidente, algumas pessoas não seguiram o isolamento social como deveria.

“Nós tivemos muita influência das pregações do presidente a favor da abertura, e pouca adesão ao isolamento social que não deixou que tivéssemos um bom resultado disso. Então, nada me diz que a abertura será organizada e respeitada pelas mesmas pessoas que desrespeitaram o isolamento”, revelou Arthur Neto.

Igrejas e shoppings

Na sexta-feira, 29, a REVISTA CENARIUM publicou que alguns pastores não queriam perder nem mais um dia para a reabertura de tempos religiosos. Para isso, alguns chegaram a pressionar o governo e pedir antecipação, em um dia, para que os templos fossem reabertos já neste domingo, 31.

No entanto, durante a entrevista concedida à CNN, Arthur Neto disse que, na sua opinião, não considera como essencial a abertura de templos, igrejas ou shoppings.

“Não concordo e para alguns político, sei que existe a questão de ‘perde voto’, então ‘eu vou perder uns votinhos aqui’, mas, sou contra abertura de igreja. Não vejo igreja como atividade econômica. Ninguém está ali para ganhar dinheiro. Eu acredito na honestidade de pastores e padres, enfim, mas igreja não é essencial”.

Sobre os shoppings, que também estão inseridos na primeira etapa de reabertura do comércio, o gestor da capital amazonense diz que tem medo e ressalta que seja algo precipitado. “Eu acho uma coisa absurda, eu temo. Eu sei que uma pneumonia é uma coisa grave, agora, uma pneumonia, quando ela volta, ela é mais grave ainda. Tenho muito medo que essa abertura, termine em complicações ainda mais graves para um Estado que já sofreu muito”, finalizou.

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