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Mapeamento de ataques à imprensa na Amazônia cita jornalistas da CENARIUM
O fotojornalista Ricardo Oliveira foi abordado por cinco homens em frente ao CMA, que o chamaram de "covarde" (César Aleijos/Revista Cenarium Amazônia)
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21 de setembro de 2023
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS (AM) – Entre 30 de junho de 2022 e 30 de junho de 2023, foram registrados 66 ataques a profissionais da imprensa nos noves Estados da Amazônia Legal. O mapeamento consta no relatório “Amazônia: Jornalismo em Chamas”, divulgado pela organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF) nesta quinta-feira, 21, e que contou com depoimentos de jornalistas da REDE CENARIUM AMAZÔNIA.
O documento retrata os desafios da cobertura jornalística nas questões ambientais e revela a dinâmica da violência e insegurança na região, que se acentuam por influência de pressões políticas e econômicas. Entre os entraves, o relatório destaca a precarização da infraestrutura, como dificuldades de transporte e acesso à internet, além da ausência de recursos financeiros adequados para a apuração e produção de reportagens.
No mapeamento, a diretora da REDE CENARIUM AMAZÔNIA, Paula Litaiff, também relata os problemas inerentes ao alto custo de produção de reportagens na Amazônia. Atualmente, o veículo de comunicação possui sede em Manaus e jornalistas nos Estados do Pará, Roraima e Rondônia, além de São Paulo e Distrito Federal. “Não é fácil manter a independência e viajar para fazer coberturas em lugares de difícil acesso”, ressalta.
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Litaiff também relata, no documento, a censura imposta pela Justiça no ano passado, quando a revista abordou, em uma matéria, a acusação de pedofilia feita pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) contra um deputado federal do Estado.
Efeito da polarização
O relatório da RSF expõe ameaças e violências vividas por comunicadores da Amazônia Legal e aponta a instabilidade gerada por um cenário político polarizado pela esquerda e pela direita no Brasil. Além disso, o documento revela que o maior número de ataques aos profissionais é motivado por assuntos que envolvem aspectos da política nacional e local, bem como as eleições. Dos 66 casos mapeados, 47 têm relação com os temas.
Em 2022, depois das eleições de outubro, a CENARIUM se tornou alvo de ações judiciais por parte de empresas do Amazonas após revelar que elas haviam financiado movimentos antidemocráticos que se recusavam a aceitar o resultado das urnas.
À época, uma reportagem da jornalista Ívina Garcia apontou o esquema de repasse de alimentos e bebidas a grupos que pediam, em frente ao Comando Militar da Amazônia (CMA), que as Forças Armadas assumissem o comando do País.
“Eles [manifestantes] compartilharam minha imagem em grupos da extrema-direita do País todo. Passaram a me xingar e me ameaçar em minhas contas no Twitter e no Facebook. Alguns disseram que sabiam meu endereço”, conta a jornalista no relatório. “Logo, os comentários deixaram de ser relacionados com a minha profissão e passaram a ser misóginos”, relembra.
O mapeamento da RSF aponta que o aumento do discurso de ódio contra a imprensa coincide com a alta da desinformação na Amazônia, que se intensificou drasticamente durante a pandemia de Covid-19 e as eleições presidenciais de 2022. “Além das ameaças físicas na Amazônia, jornalistas e comunicadores são alvos de campanhas de difamação e desinformação, em geral, orquestradas por agentes econômicos e políticos”, diz o documento.
Ataques em números
O Amazonas é o Estado com mais registros de ataques a profissionais da imprensa, com 18 notificações. Destas, 15 são na capital, Manaus. Na segunda posição está o Pará, com 15 casos, dos quais nove aconteceram em Belém. O Mato Grosso é o terceiro colocado do ranking com dez ocorrências.
Os demais Estados somam 23 atos de violência contra comunicadores: Rondônia (8); Roraima (5); Maranhão (6); Tocantins (6); Amapá (2). Apenas no Acre não houve relatos de episódios de agressão ou censura.
Os assuntos que ocasionaram os ataques incluem: política nacional/eleições (33); política local (14); meio ambiente/agronegócio/garimpo/mineração (7); direitos humanos (6); segurança pública (6); povos indígenas (6); saúde (2); cidades/administração pública local (2); crime organizado (2); educação (1); iniciativa privada local (1); cultura (1); outro (1). Alguns casos foram incluídos em mais de uma categoria.
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