Jornalista do SBT desabafa sobre comportamento abusivo de Eduardo Braga; pedância de senador é histórica

Eduardo Braga e Márcia Dantas: mais um caso de misoginia para o arquivo do senador do AM

Por Paula Litaiff

Quando assumiu, pela primeira vez, o Governo do Amazonas, em 2003, Eduardo Braga expôs o que deveria já fazer parte de sua essência: a pedância no trato com as pessoas, principalmente, com as mulheres, pior se essas fossem jornalistas. Passados quase 20 anos, o comportamento abusivo de Braga, mais uma vez, é pauta negativa na imprensa.

No artigo “Os desafios jornalísticos na mediação de um debate”, publicado neste sábado, 1.º de setembro, a jornalista do SBT Márcia Dantas faz referências explícitas ao episódio que sofreu com Braga no último confronto televisivo dos candidatos ao Governo do Amazonas, na quinta-feira, 29, em Manaus. Ela evita citar diretamente o nome dele.

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Um dos participantes do debate, o senador Eduardo Braga gerou constrangimento ao colocar em xeque a capacidade técnica da profissional na condução do embate entre os candidatos e a jornalista relata o caso no artigo escrito ao site SBTNews.

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“Escrevo este texto do avião. Estou voltando para casa após viver a experiência de mediar um debate político pela primeira vez.(…) Começa o jogo de perguntas e respostas. No final do primeiro bloco, um candidato ficou sem responder, o que gerou uma confusão”, descreveu a jornalista. 

E continuou o relato, lembrando o momento em que o senador do Amazonas confronta, erroneamente, a apresentadora sobre a organização das perguntas aos debatedores: “Você está equivocada”, retrucou Braga. “Eu não estava. Mas fui induzida a duvidar da minha própria capacidade. Cedi, a contragosto”, admitiu Márcia, novamente sem citar nomes, mas o único candidato que a chamou de “equivocada” no debate foi Eduardo Braga, conforme vídeo abaixo.

‘Me respeite’

O intervalo do debate do SBT, no Amazonas, foi o ponto ápice da conduta abusiva de Braga contra a jornalista. Sem saber que estava sendo gravada, Márcia foi vista enfrentando o senador nos bastidores do programa: “O senhor está levantando a voz comigo porque eu sou mulher? O senhor me respeite!”, disse a apresentadora. A informação foi confirmada pela CENARIUM junto aos produtores do debate.

Dois candidatos saíram em defesa de Márcia Dantas durante o debate do SBT. Henrique Oliveira e Carol Braz. “O Eduardo mais uma vez mostrou toda a intranquilidade, principalmente, em relação às mulheres”, disse Henrique.

“Triste ato de machismo do candidato Eduardo Braga, que acha que porque é homem pode agir com agressividade”, completou Carol. Braga tentou obter direito de.resposta, mas foi barrado pela mediadora.

Apesar de todo o aparente desrespeito causado à apresentadora que saiu de São Paulo para mediar o debate em Manaus, Márcia Dantas, aparentemente pressionada informou em coletiva de imprensa que não houve desrespeito de nenhum candidato e que ela tinha sido “acolhida” por todos os debatedores. Não foi verdade e em seu artigo de hoje, Márcia confirma isso.

Pedância contumaz

Pedância é qualidade ou característica daquele que age com “extrema arrogância, vaidade e alardeando conhecimento ou qualidades; é a necessidade de autoafirmação”.

Não há muitas controvérsias sobre as qualidades técnicas de Eduardo Braga, mas o homem público, aquele pago com o dinheiro do contribuinte, precisa, acima de tudo, ter equilíbrio e a capacidade emocional de se fazer entender sem precisar usar de abuso psicológico com o interlocutor seja ele homem, seja mulher.

No período em que foi governador (2003-2010) – fase em que pouco se debatia comportamentos abusivos, assédio moral ou misoginia – os jornalistas identificavam Braga de “homem difícil” no  trato com a imprensa, mas não havia uma reflexão sobre isso. Há quem falasse que fazia parte da personalidade dele.

Em entrevistas em que era confrontado por repórteres, principalmente, jornalistas mulheres, Braga gritava, enfrentava com olhar sisudo, puxava o crachá e usava o dedo indicador para pressionar o rosto de profissionais, especialmente, mulheres. Quem cobria política no Amazonas, à época, sabe que era assim. Eu sei que foi assim.

Comportamento imutável

Mas não são só jornalistas, as vítimas do senador. Em dezembro do ano passado, Eduardo Braga atacou a ministra da Secretaria de Governo da Presidência da República, Flávia Arruda, durante um telefonema.

Segundo Flávia, Braga gritou com ela proferiu palavras de baixo calão ao reclamar de emendas parlamentares negadas pelo Palácio do Planalto. As informações foram reveladas, à época, pela coluna do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

De acordo com Jardim, as emendas, que não tiveram o valor e sua destinação informados, haviam sido prometidas pelo Palácio do Planalto, mas não chegaram a ser liberadas. Em telefonema a Flávia Arruda, Braga não teria gostado da negativa e teria destratado a ministra.

Não deve haver só “Flávias”, “Márcias” e “Paulas” no histórico de comportamento abusivo do candidato ao Governo do Amazonas, Eduardo Braga, mas com toda certeza, há de surgir novas mulheres, homens, também, qualquer um que ele julgue mais frágil. A verdade é que Eduardo Braga não muda e o tempo provou isso…

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