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Líder dos caminhoneiros, Wallace Landim diz que atos antidemocráticos em rodovias não representam a categoria
Presidente da Abrava, Wallace Landim se comprometeu a buscar diálogo com o novo governo eleito para destravar pautas do segmento deixadas de lado pela gestão Bolsonaro (Arte: Thiago Alencar/Revista Cenarium)
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22 de novembro de 2022
Iury Lima – Da Revista Cenarium
VILHENA (RO) – “Estão tentando envolver nossa categoria em uma pauta política (…) Vemos com muita tristeza o que vem acontecendo, hoje, no cenário político brasileiro. Muitas pessoas não aceitam o que realmente deu nas urnas”, lamenta o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotivos (Abrava), Wallace Landim, durante entrevista concedida à REVISTA CENARIUM.
Conhecido no meio dos Transportes como “Chorão”, o líder dos caminhoneiros despreza o tom adotado pelos protestos de eleitores inconformados com a derrota do presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) e afirma que movimento não representa a classe, mesmo que haja participação de caminhoneiros no que ele concorda em chamar de “atos antidemocráticos”.
Retrato hostil
Enquanto isso, manifestantes de extrema-direita seguem com bloqueios e interdições ilegais nas rodovias federais do País. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) contabiliza, pelo menos, 18 trechos tomados por protestos, até a noite desta segunda-feira, 21. Todos em Mato Grosso. Por outro lado, a PRF, em Rondônia (RO), monitora outros seis locais interditados, que não entram nas contas oficiais da corporação em Brasília (DF).
Na madrugada de domingo, 20, por exemplo, um homem foi preso em um desses locais de protestos, na cidade de Ariquemes, a 200 quilômetros de Porto Velho, por desacatar um policial rodoviário com um insulto racista. Na mesma cidade, carretas foram saqueadas e incendiadas. Episódios que ocorreram mesmo após a dispersão da BR com tropas de choque, que revidaram à resistência com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Oito manifestantes também foram presos, em Vilhena, no interior do Estado, na manhã de domingo, 20. Os detidos fazem parte de lideranças identificadas anteriormente, segundo a PRF.
“São atos antidemocráticos, mesmo”, diz Landim. “São pessoas que não aceitam um posicionamento contrário ao delas”, ressaltou. Para o presidente da Abrava, outras coisas deveriam estar em debate, como “o fator econômico”.
“De fato, a nossa preocupação, nesse sentido, principalmente econômica, é muito forte (…) Eu tenho um posicionamento de que eu não me envolvo nessas pautas. Nem contra o governo, nem a favor do governo. Quem vai sofrer é a classe mais pobre desse País, que são os menos assistidos e, também, o transportador autônomo, que transporta, hoje, mais de 53% da carga desse País”, defendeu Wallace Landim.
Prejuízo para quem trabalha
Contra a convocação de uma greve e para garantir que os atos a favor de uma intervenção militar não representam a categoria, a Abrava entrou na Justiça pedindo indenização aos caminhoneiros autônomos que forem impedidos de circular. A associação representa 35 mil trabalhadores.
“Sempre lutamos e sempre vamos lutar pela democracia nesse País”, afirmou Landim. “Eu peço para que todos tenham responsabilidade, principalmente aqueles estão bloqueando rodovias nesse País, tirando o direito de ir e vir do cidadão. O transportador autônomo quer trabalhar”, defendeu o líder dos caminhoneiros.
Wallace Landim também se compromete a buscar diálogo com o novo governo eleito para destravar pautas do segmento deixadas de lado pela Gestão Bolsonaro, como o fim da política de Preço de Paridade de Importação (PPI), que alimenta, por exemplo, a explosão dos preços dos combustíveis. “E se não houver um compromisso do novo governo, nós vamos cobrar, sim”, ponderou.
“Muitos estão parados nesses piquetes porque estão sendo obrigados. Então, vamos respeitar a opinião do próximo, a opinião da maioria que decidiu pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não vamos afundar esse País, porque quem vai pagar somos nós”, concluiu o presidente da Abrava.
Pouca atuação
No dia 11 de novembro, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, ordenou que as polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal identificassem empresas e veículos que dão apoio logístico e financeiro aos manifestantes e aplicassem multas em R$ 100 mil por hora. No entanto, a atuação não foi tão enérgica: pouco mais de 7 mil multas foram aplicadas em menos de 8% dos trechos bloqueados ou interditados, segundo levantamento do Portal UOL.
Outro levantamento, do Jornal o Estado de São Paulo, revelou que empresários que doaram mais de R$ 1 milhão para a campanha eleitoral de Bolsonaro enviaram 87 caminhões a Brasília, palco de protestos contrários à vitória de Lula.
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