Escolha de Zambelli para Comissão de Meio Ambiente é considerada ‘uma lástima’

A deputada ficou conhecida após episódio em que acusou ONGs de queimar a Amazônia (Reprodução/Internet)

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – Às vésperas de assumir a presidência da Comissão de Meio Ambiente na Câmara de Deputados, a deputada Carla Zambelli, do PSL de São Paulo – a mesma que acusou Organizações Não Governamentais (ONGs) de queimarem a Amazônia, sem nenhuma prova – é a principal cotada para a vaga. Em entrevista exclusiva à REVISTA CENARIUM, o ambientalista Carlos Durigan comentou sobre a escolha para o cargo.

Para Carlos Durigan, a decisão é uma lástima, tanto pelo histórico negacionista da deputada quanto pela sua ligação com setores do congresso que estão envolvidos na dinâmica de afrouxamento da nossa legislação ambiental. “Entendo que a comissão do Meio Ambiente deve atuar para fortalecer nossa agenda socioambiental nacional, cuidar de nosso patrimônio natural, o que não condiz com o histórico da deputada”, destacou.

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Carlos ressaltou, ainda, que assim como suas ligações, é previsível o que pode de fato acontecer, ou seja, ‘mais do mesmo’ na desconstrução de nosso arcabouço legal e normativo que embasa nossas políticas ambientais. “Existem processos e debates no congresso que ameaçam seriamente nossa agenda ambiental nacional, como PLs relacionados à liberação da caça para favorecer para o seu lado o lobby pelo comércio de armas e munições”, ressaltou.

Durigan afirmou, também, que discussões sobre abrandamento e flexibilização de processos de licenciamento ambiental para empreendimentos de diversas naturezas, tentativa de liberar áreas protegidas para exploração não sustentável, dentre tantos outros temas, também afetam as decisões. “Uma comissão de Meio Ambiente mal gerida pode abrir as portas para processos extremamente danosos”, salientou.

O biólogo e ambientalista José Narbaes destacou que, nos últimos anos, houve um retrocesso muito grande na política pública ambiental, em fatores que interferiram na preservação da Amazônia. “Espero que essa escolha da deputada à frente da comissão seja técnica e não política, e não com segundas ou terceiras intenções, pois dessa forma o principal afetado será o grupo de pessoas que realmente precisa do espaço para sobreviver”, destacou.

Afirmação

Em abril de 2019, em um evento promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em Berlim, a deputada afirmou que “ONGs, que supostamente deveriam estar protegendo, estavam colocando fogo na Amazônia para criminalizar um governo que é novo, de direita”, disse.

Carla Zambelli é uma das principais aliadas do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (Sem partido). No evento, a deputada bolsonarista também ressaltou que “nunca a Amazônia queimou tão pouco” ao contrário do que mostram os dados divulgados pelos principais institutos de monitoramento.

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