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Enquanto medidas restritivas atenuam Covid no AM, alta de casos assusta SC, Bahia e interior de SP
Adoção de medidas restritivas determinadas por decretos reduziu em até 79% as internações hospitalares. (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
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27 de fevereiro de 2021
Carolina Givoni – Da Revista Cenarium
MANAUS – Enquanto o Amazonas apresenta estabilidade na pandemia, Estados como Santa Catarina, Bahia e São Paulo dispararam em novos infectados por Covid-19. Um levantamento da REVISTA CENARIUM nesta sexta-feira, 26, mostra que a adoção de medidas restritivas determinadas por decretos reduziu em até 79% as internações hospitalares.
Para analisar a flutuação entre as internações na rede pública do Estado e a instituição dos decretos de restrição de pessoas, foram determinadas datas chaves para nortear a comparação, baseada em relatórios de monitoramento epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS).
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Os fluxo dos dias 1º, 15 e 31 dos meses de dezembro de 2020 e janeiro de 2021, além de 1º de fevereiro, 15 e 24 do mês atual, bem como os dias 14 de janeiro e 5 de fevereiro de 2021, respectivos picos de entradas nas unidades de referência contra Covid-19, foram traçados abaixo.
Comparativo
Dezembro de 2020 sai de 32 hospitalizações no 1º e no 15º dia apresenta uma pequena redução de 12,5%, indo para 28 registros. Vale ressaltar, que a flexibilização do comércio em 28 de dezembro, ocorreu após manifestações. No fim do mês, as 101 entradas hospitalares já ressaltavam que o resultado das aglomerações com aumento de 260% em 15 dias.
Além da rede pública colapsada, os leitos particulares também apresentavam lotação máxima, fator que quintuplicou o consumo de oxigênio além da capacidade produtiva. Aliado à estocagem de cilindros, a ação provocou a crise de abastecimento de oxigênio no Estado.
A observação aponta que apesar do colapso nos primeiros 14 dias, o decreto n° 43.269 reduziu em 34,4% o índice hospitalar, quando comparado ao dia subsequente, que mostrou 169 internações. A tendência de queda seguiu e no final do mês apresentou uma drástica redução de 72% em referência à 14 de janeiro.
Fevereiro
Comparando 1º de fevereiro e 1º de janeiro, o índice de internações se manteve na casa das centenas. No entanto, os 125 registros de entrada, apresentaram uma estabilidade com acréscimo de menos de 1% entre o início dos meses. O dia também estava sob a “cobertura” da restrição de circulação de pessoas, estabelecida no decreto n° 43.303 de 23 de janeiro.
A prorrogação do decreto n° 43.303 de 31 de janeiro também influenciou na redução de 50% de entradas hospitalares em 15 de fevereiro, comparadas ao mesmo dia do mês passado, quando eram apresentados 169 registros de entrada nos hospitais de referência da Covid-19.
O levantamento compilou registros até 24 de fevereiro, com um pico assinalado no dia 5. Com isso, o mês mais curto do ano catalogou 169 internações, o maior índice do período, que apesar de apresentar um percentual de 35,2%, é 2,3% maior do que 15 de janeiro, que também marcou 169 entradas.
Colapso em SC
O Estado de Santa Catarina enfrenta lotação da rede hospitalar. A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geral do Sistema Único de Saúde (SUS) está 90,43%. Santa Catarina ultrapassou, na terça-feira, 23, a marca de 7 mil mortes por Covid-19.
Com quase 1 mil óbitos em um mês e a fim de evitar mais perdas por conta do aumento de casos e a confirmação de cinco da variante P.1, o governo estadual anunciou lockdown a partir das 23h desta sexta-feira, 26, até 6h de segunda, 1º. A medida também se repetirá no outro fim de semana, entre 23h de 5 de março e 6h de 8 de março.
Brasília
Nessa quinta-feira, 25, a alta dos casos e a crescente ocupação de leitos de combater a Covid-19 no Distrito Federal (DF) fez o governador Ibaneis Rocha decretar lockdown e suspender as atividades não essenciais. O fechamento inicia na segunda-feira, 1º de março, das 20h às 5h.
O governo, por meio da Secretaria de Saúde (SES-DF), registra o total de 293.782 infectados pela doença, sendo 4.805 mortes. Até as 16h10 desta quinta, conforme o G1, a ocupação de leitos de UTI da rede pública por pacientes com Covid-19 chegava a 91,12%.
Bahia
A Bahia também passou a endurecer as medidas de combate ao novo coronavírus, decretando o toque de recolher. Inicialmente, a determinação era para que as pessoas ficassem em casa das 22h às 5h, de 19 até o dia 25 de fevereiro. O governador Rui Costa ampliou a medida devido ao aumento da ocupação de leitos UTIs que atingiu a taxa de 80% no domingo, 21.
Com a mudança, a medida passou a valer de 20h às 5h em 381 cidades baianas, vigorando até o próximo dia 28 de fevereiro. A medida não se estendeu para a região oeste. Em entrevista à CNN nessa quinta-feira, 25, Rui Castro admitiu que o Estado está entrando em colapso.
Interior de SP
O município de Araraquara, no interior do Estado de São Paulo, tem 29 casos do novo coronavírus, a P.1. As 105 mortes em janeiro e fevereiro deste ano no município superou os 92 óbitos do ano passado. A ocupação de leitos na cidade continua em 100% pelo quinto dia. Segundo a prefeitura, o aumento de casos, internações e mortes pode ter relação com a variante.
A prefeitura da cidade decretou lockdown no último dia 21 de fevereiro. Inicialmente, o bloqueio total seria por 60 horas, mas vem sendo prorrogado desde então. Na terça-feira, 23, a medida foi prorrogada para 78 horas, desta vez até o meio-dia de sábado, 27.
Efeito tardio
De acordo o pesquisador e epidemiologista da Fiocruz Amazônia, Jesen Orellana, o aumento dos casos em Santa Catarina, Bahia, Brasília e interior de São Paulo é um efeito tardio da falta de controle das aglomerações.
“Esse é um momento bastante crítico, a gente quebra inclusive um recorde histórico do número de mortes em um mesmo dia, com mais de 1.500 mortes. Estamos mergulhados no que pode ser a pior experiência com a pandemia de Covid-19 no Brasil”, disse Orellana.
Para o especialista, a nova variante ainda não pode ser mapeada de forma mais precisa. “Por conta da baixa capacidade de fazer o sequenciamento genético grandes quantidades de amostras simultaneamente. Então é algo bem complicado, mas a julgar pela velocidade da disseminação nas cidades citadas, é bastante provável que possam ser causadas pela P1, além de outras variantes associadas com maior transmissibilidade”, explicou Jesen.
Mesmos erros
Para o médico e infectologista Nelson Barbosa, atuante na linha de frente da Covid-19 em Manaus, caso os Estados adotassem uma leitura correta sobre a primeira onda do novo coronavírus, o novo pico da pandemia poderia ser mitigado por ações a ser acertadas. Algo que resultaria consequentemente, na redução de infectados, internações e mortes.
“O erro dos outros Estados é achar que nós estamos isolados e não estamos. Nessa época global, já era para eles terem se alertado quando o número de casos começou a aumentar aqui no Estado do Amazonas”, disse Barbosa.
“Está acontecendo a mesma coisa da primeira onda. A leitura deveria ser: ‘se já começou no Amazonas, vai chegar aqui’, com mesma força ou até pior da qual nos atingiu. Eles viram o que nós enfrentamos: o déficit de oxigênio, medicações faltando, energia faltando. Nossos tropeços já deveriam servir de alerta. As medidas nos outros estados foram impostas tardiamente, porque o vírus já está circulando”, finalizou.
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