No Canadá, país chama violência de gênero de ‘epidemia’ após caso de triplo feminicídio

Manifestantes na Marcha das Mulheres em Toronto, no Canadá, em 2019 (Chris Helgren - 19.jan.19/Reuters)
Da Revista Cenarium Amazônia*

MANAUS (AM) – O Canadá nomeou a violência de gênero como uma “epidemia” que “não tem lugar” no país, em carta que é a primeira resposta do governo a recomendações para reformar a abordagem canadense em relação ao assunto.

Produzidas há cerca de um ano, as 86 orientações foram entregues pelo júri que condenou Basil Borutski pelo triplo feminicídio de Carol Culleton, Anastasia Kuzyk e Nathalie Warmerdam, cometidos em uma mesma manhã de 2015.

“Eu acolho as recomendações do júri e concordo que mais precisa ser feito para proteger [mulheres] de violência íntima cometida por parceiros”, escreveu o ministro da Justiça canadense, Arif Virani, na carta de seis páginas, à qual o jornal britânico The Guardian teve acesso. O texto é a resposta oficial de Ottawa às orientações do júri, segundo o jornal.

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O documento também indica que o governo federal vai buscar a criminalização do chamado controle coercitivo, uma forma de violência doméstica com o objetivo de isolar, intimidade e controlar vítimas.

Em junho do ano passado, o governo da província de Ontario, onde o caso de triplo feminicídio ocorreu, rejeitou várias das sugestões do júri —uma delas era justamente nomear a violência de gênero como uma epidemia. Na justificativa, a gestão afirmou que o termo só poderia ser utilizado para se referir a doenças infecciosas, embora chamasse a crise de opioides de epidemia.

Entre as 86 recomendações estavam o reconhecimento de que a epidemia necessita de “investimento financeiro significativo” e mudanças sistêmicas na abordagem da questão pelas autoridades. Além disso, o júri propôs que o termo “feminicídio” fosse listado como causa mortis e incluído no código criminal do Canadá.

A carta do governo federal faz referência a um relatório de 3.000 páginas de uma comissão entregue em março deste ano, que também fez recomendações para prevenção de violência ao analisar uma chacina na província de Nova Escócia, em 2020 —foi o maior ataque a tiros do país e deixou 22 mortos. A mulher do autor do massacre afirmou depois do atentado que o homem era abusivo e a agredia.

“Ver a gestão federal fazer essa conexão e apoiar o relatório, eu acho muito positivo”, afirmou Pamela Cross, diretora de um centro de apoio para mulheres que sofreram abuso no Canadá, ao The Guardian. “O relatório era o melhor do que já havia sido escrito sobre violência de gênero no país”, disse.

(*) Com informações da Folhapress

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