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Meteorologista explica que mesmo com chuvas, nível do rio deve continuar em queda
Nuvens de chuva em Manaus (Foto: Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)
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16 de outubro de 2023
Yana Lima – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS (AM) – Apesar das chuvas registradas no fim de semana e nesta segunda-feira, 16, o período chuvoso ainda não chegou oficialmente, segundo o meteorologista Renato Senna, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A previsão é que as chuvas se intensifiquem somente no fim deste mês. Enquanto isso, o Rio Negro, que atingiu o menor nível desde que passou a ser medido, há 121 anos, deve continuar baixando.
“O rio deve permanecer ainda baixando por mais alguns dias pois, será necessário que as chuvas ocorram com maior frequência, principalmente nas principais bacias formadoras dos Rios Negro e Solimões”, explica.
Por conta do El Niño, a previsão é que neste ano, o “inverno” seja menos rigoroso. O meteorologista explica que, no momento, os principais modelos de previsão de tempo brasileiros indicam a ocorrência de chuvas no Estado do Amazonas, concentrando-se principalmente no Oeste do Estado.
Durante este período de transição, as chuvas normalmente ocorrem em forma de pancadas rápidas, concentrando volumes expressivos em curtos espaços de tempo e, muitas vezes, localizadas em pequenas áreas.
“Espera-se que as chuvas comecem a se regularizar mais para o final do mês, com chuvas mais frequentes e por maiores períodos de tempo, conforme esperado pela climatologia. No entanto, ainda persiste a ocorrência do fenômeno El Niño nas águas superficiais do Oceano Pacífico, que poderá reduzir tanto a frequência quanto o volume das chuvas em nossa região”, explica.
De acordo com a medição feita pelo Porto de Manaus, o Rio Negro baixou 32 centímetros entre sábado e esta segunda-feira. As medidas do fim de semana foram: menos 13 cm no sábado; menos 9 cm no domingo; menos 10 cm nesta segunda. Segundo a Defesa Civil, deve levar cerca de 30 dias para que o nível dos rios se recomponham.
La Niña x El Niño
O comportamento climático varia de ano para ano devido a fatores como El Niño, La Niña e outros padrões climáticos. O meteorologista destaca que este ano tem sido atípico. Nos anos anteriores a influência era do La Niña (águas mais frias no oceano Pacífico), o que resultou nas grandes cheias de 2020, 2021 (recorde) e 2022.
“Este ano, o fenômeno presente é o El Niño (aguas superficiais mais quentes no Pacifico), junto ao aquecimento do Atlântico Tropical Norte, ambos contribuem para movimentos subsidentes (de cima para baixo) em grande parte da Amazônia, reduzindo ou inibindo a formação de nuvens, ocasionando a redução das chuvas em nossa região”, explica.
Queimadas
O superintende do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), Joel Araújo, confirmou que as chuvas aliviaram os focos de incêndios, mas a mobilização das equipes continua.
Mais um reforço de brigadistas chegou a Manaus nesse domingo, 15, para ajudar no combate aos incêndios florestais no Amazonas, com 58 especialistas em incêndios do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Com a chegada do reforço, agora são 289 brigadistas que, a princípio, irão atuar nas cidades onde registram mais focos de incêndios, como Autazes e Careiro da Várzea, no interior do Estado.
Auxílio do Governo Federal e outros estados
Diante do registro histórico da menor cota do Rio Negro, o Governo do Amazonas adotou, desde janeiro de 2023, medidas para enfrentar e amenizar os impactos da estiagem e tem enviado ajuda humanitária como cestas básicas, kits de higiene, água potável, medicamentos, entre outras medidas, para as famílias afetadas pela estiagem no estado.
No dia 6 de julho, a pedido do governador Wilson Lima (União Brasil), o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou a atuação da Força Nacional de Segurança Pública, por até 90 dias, em Humaitá, Apuí, Boca do Acre, Lábrea e Manicoré. Esses municípios, onde há uma parcela maior de áreas federais, concentram a maior parte dos incêndios florestais do estado.
No dia 24 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em conversa por telefone com o governador Wilson Lima, garantiu apoio às famílias de cidades afetadas pela estiagem. Já no dia 26 de setembro, o governador esteve em Brasília para uma agenda com o ministro dos Transporte Renan Filho e de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, juntamente com a bancada federal do Amazonas, em que recebeu a garantia da realização de dragagem emergencial em rios do estado, para melhorar a navegação.
Entre o fim de setembro e o início de outubro, o Governo do Amazonas passou a contar com o apoio de aeronaves para intensificar o combate aos incêndios. Uma aeronave foi cedida pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, outra pelo Governo do Distrito Federal, e outra da Marinha do Brasil. Uma quarta aeronave em atuação é da SSP-AM.
Na última quarta-feira, 11, o governador conversou, novamente, com os ministros Marina Silva do Meio Ambiente, José Múcio da Defesa e Silvio Costa, dos Portos e Aeroportos, solicitando apoio ao trabalho que o Governo do Estado vem realizando no combate às queimadas.
Comunidades rurais
Conforme levantamento da Prefeitura de Manaus, 63 comunidades rurais ribeirinhas da capital estão sendo afetadas pela severa estiagem deste ano. Por conta disso, uma força-tarefa foi montada pela Prefeitura de Manaus, nos últimos dias, para levar cestas básicas, água potável e itens de higiene às famílias afetadas pela seca dos rios.
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