Nova investigação sobre Caso Wallace em debate: ‘Seria justo termos o outro lado da história’

Eduardo Figueiredo e Bruno Pacheco — Da Revista Cenarium

MANAUS — Em entrevista exclusiva ao programa “Boa Noite Amazônia“, da Rádio e TV Onda Digital, na noite dessa quinta-feira, 24, o apresentador Willace Souza, filho do ex-deputado estadual Wallace Souza, falou pela primeira vez sobre uma possível apuração para investigar o outro lado da história referente ao “Caso Wallace”.

“A gente sempre bateu nessa tecla de que tem um culpado por toda essa perseguição. Apesar da gente não poder comprovar, porque isso eu deixo nas mãos da Justiça, se vier ao caso. Mas seria importante, porque eu sempre tive essa missão de comprovar a inocência do meu pai”, revelou Willace.

Para Willace, a série “Bandidos na TV“, produzida pela plataforma de streaming Netflix, contribuiu para mudar a visão do público e a partir de então serviu também para que a família pudesse buscar justiça.

“A partir do momento que a opinião pública tomou conhecimento da nossa versão e os magistrados sentiram mais seguros de fazer algo com mais tranquilidade, sem aquela pressão e interferências que poderiam ter, mas de qualquer maneira, o documentário contribuiu muito para que a gente pudesse buscar essa inocência e buscar dar a nossa versão. Então foi basicamente isso que deu essa tranquilidade para gente”, relatou o apresentador.

A série conta com a participação da CEO da REVISTA CENARIUM, a radialista e jornalista Paula Litaiff, cuja cobertura do caso Wallace a fez ser uma das principais colaboradoras com o documentário. O encontro entre a apresentadora do programa “Boa Noite Amazônia” com o filho do ex-deputado foi o primeiro em que ambos estiveram frente a frente para uma entrevista.

Para Willace Souza, falar sobre o caso ainda é difícil, mas hoje ele afirma que a maturidade o ajudou a enfrentar todo o imbróglio envolvendo o pai. O apresentador acredita que o ex-deputado foi vítima de um complô dentro da força de segurança pública do Amazonas que, para ele, defendia apenas uma narrativa, sem ouvir o lado da família Souza.

Willace lembra, contudo, que o ex-deputado parou de conceder entrevistas à imprensa local, à época, depois de reportagens distorcerem informações sobre as denúncias contra ele. No programa, o apresentador lamentou ainda que a população manauara só passou a conhecer a versão de Wallace Souza após o documentário da Netflix.

“Precisou haver uma série, de produtores estrangeiros, para que as pessoas pudessem saber o nosso lado. Por que as pessoas não sabiam se a imprensa estava cobrindo todo esse tempo? Na verdade, todos os dias tinha uma matéria nova contra o meu pai. Por que as pessoas só vieram saber agora da nossa versão? Isso serve de reflexão da imprensa, porque isso realmente foi um massacre contra a nossa família”, lamentou Willace Souza.

Depressão

Ao programa “Boa Noite Amazônia“, Willace Souza falou sobre o estado de saúde do tio Carlos Souza, que fazia parte do time de apresentadores que viralizou no Amazonas na década de 1990: o “Canal Livre“. Junto com os irmãos Wallace e Fausto, eles formavam o trio “Irmãos Coragem”. Segundo Willace, Carlos passa por uma depressão severa e que a família luta para tratá-lo.

“Carlos Souza ainda sofre com toda essa maldade que fizeram com nossa família. Acabaram com o Carlos Souza. E hoje, o que nós podemos fazer? Já levamos ele no psicólogo, no melhor psiquiatra. Ele foi inocentado e, mesmo assim, a depressão é uma doença tão forte que ele não se cura. Não sabemos o que acontece. Eu, como sobrinho, não aguento mais ver meu tio dessa forma”, lamentou Willace.

Perseguição

Nessa semana, Willace revelou em seu programa que o pai era perseguido por “uma pessoa covarde e que age nas sombras”. O relato ocorreu após o filho do ex-deputado estadual ter sido obrigado pela Justiça a conceder direito de resposta ao senador do Amazonas Eduardo Braga (MDB)

“O meu pai foi muito perseguido por uma pessoa, nesse Estado, por um covarde. Quem fez isso com ele, Wallace Souza, é um covarde, que não dá as caras, age nas sombras, age no escuro. Não tem coragem de bater na cara, de dar de frente. Usa de artimanhas para perseguir, para fazer maldade com as pessoas”, desabafou o apresentador do “Sinal Livre”, durante o programa dessa quarta-feira, 23.

Na ocasião, o comunicador leu, ainda, uma carta escrita pelo pai, enquanto estava no leito do hospital Beneficente Portuguesa, em São Paulo.

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Absolvidos

Em julho de 2021, os “Irmãos Coragem” – como eram conhecidos – Carlos e Fausto Souza foram inocentados pela primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJAM), pela prática do crime de associação para o tráfico de drogas. A decisão foi tomada por falta de provas para condenação.

A denúncia contra Carlos e Fausto foi ajuizada em 1º Grau, em 2009, após depoimentos do policial Moacir Jorge Pessoa da Costa, que deu origem ao conhecido ‘Caso Moa’ ou ‘Caso Wallace’, e contou com provas emprestadas da “Operação Centurião” e de outro processo judicial. Neste processo do 2º Grau, no entanto, o desembargador afirma não haver prova robusta de que os denunciados se uniram de forma estável e com divisão de tarefas para o tráfico.

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