Ministra Simone Tebet lidera plenária ‘Rotas de Integração Sul-Americana’ em Roraima

A ministra Simone Tebet (Reprodução/PMBV)
Bianca Diniz – Da Agência Cenarium

BOA VISTA (RR) – O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) promoveu uma plenária na quinta-feira, 4, com o objetivo de discutir as ‘Rotas de Integração Sul-Americana’. Sob a liderança da ministra Simone Tebet, o encontro teve como foco principal a análise da ‘Rota Ilha das Guianas’, com especial destaque para os estados da Região Norte, como Roraima e Amazonas. A reunião contou com a participação de políticos locais e representantes dos setores industrial e comercial.

A ministra destacou a importância da integração regional para o progresso econômico e social dessas áreas e a necessidade de colaboração entre os países vizinhos da América do Sul e anunciou planos concretos para a realização das rotas de integração até 2026, visando fortalecer as relações comerciais e diplomáticas. “É crucial que olhemos para nossos parceiros vizinhos da América do Sul. Nossa meta é promover uma integração sólida e duradoura, que impulsione o desenvolvimento de toda a região“, disse.

Ministra conduziu plenária em Boa Vista, Roraima (Bianca Diniz/Agência Cenarium)

Tebet enfatizou que a principal razão da visita a Boa Vista era escutar atentamente as demandas locais. “Nos últimos 20 anos, o Brasil tem direcionado sua atenção principalmente para o Atlântico, para a Europa, para o litoral. No entanto, nos últimos anos, estamos testemunhando um crescimento significativo do País, impulsionado pelo agronegócio, presente no Centro-Oeste, Norte e Sul”, ressaltou.

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A ministra apontou que as novas rotas representam oportunidades cruciais para o agronegócio e o comércio exterior do Brasil por meio do Oceano Pacífico, potencialmente encurtando distâncias e reduzindo custos de transporte para a Ásia e outros destinos. “Há 30 anos, isso parecia utopia. Hoje é realidade. E é uma realidade para estar pronta em três a quatro anos”, declarou Tebet.

Sobre

A iniciativa das cinco ‘Rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano‘ foi impulsionada a partir de uma solicitação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a decisão tomada no Consenso de Brasília, em estimular a pauta da integração regional. Esse estímulo político tem fomentado um aumento significativo no diálogo entre os estados brasileiros fronteiriços e os países vizinhos sul-americanos, incluindo a Guiana, que se encontra a apenas 298 quilômetros de Boa Vista.

Ilustração do mapa das rotas de integração sul-americana apresentado durante o evento (Reprodução/MPO)

Durante a plenária, foram abordadas também as questões relacionadas à escolha e implementação dos projetos prioritários dentro do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os quais apresentam um potencial significativo para contribuir com a integração regional. A ministra ressaltou a importância de um processo colaborativo e inclusivo, envolvendo os governos estaduais, a sociedade civil e os países vizinhos, a fim de garantir que tais projetos atendam às necessidades e prioridades de todas as partes envolvidas.

A ministra enfatizou que as Rotas da Integração em Roraima foram impulsionadas pela parceria entre o Ministério do Planejamento e o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MDR), liderado por Waldez Góes.

Na ausência do ministro, a secretária nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional, Adriana Melo Alves, representou a pasta, destacando o compromisso em acompanhar a agenda estratégica e mapear prioridades para o desenvolvimento da Amazônia Legal. “A Amazônia é uma região prioritária para o ministério, e estamos continuamente buscando seu desenvolvimento, levando em consideração sua vasta extensão territorial, seu meio ambiente e seu potencial econômico. É uma região rica que merece avançar“, disse Alves.

Números

De acordo com informações divulgadas pelo MPO, no que diz respeito às iniciativas de integração regional, atualmente, dez obras estão em andamento em Roraima, resultado dos investimentos previstos no PAC. Esse plano engloba um total de 124 projetos de infraestrutura, os quais não se restringem apenas a Roraima, mas também abrangem outros Estados da região Norte, como Amapá, Pará e Amazonas, totalizando 29 projetos adicionais.

Mapa ‘Ilha das Guianas’ apresentado durante discussão (Reprodução/MPO)

Durante uma apresentação, Tebet apontou que tais obras terão um impacto positivo no comércio exterior de toda a região, especificamente a restauração da BR-174, que desempenha um papel de conexão entre Roraima com o restante do Brasil e com a Venezuela. Além disso, a construção do Linhão de Tucuruí foi frisada como outra prioridade, projetada para integrar Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), visando garantir uma maior estabilidade no fornecimento de energia.

Outros projetos também foram brevemente discutidos, entre eles a implementação de uma infovia estadual, liderada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que visa interligar Roraima em uma rede de fibra óptica de alta velocidade e disponibilidade, proporcionando uma infraestrutura de comunicação moderna e eficiente.

A ministra Simone abordou, brevemente, o projeto ‘Linden-Lethem’, uma rodovia de 450 quilômetros que, mesmo sem estar completamente pavimentada, já desempenha um papel crucial no transporte das exportações de Roraima. Uma vez concluída, esta via promete abrir novas oportunidades comerciais com o Caribe, expandindo as perspectivas econômicas do estado e fortalecendo sua integração regional.

“Estado do futuro”

Durante participação, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), dedicou tempo para apresentar números de gestão, destacando o agronegócio como uma vantagem para o Estado. Para ele, Roraima é “o Estado do futuro“.

Entre os desafios enfrentados, Denarium citou o crescimento populacional decorrente da migração venezuelana, que representa aproximadamente 20% da população do Estado, totalizando cerca de 197 mil pessoas, gerando uma demanda significativa nos serviços públicos.

Governador de Roraima apresentou resultados de sua gestão durante o evento (Reprodução/Instagram)

Denarium também ressaltou que Roraima abriga a maior população indígena do Brasil, com 97 mil pessoas, o que corresponde a 15% da população total do Estado. Em comparação, o Amazonas possui 12% e o Mato Grosso do Sul, 4%.

Além disso, o político discutiu o Produto Interno Bruto (PIB) de Roraima, enfatizando o recorde histórico de crescimento de 12,7% em um único ano. “Este feito só foi alcançado graças ao esforço conjunto dos servidores públicos, empresários e empreendedores que escolheram investir no Estado”, declarou.

Indústria e Comércio

A presidente da Federação das Indústrias do Estado de Roraima (Fier), Izabel Itikawa, destacou os interesses da indústria local como um agente fundamental para o desenvolvimento econômico, social e federal da região, ressaltando a importância de encontrar alternativas que promovam um ambiente favorável aos negócios, considerando o potencial significativo de Roraima no agronegócio, na indústria de transformação e na construção civil. Itikawa declarou que o Estado está passando por um momento promissor em sua vida econômica, resultado do trabalho conjunto dos setores público e privado.

Presidente da Fier aborda pautas da indústria e comércio (MPO/Reprodução)

Itikawa enfatizou o papel vital da indústria local na geração de empregos em Roraima, evidenciando os 45 mil empregos formais proporcionados pelo setor, o que corresponde a 61% do total de pessoas empregadas no Estado. Ela explicou que projetos como o das ‘Rotas de Roraima’ têm o potencial de impulsionar ainda mais a geração de empregos, resultando em um aumento na renda do Estado.

Leia mais: Carta aberta denuncia descaso do Governo de Roraima diante de queimadas e seca severa
Editado por Adrisa De Góes
Revisador por Gustavo Gilona
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