Fenaj, SJPAM e Abraji repudiam ataques de bolsonaristas à jornalista de Manaus Mayara Rocha

Na nota da SJP/AM e da Fenaj, as entidades dizem que o exercício de imprensa deve ser assegurado: "O exercício profissional deve ser assegurado para garantia do direito à informação da sociedade e do direito do cidadão de ser bem informado" (Thiago Alencar/CENARIUM)
Arthur Coelho – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJPAM), repudiam agressões verbais cometidas por manifestantes de ato antidemocrático contra a jornalista Mayara Rocha, ocorrido na quinta-feira, 10. “Requer a adoção de medidas de proteção junto às autoridades públicas de segurança do Amazonas”, diz a nota.

O ataque aconteceu quando a profissional fazia a cobertura do manifesto que ocorre, pelo décimo dia, em frente ao Comando Militar da Amazônia (CMA), na Zona Oeste de Manaus. O repórter cinematográfico Anderson Luiz também foi hostilizado.

Veja o vídeo da agressão:

Segundo informações apuradas pela equipe de reportagem da CENARIUM, os manifestantes se aproximaram armados de pedras para lançar na direção dos jornalistas, ato que só foi contido por meio da intervenção de um segurança na manifestação.

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Em seguida, um dos manifestantes, ainda não identificado, se aproximou da repórter que, na saída do veículo, ao término da reportagem, recebe gritos do homem que bate no carro. Em seguida, ele agride os profissionais, verbalmente, com palavras de baixo calão. Em várias delas, ele, o agressor, grita e ofende a repórter no aspecto pessoal de sua orientação sexual: “seus bando de imundo… Tu tá doida é? Vai tomar no…, sua…”, diz o agressor.

Leia a matéria: Bolsonaristas atacam jornalistas e ofendem repórter com palavrões; apoiadores de protestos se calam

Exercício da profissão

Na nota da SJP/AM e da Fenaj, as entidades dizem que o exercício de imprensa deve ser assegurado: “O exercício profissional deve ser assegurado para garantia do direito à informação da sociedade e do direito do cidadão de ser bem informado”, pontua.

Já no comunicado da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), diz que o caso de Mayara Rocha figura entre as 50 ocorrências de violência contra a imprensa registradas pela Abraji e pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) desde o final da eleição, no dia 30 de outubro de 2022. A maioria dos ataques ocorreu nos locais de manifestações antidemocráticas, que negam o resultado das urnas e pedem intervenção militar. A gravidade da situação brasileira tem sido denunciada pela Abraji e pelo conjunto de entidades e organizações de defesa da liberdade de imprensa e de expressão.

Leia as notas na íntegra:

Nota da Fenaj/SPJAM

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas – SJP/AM e a Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj, entidades de representação dos jornalistas brasileiros, manifestam total repúdio às agressões verbais e ameaças de agressão física realizadas por manifestantes do ato antidemocrático contra a jornalista Mayara Rocha, ocorrido nesta quinta-feira, 10/11, nas proximidades do Comando Militar da Amazônia – CMA, na Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus.

Diante de imagens e de declarações de profissionais jornalistas, que reafirmaram as ameaças de agressões a outros profissionais da imprensa registrados no acompanhamento das manifestações, o SJP/AM requer a adoção de medidas de proteção junto às autoridades públicas de segurança do Estado.

O exercício profissional deve ser assegurado para garantia do direito à informação da sociedade e do direito do cidadão de ser bem informado.

Cabe, neste momento, à empresa da jornalista a representação judicial, pois a mesma se encontrava em plena atividade de trabalho. O SJP/AM e a Fenaj solidarizam-se com a jornalista Mayara Rocha, colocando-se à disposição para posteriores ações em defesa do pleno exercício profissional, de forma individual e coletiva.

Nota da Abraji

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudia e denuncia a intimidação imposta à imprensa de Manaus, impedida de cobrir a manifestação antidemocrática diante do Comando Militar da Amazônia. Centenas de manifestantes se revezam em acampamento na frente do órgão público, chegando a bloquear, por diversas vezes, trecho da Avenida Coronel Teixeira, uma das principais vias da cidade. Ameaçados, jornalistas têm sido impedidos de fazer a cobertura no local. Na quinta-feira (10.nov.2022), a repórter da TV A Crítica Mayara Rocha foi atacada, ofendida e hostilizada por manifestantes. Ela esteve no local para reportar que o Ministério Público Federal (MPF) havia instaurado um inquérito para apurar quem estaria por trás da manifestação contínua, que tem afetado 230 mil moradores da região da Ponta Negra.

Rocha se posicionou longe dos manifestantes, uma vez que outras equipes de reportagem já tinham sofrido retaliações. Ainda assim, uma das pessoas presentes se armou com uma pedra, mas foi dissuadido por um suposto segurança dos manifestantes. No entanto, ao deixar o local, o carro da equipe de reportagem foi atacado com chutes por um homem. Quando a jornalista desceu o vidro do carro para filmar o agressor, ele passou a proferir ofensas homofóbicas e misóginas contra a jornalista. A cena foi filmada por ele, que distribuiu a um portal o vídeo editado, como se a agressão tivesse partido da equipe de reportagem. A jornalista está reportando o caso à polícia e a emissora tomará medidas cabíveis contra o agressor, que já foi identificado.

50 ataques em 12 dias

O caso de Mayara Rocha figura entre as 50 ocorrências de violência contra a imprensa registradas pela Abraji e pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) desde o final da eleição, no dia 30.out.2022. A maioria dos ataques ocorreu nos locais de manifestações antidemocráticas, que negam o resultado das urnas e pedem intervenção militar. A gravidade da situação brasileira tem sido denunciada pela Abraji e pelo conjunto de entidades e organizações de defesa da liberdade de imprensa e de expressão.

Abraji se solidariza com Mayara Rocha e sua equipe e com todos os jornalistas que estão sendo atacados ou impedidos de exercer sua profissão. A Abraji cobra do Ministério da Defesa, das Forças Armadas e das forças de segurança locais e regionais a garantia de que o trabalho da imprensa possa ser cumprido com segurança e respeito nos locais dessas manifestações, que são de interesse público e alvos de investigação criminal em diversos Estados.

Diretoria da Abraji, 11 de novembro de 2022

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