Início » Sociedade » Juiz do AM defende que maconha precisa de regulamentação legislativa
Juiz do AM defende que maconha precisa de regulamentação legislativa
A conversa com o juiz ocorreu em meio julgamento do STF sobre o assunto. (Foto: Raphael Alves)
Compartilhe:
07 de setembro de 2023
Filipe Távora – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS (AM) – O juiz Luis Carlos Valois, da Vara de Execução Penal do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), declarou à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA que a legalização do consumo da maconha precisa ser feita com regulamentação por meio do legislativo.
A conversa com o magistrado ocorreu dentro do contexto das discussões do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da descriminalização da conduta de ter consigo drogas para consumo individual e próprio. A um voto de descriminalizar o porte de maconha, o ministro André Mendonça pediu vistas para analisar o processo, mas o tribunal já tem cinco votos para distinguir usuário e traficante.
“Acho que o que financia o tráfico não é a cannabis, mas outras drogas. A legalização do consumo precisa ser com regulamentação, que deve ser feita por meio do legislativo”, avaliou.
PUBLICIDADE
Para o magistrado, a possibilidade de plantio da maconha para uso medicinal – por exemplo – por si só diminuiria a incidência de usuários que utilizam o tráfico de drogas como forma de obter o entorpecente.
O juiz argumentou que há uma indústria armamentista e um sistema prisional que criam uma teia de difícil saída para moradores de periferia. A configuração presente da legislação brasileira, na visão do magistrado, incentiva o mercado criminoso.
“O álcool é regulamentado, mas ninguém tenta criminalizar o uso dessa substância. O uso da maconha é uma questão individual, um direito, inclusive, à autolesão pertencente a todo cidadão”, continuou.
O debate do STF começou em 2015 e a Corte julga o recurso de um homem que estava preso por porte de armas e depois foi condenado, novamente, porque foram encontrados 3 gramas de maconha na cela em que ele ocupava, no Centro de Detenção Provisória de Diadema, na Grande São Paulo.
Pontos de vista
O advogado criminalista e professor Luís Eduardo Valois, por outro lado, acredita que a descriminalização da maconha geraria efeitos perniciosos à sociedade brasileira. A pauta, para o profissional, perpassa pelo tema dos costumes sociais, não apenas no de segurança pública.
“Talvez a maconha, caso fosse liberada, passasse a fazer parte do cotidiano das famílias, o que geraria o convívio de crianças em lares onde há pessoas que fumam maconha”, afirmou.
O delegado da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) e mestrando em segurança pública, João Tayah, considera que o Estado deve descriminalizar o porte e a comercialização da maconha. Na prática, o delegado atua na ponta do processo penal, executando a política de repressão às drogas.
Segundo ele, a legalização da substância permitiria ao poder público a imposição de restrições, limites e condições à comercialização, o que também geraria recursos tributários ao Estado.
“Esses tributos podem ser revertidos a serviços sociais públicos e até para a própria conscientização da população acerca dos males do uso de drogas. No Brasil, conseguimos reduzir drasticamente o consumo de cigarro sem promover nenhum tipo de proibição, apenas com conscientização. Esse é o melhor caminho”, disse Tayah.
Ainda conforme o delegado, a proibição da comercialização fortalece o crime organizado, financiado organizações criminosas cujos membros usam dinheiro do comércio de drogas para prática de outros crimes como homicídios, roubos e furtos.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.