Bloqueio de CPI da Comunicação de Manaus é estratégia da base aliada, diz especialista

Isabella Rabelo – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – Os líderes partidários da Câmara Municipal de Manaus (CMM) não conseguiram entrar em concordância na escolha de membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para apurar possíveis irregularidades na Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom).

O presidente da Casa, vereador Caio André (União Brasil), se pronunciou na terça-feira, 7, afirmando que a escolha depende exclusivamente dos parlamentares, e que a indecisão estaria emperrando o início dos trabalhos da “CPI do Caixa 2”.

“Essa é a discussão que está havendo neste momento. Ontem [segunda-feira, 6] nós tivemos uma reunião nesse sentido e os líderes ainda não decidiram quem seriam os membros e em que momento colocar a CPI para funcionar. Isso não é mais cargo da presidência. A presidência não se exime, nós temos cobrado, trabalhado, mas isso cabe agora aos vereadores, principalmente aos líderes partidários”, justificou Caio André.

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Vereador Caio André (Divulgação/TV Câmara)

Conforme o Regimento Interno da Câmara Municipal, a reunião do colegiado definirá o presidente, relator e demais membros titulares da CPI, obedecendo à composição partidária. Os trabalhos ocorrerão durante 30 Reuniões Ordinárias (em torno de dois meses), podendo ser prorrogada por mais 15 reuniões (cerca de um mês).

Especialista

Para o analista político Helso Ribeiro, o travamento da CPI pode estar relacionado a parcela de parlamentares aliados ao prefeito de Manaus David Almeida (Avante), que é também pré-candidato à reeleição. Segundo Helso, quanto mais se retarda a abertura real da CPI, menos críticas o prefeito recebe e é menos afetado nas eleições.

Um homem de meia idade sentado em posição de fala. Ele usa óculos, um terno azul marinho e gravata cinza. É branco, seus cabelos são pretos e sua barba grisalha. Falou à Cenarium sobre a CPI da Semcom.
Analista político Helso Ribeiro (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

“O prefeito tem cerca de 19 parlamentares do lado dele e a maioria das comissões é comandada por vereadores ligados ao prefeito. Eu acredito que isso é uma manobra para esfriar esta situação e deixar esta CPI lá para o segundo semestre, talvez até depois das eleições”, disse.

“A minha leitura é que está tendo uma tendência de empurrar esta CPI, por esse motivo. Todas as CPIs, elas têm uma tendência a criar holofotes. Daqui a pouco tem um recesso, e depois do recesso vai ter convenção, e tudo mais. A ideia de parte dos apoiadores do prefeito é realmente tentar empurrar isso para depois”, complementou.

Instauração

Ao todo, 14 parlamentares assinaram o requerimento pedindo a instauração da CPI. A solicitação de investigação foi motivada pela denúncia sobre pagamento em dinheiro a um portal de notícias da capital, conforme vídeo divulgado pelo portal Metrópoles no dia 14 de março. As imagens, conforme a publicação, teriam sido gravadas no interior da Semcom, que funciona no mesmo prédio da Prefeitura de Manaus.

Além do presidente Caio André, assinaram o requerimento os vereadores William Alemão (Cidadania), Rodrigo Guedes (PP), Capitão Carpê (PL), Elissandro Bessa (PSB), Jaildo Oliveira (PV), Raiff Matos (PL), Lissandro Breval (PP), Diego Afonso (União Brasil), Thaysa Lippy (PRD), Professora Jacqueline (União Brasil), Marcelo Serafim (PSB), Everton Assis (União Brasil) e Glória Carratte (PSB).

Leia mais: ‘CPI da Semcom’: Câmara de Manaus vai instalar comissão que ‘mira’ gestão David Almeida
Editada por Aldizangela Brito
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