ESPECIAL | Eles fizeram a Amazônia de cobaia – OMS pede comprovação

A Organização Mundial de Saúde tem promovido estudos para verificar a eficácia de diversos medicamentos no tratamento da Covid-19 (Reprodução/OMS)
Cassandra Castro – da Revista Cenarium

MANAUS – A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem se pronunciado com cautela em relação ao uso de medicamentos que não tenham apresentado evidência científica comprovada de uso seguro e eficaz no tratamento da Covid-19. Em sua página oficial na internet, a OMS destaca que todo país é soberano para decidir sobre os protocolos clínicos de uso de medicamentos, mas faz questão de divulgar ensaios clínicos e recomendações para dar suporte ao com – bate à pandemia.

A hidroxicloroquina e a cloroquina são produtos licenciados para o tratamento de outras doenças, como as autoimunes e malária, mas, até o momento, não há evidência científica de que esses medicamentos sejam eficazes para o tratamento da Covid-19. A OMS, inclusive, emitiu alertas sobre efeitos colaterais dessas substâncias. No caso da cloroquina e da hidroxicloroquina, que é uma droga similar de uso mais difundido, são citadas com destaque as ocorrências de arritmia cardíaca, complicações nos rins e comprometimento da saúde dos olhos.

Estudo solidariedade

Lançado em março de 2020 pela OMS, o Estudo Solidariedade seleciona algumas opções de tratamento para análise de eficácia no tratamento da Covid-19. Além da hidroxicloroquina e da cloroquina, outras opções também foram escolhidas para avaliação: remdesivir; lopinavir/ritonavir; e lopinavir ritonavir com interferon beta-1a.

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Em outubro do ano passado, os resultados do Estudo Solidariedade apontaram que os quatro tratamentos avaliados (remdesivir, hidroxicloroquina, lopinavir ritonavir e interferon) tiveram pouco ou nenhum resultado na mortalidade geral, início da ventilação e duração da internação em pacientes hospitalizados. Coordenado pela OMS, o estudo envolve quase 13 mil pacientes em 500 hospitais de 30 países. Outras formas de uso de medicamentos precisam ser examinadas por meio de diferentes ensaios.

Outro medicamento que passou pela avaliação da OMS e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) é a ivermectina. De imediato, as instituições não recomendam o uso do medicamento para quaisquer propósitos diferentes daqueles para os quais ele é indicado, como no tratamento de oncocercose e sarna.

Nas revisões rápidas de estudos realizados em humanos, a Opas identificou incerteza nos benefícios e danos potenciais ao organismo como doenças hepáticas e problemas de intestino, além de disfunções no sistema nervoso central, entre outros. Em 31 de março de 2021, a OMS recomendou que a ivermectina seja usada apenas em ensaios clínicos relacionados à Covid-19, devido à evidência atual inconclusiva sobre o uso desse medicamento em pacientes com a doença.

Em contrapartida, a OMS recomenda nos tratamentos habituais de casos graves de Covid-19 a dexametasona e o uso do suporte de oxigênio. A dexametasona é um corticosteroide usado para o tratamento de várias doenças por seus efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores. Ele pode ajudar a reduzir o tempo que o paciente precisa estar em um ventilador. O medicamento pode salvar a vida de doentes em estado grave ou crítico. O suporte respiratório pode ajudar os pacientes em estado grave e aqueles em risco de doença grave. O suporte respiratório mais avançado, como a ventilação, é utilizado para doentes em estado crítico.

A automedicação, inclusive com o uso de antibióticos como forma de prevenção ou cura da Covid-19, não é recomendada pela OMS e Opas.

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