No mês LGBTQIA+, veja algumas dicas de livros que auxiliam na compreensão da história do movimento no Brasil

Confira as dicas literárias preparadas pela Revista Cenarium (Reprodução/Internet)

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – O mês de junho, além de ser conhecido pelos brasileiros por ser o mês das Festas Juninas, também é o período do ano voltado para celebrar a comunidade LGBTQIA+. Com o Dia Internacional do Orgulho Gay, celebrado em 28 de junho, os movimentos LGBTs e pessoas aliadas às causas realizam várias ações em apoio a essa parcela da população que sofre tanto preconceito, discriminação e violência, seja por puro ato gratuito de homofobia, seja por falta de informação e melhor compreensão sobre a realidade vivida por essas pessoas.

Para auxiliar no conhecimento, estudo e melhor compreensão no que tange a história, os embates e os caminhos percorridos pelo movimento LGBTQIA+ no Brasil, a REVISTA CENARIUM preparou uma lista com algumas dicas de obras literárias para você ficar um pouco mais por dentro desse processo. Confira:

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“Imprensa Gay no Brasil”

Escrita pela jornalista Flávia Péret, a obra é vencedora do Concurso Folha Memória, Programa de Orientação de Pesquisa em História Jornalismo Brasileiro (Folha/Pfizer). O livro traz uma avaliação sobre as dificuldades, impasses e outros entraves encarados por um grupo em busca constante pela liberdade de poder exprimir a sexualidade.

Ao longo da obra, a escritora e jornalista conta que a “Imprensa Gay” teve início na década de 60, com materiais que refletiam uma ideologia da comunidade sobre a homossexualidade. Segundo a própria autora, na época, as temáticas eram desenvolvidas, por meio do uso de muitas figuras e sátiras que representassem fatos linkados ao LGTBQIA+.

Sinopse:

Imprensa gay no Brasil” reconstrói quase meio século de história da imprensa homossexual no País. Apenas nos anos 1960, revistas abertamente homossexuais começaram a ser feitas e distribuídas de mão em mão, em círculos restritos do País. Em 1978, durante o Governo Ernesto Geisel, surgiu Lampião da Esquina, primeiro jornal gay de circulação nacional, que duraria até 1981. Nas décadas seguintes, enquanto os grupos de defesa dos direitos de gays e lésbicas se consolidavam, jornais, revistas e panfletos se espalharam pelo Brasil.

Vencedor do concurso Folha Memória, Programa de Orientação de Pesquisa em História do Jornalismo Brasileiro (Folha/Pfizer), o livro da pesquisadora e jornalista Flávia Péret analisa os impasses e desafios enfrentados por um grupo em constante luta pela livre expressão de sua sexualidade. “Imprensa gay no Brasil” traz ainda depoimentos de Aguinaldo Silva e João Silvério Trevisan a respeito da criação de Lampião da Esquina e do jornalismo voltado a homossexuais.

 Editora: Publifolha; 1ª edição (1 janeiro 2012) (Reprodução/Divulgação)

“Cidadania Trans: o Acesso à Cidadania por Travestis e Transexuais no Brasil”

Um livro de Caio Benevides Pedra, a obra tem como intuito mergulhar e avaliar o contexto atualizado das exclusões vivenciadas por travestis e transexuais no Brasil. Além disso, traz uma análise de como movimentos sociais e o poder público atuam quando o assunto é o combate da desigualdade e exclusão dolorosamente vividas por essas pessoas.

A obra é constituída com auxílio de pesquisas recentes (2020), vasta revisão bibliográfica e observação direta para facilitar o conhecimento da realidade enfrentada pela comunidade T, reunindo dados que ajudem a formular políticas públicas voltadas às problemáticas da desigualdade.  

Sinopse:

A cidadania é um direito constitucionalmente assegurado pelo ordenamento brasileiro, mas que nem todos os grupos sociais conseguem exercer. Em virtude das mais diversas exclusões vivenciadas, algumas minorias têm experiências muito específicas de fruição de direitos, como é o caso da população LGBT, especialmente travestis e transexuais. Este livro pretende conhecer e analisar o contexto atualizado das exclusões vivenciadas por travestis e transexuais no Brasil, observar a atuação do movimento social na proposição e manutenção do debate dessas pautas e entender de que forma o poder público tem agido para combater as desigualdades verificadas, que impedem que essas pessoas sejam tratadas com igualdade no que diz respeito ao acesso aos direitos previstos a todos os cidadãos.

Para isso, a leitura estrutura-se em quatro capítulos: • o primeiro tem caráter conceitual, discutindo as noções de cidadania que conduzirão os debates; • o segundo reúne dados relativos às variadas formas de exclusão verificadas e os organiza dentro de uma sistematização específica que permite análises individualizadas e globais; • o terceiro aborda a evolução e a importância da atuação da sociedade civil na politização dessas questões; • por fim, o quarto e último capítulo disponibiliza um levantamento das ações estatais destinadas a enfrentar as exclusões denunciadas. Além disso, são analisadas as demandas mais atuais do Movimento LGBT organizado, registradas na 3ª Conferência Nacional LGBT, ocorrida em 2016.

Editora: Appris; 1ª edição (13 abril 2020) (Reprodução/Divulgação)

“Existe Índio Gay? A Colonização das Sexualidades Indígenas no Brasil”

Você já deve ter ouvido essa pergunta ou até mesmo ter se questionado isso. O livro vem para demostrar a aceitação dos povos indígenas perante sua própria sexualidade e heterossexualização imposta pelos colonizadores que aqui chegaram.

O livro foi de responsabilidade do pesquisador da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e professor do Curso de Ciências Sociais do Campus de Porto Velho, Estevão Fernandes, após uma vasta pesquisa sobre a história e sexualidade indígena no que tange a colonização no País.

Sinopse:

Este livro é uma tentativa de entender o percurso por trás da pergunta “Existe índio gay?”, tantas vezes ouvida durante a ampla pesquisa feita pelo autor, focando na colonização das sexualidades indígenas na história brasileira. O livro, voltado também para não especialistas, busca fazer com que pessoas interessadas no tema possam pensar questões relacionadas às origens da homofobia e do racismo no Brasil. Uma das coisas demonstradas aqui é como os vários povos indígenas no País aceitavam, sem maiores problemas, um conjunto de práticas as quais o colonizador viria a se opor por não se enquadrarem em seus modelos de sexualidade, moral, religiosidade ou ciência.

Em resumo: a homofobia chegou nas caravelas, e por aqui ficou. Assim, a colonização impôs a esses povos um sistema moral no qual a sociedade colonizadora se baseava – e ainda se baseia. Nesse sentido, a sexualidade possui um papel fundamental para a compreensão desses mecanismos de dominação sobre a vida cotidiana, do imaginário e da memória. Dito isso, fica claro que este livro não é apenas sobre homossexualidade indígena, mas sobre o que podemos aprender com o percurso que levou à heterossexualização forçada desses povos.

Editora: Prismas; 1ª edição (1 novembro 2017) (Reprodução/Dilvulgação)

“O Fim do Armário: Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans no Século XXI”

Bruno Bimbi imprime nesta obra diferentes histórias de pessoas LGBTQIA+ pela busca da aceitação, compartilhando dramas, causos, medos. Um livro que parte de uma inicitiva de coragem do autor. Nele há nomes de figuras públicas de vários setores sociais.

Além do Brasil, a obra também já foi publicada no Peru, em Espanha e no México trazendo a tona assuntos como homofobia e transfobia e até de racismo e antissemitismo.

Sinopse:

Um livro jornalístico fantástico, que nos conta uma série de histórias fascinantes e estremecedoras que a maioria dos leitores desconhece. Sem medo de ser feliz, Bruno Bimbi relata, com graça e indignação, os dramas e as batalhas das pessoas LGBTs pela aceitação social e a conquista de seus direitos.

Sem complacência, mas sem perder a ternura, o livro denuncia com palavras fortes todas as iniciativas homofóbicas, e dá nomes aos bois: dessas denúncias não escapam políticos, pastores evangélicos, setores da imprensa e da opinião pública, artistas e apresentadores de TV – e nem sequer o papa Francisco, que quando era arcebispo de B. Aires foi o principal adversário da luta pelo casamento gay na Argentina, da qual Bruno Bimbi foi um dos líderes.

EditoraGaramond; 2º edição (10 maio 2020) (Reprodução/Divulgação)

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