Filme inspirado em história de amazonense é lançado em RO, neste sábado, 8

O curta-metragem é dirigido e roteirizado por Juraci Júnior e conta com cenas em aquarela, desenhadas pela ilustradora Roberta Marisa (Reprodução)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – A história do amazonense Manoel Maciel, que revolucionou as atividades folclóricas na comunidade de Nazaré nas décadas de 60 e 70, distrito rural do município de Porto Velho, em Rondônia, é a principal inspiração para o filme “Nazaré – Do Verde ao Barro”. A obra estará disponível, a partir das 19h, no YouTube. O curta-metragem é dirigido e roteirizado por Juraci Júnior e conta com cenas em aquarela, desenhadas pela ilustradora Roberta Marisa.

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Manoel Maciel, amazonense, é considerado um dos expoentes nas manifestações folclóricas da comunidade Nazaré (Arquivo Pessoal/Reprodução)

“A história é baseada na vida de várias pessoas que chegaram em Rondônia, em busca de uma nova vida. Em especial, seu Manoel Maciel, um amazonense que chegou na comunidade de Nazaré, em Rondônia, por volta de 1966. Ele é um grande nome na criação das primeiras manifestações folclóricas da comunidade e um educador”, destacou o diretor de cinema, Juraci Júnior. O filme foi contemplado pela Lei Aldir Blanc, no Edital Jair Pistolin, do governo do Estado de Rondônia.

Juraci Júnior é o diretor e roteirista do filme (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Nessa quinta-feira, 6, Juraci falou à REVISTA CENARIUM que, no filme Nazaré, buscou mostrar a resiliência do ribeirinho que vive na comunidade. Segundo ele, as famílias da região têm uma relação de respeito com o grande rio que deságua na região e a floresta amazônica, fazendo com que acabem compreendendo que, mesmo com as dificuldades da vida ribeirinha, é essa a vida deles, a qual se identificam e que lutam para preservar.

“Eles fazem parte do todo. Plantam, colhem, navegam pelos rios e criam uma relação de respeito aos fenômenos da natureza, mas também sentem a dor da perda em grandes cheias, por exemplo. Mas, no fim, compreendem que aquele é o lugar deles”, salientou.

Pioneiro

Natural do município de Manicoré, no Amazonas, Manoel viveu a juventude e a fase adulta em Nazaré e teve seis filhos, sendo duas mulheres e quatro homens. Na comunidade, acontece o Festival do Distrito de Nazaré, considerado um dos mais tradicionais festivais da região do baixo e médio Madeira, em Porto Velho, onde Manoel foi um dos pioneiros. O amazonense faleceu em 2008, após dedicar a vida à família e à região, deixando um legado de amor ao folclore. À REVISTA CENARIUM, o filho Teimar Martins contou que o pai representa uma fonte de inspiração para os moradores que continuam a saga pela valorização da cultura local.

“Ele representa o orgulho de expor a nossa arte e alegria em nosso dia a dia, e também para a apreciação de todos que visitam a comunidade nos festejos, nos festivais. Eu sinto muito orgulho da missão de vida do meu pai. Eu fiz um compromisso comigo mesmo, pelo meu pai. Em 2014, resolvi me dedicar totalmente à esse legado, de alguma maneira contribuindo para a potencialização do Grupo Minhas Raízes e Festival Cultural de Nazaré. E ainda tenho muitas lutas pela frente, em função desse legado que a nossa família tem o privilégio de herdar”, destacou Teymar.

Enredo

“Nazaré – Do Verde ao Barro” foi escrito em 2018, mas só agora foi executado, contando com produção de Fernanda Paiva. O enredo da história começa com uma família que contém um pai, uma mãe e uma criança, que saem do Amazonas e chegam a Nazaré, mas que a jornada muda conforme a cheia de um rio. Juraci descreve que a criança cresce na comunidade, se apaixona, se envolve com a cultura local e constrói uma família, até que eles precisam dar mais espaço às águas do rio e, quando tudo se acalma, retornam.

À CENARIUM, o roteirista destacou as dificuldades de produzir um filme em meio à pandemia. “Eu sabia que daria muito trabalho. É tudo muito artesanal. As cenas são desenhadas em aquarela, pela ilustradora Roberta Marisa. Mas, para que tenham movimento, tivemos de gravar cenas reais, com atores reais (dois deles que viveram em Nazaré), para que na pós-produção, as telas ganhassem forma animada”, frisou.

Filme contará com uma live de estreia que será transmitida neste sábado, 8 de maio.

De acordo com Juraci, esse trabalho minucioso de rotoscopia, isto é, técnica de animação, onde um modelo humano é filmado e o desenho é feito com base nessa captura da imagem, foi realizado por Rone Mota. A trilha sonora do filme é original, criada por Túllio Nunes, filho do próprio Manoel Maciel, sendo composta especialmente para o longa, além de ser pensada frame a frame.

“Túllio cresceu na comunidade e hoje é um músico e produtor musical sensacional. Ou seja, muito trabalho, em diversas frentes. Sobre gravar em plena pandemia, dobra o desafio e a preocupação. Tivemos dois dias de externa, e no elenco usamos pessoas que já viviam juntos. Tem uma cena de beijo, por exemplo, que foi feita por um casal de jovens que hoje vivem juntos em Porto Velho, mas que já moraram em Nazaré. Usamos imagens de arquivo também. Eu não tive como gravar o filme em Nazaré. Então, rodamos em Porto Velho mesmo. Faríamos o lançamento na própria comunidade, mas, com o aumento de casos da Covid-19, decidi não ir até lá. Faremos virtualmente. Quando estivermos todos seguros, eu vou e faço uma exibição para a comunidade”, comentou.

Além de diretor e roteirista, Juraci Júnior é ator e apresentador de televisão, possuindo formação em Publicidade e especialização, no exterior, em Conteúdo de Marca. Mato-grossense, ele escolheu Rondônia para viver e é apaixonado pela Amazônia, onde assina trabalhos de teatro, televisão e cinema. “Eu comecei meu trabalho de arte como ator de teatro em 2003. Depois de um tempo, fiz um teste para apresentar um programa de TV. Deu certo, e fui dialogando com as formas de me comunicar”, lembra.

Juraci Júnior também é ator e apresentador de televisão (Arquivo Pessoal/Reprodução)

No Brasil, o primeiro curta dele como ator foi em “Quimera”, de Tarcísio Lara Puiati. Juraci também atuou em “Que Assim Seja”, de Érica Pascoal. “Depois de um tempo, ao conhecer o Festival de Parintins, fiquei tão mexido com a relação que os moradores da ilha têm com o festival, as lendas e até a viagem de barco, que escrevi meu primeiro roteiro para o cinema, que foi ‘Balanceia’. Esse curta me levou para festivais de cinema pelo Brasil que nem pensei acessar um dia. Assino o roteiro e divido a direção com Thiago Oliveira. Paralelo a esse trabalho com arte, escrevo e dirijo para televisão também”, concluiu.

Acesse o link para acompanhar a estreia do filme: https://youtu.be/-UWcUt8b_fU

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