Braga aproveita aumento de doenças respiratórias para fazer política

O senador e ex-governador do Amazonas, Eduardo Braga. (Arte: Mateus Moura)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O senador e ex-governador do Amazonas Eduardo Braga (MDB) se aproveitou politicamente nesta quinta-feira, 25, do aumento dos casos de doenças respiratórias gerados pelo surto de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças de 1 a 12 anos no Estado para criticar a estrutura das unidades de saúde da capital. Além do Amazonas, outros 12 Estados têm alta no número de internações entre o público infantil, o que tem provocado a superlotação de hospitais.

Eduardo Braga concorreu ao Governo do Amazonas nas eleições de 2022. No segundo turno, foi derrotado por Wilson Lima. Quando foi governador do Estado, teve a gestão marcada por escândalos na saúde, como o caso dos medicamentos superfaturados, unidades de saúde superlotadas e mulheres dando à luz no chão de corredores de hospitais.

Na rede social Instagram, o parlamentar, que foi governador do Amazonas em dois mandatos consecutivos, de 2003 a 2010, e adversário político do atual chefe do Executivo estadual Wilson Lima (União Brasil), publicou imagens de crianças internadas no Hospital e Pronto Socorro da Criança – Joãozinho, na zona Leste de Manaus, e se referiu às estruturas hospitalares como “abandonadas“.

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“É lamentável que desde então as estruturas hospitalares do nosso Estado estejam abandonadas a ponto de tornar ainda maior o sofrimento das nossas crianças adoentadas e de seus responsáveis. Um absurdo que pode ser corrigido com boa gestão e o mínimo de espírito público“, disse na publicação.

Imagem publicada por Eduardo Braga no Instagram. (Reprodução/Instagram)

Falhas na gestão

Em 2006, o Jornal A Crítica denunciou a falta de leitos e de berços na Maternidade Ana Braga, na Avenida Cosme Ferreira, bairro São José, zona Leste da capital amazonense. Nas imagens publicadas na edição impressa, uma mulher aparece deitada no chão do corredor da unidade de saúde após ter dado à luz. Na outra, bebês precisavam dividir o mesmo leito.

Denúncia publicada no Jornal A Crítica, em 2006, na gestão de Eduardo Braga. (Reprodução)
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No Hospital e Pronto Socorro Dr. João Lúcio, também na zona Leste, pacientes ficaram amontoados em macas, camas e cadeiras improvisadas nos corredores da unidade de saúde. O jornal Diário do Amazonas lembrou na época que uma semana antes da denúncia o então governador Eduardo Braga apresentou ao ministro da Saúde, à época José Gomes Temporão, um hospital “maquiado”.

Matéria publicada no jornal Diário do Amazonas. (Reprodução)

Em 2005, o governo de Eduardo Braga entrou na mira da Justiça Federal por adquirir medicamentos a preços superfaturados em até 5.530%. À época, a juíza Jaiza Fraxe determinou um interventor federal para a Central de Medicamentos do Estado para apurar irregularidades.

Superfaturamento de remédios foi denunciado na gestão de Braga pelo A Crítica, em 2005 (Reprodução)

Surto nos Estados

Conforme mostrou o último Boletim InfoGripe da Fiocruz, com dados levantados até 8 de maio, já havia um alto número de internações entre o público infantil causadas pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Em 13 dos 27 Estados (Amazonas, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe), o sinal de crescimento de casos era concentrado nessa faixa etária.

O Amapá é uma das Unidades Federativas que mais sente os impactos na alta das internações. O Estado está em emergência pelo surto das síndromes gripais. Seis crianças já morreram devido à doença e outras 200 estavam internadas em unidades de saúde superlotadas. O Governo do Amapá recebeu, nesta semana, 12 mil toneladas de oxigênio para a abertura de 30 leitos novos.

A Secretaria de Saúde do Estado do Amapá disse que a SRAG entre as crianças está sendo provocada, principalmente, pela circulação do vírus sincicial e influenza A, causador da gripe. Há, ainda, casos de Covid.

A REVISTA CENARIUM questionou o senador Eduardo Braga sobre os escândalos na saúde pública durante os dois mandatos como governador do Estado, e aguarda retorno.

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