Pará tem segunda maior taxa de analfabetismo da Região Norte

Dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE (Pei Fon/Folhapres)
Daleth Oliveira – Da Revista Cenarium

MANAUS – A taxa de analfabetismo entre pessoas maiores de 15 anos no Pará é de 7,4%. Esse índice coloca o Estado em segundo lugar no ranking do analfabetismo na Região Norte, ficando atrás apenas do Acre (8,5%). Os dados são provenientes da “Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua: Educação 2022”, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quarta-feira, 7.

Na colocação geral, o Pará ocupa o 11º lugar no ranking das maiores taxas de analfabetismo no País, ficando atrás do Acre e dos nove Estados do Nordeste.

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Apesar dessa posição, os números ainda apresentam uma melhora, uma vez que a taxa de analfabetismo no Brasil teve uma redução de 0,5 ponto percentual, passando de 6,1% em 2019 para 5,6% em 2022, representando uma diminuição de mais de 490 mil analfabetos.

A pesquisa do IBGE também revela outros indicadores, como nível de instrução, frequência escolar e evasão escolar. As assimetrias observadas entre as regiões e as diferenças raciais são pontos de destaque.

No Nordeste, reside 55,3% de todos os brasileiros com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever. O índice de analfabetismo nessa região é de 11,7%. No Norte, a taxa é de 6,4%. As demais regiões – Centro-Oeste (4%), Sul (3%) e Sudeste (2,9%) – possuem taxas abaixo da média nacional.

Entre os 27 Estados brasileiros, as três maiores taxas de analfabetismo foram registradas no Piauí (14,8%), Alagoas (14,4%) e Paraíba (13,6%). Por outro lado, as três menores taxas foram encontradas no Distrito Federal (1,9%), Rio de Janeiro (2,1%) e São Paulo e Santa Catarina (ambos com 2,2%).

O IBGE destaca os desafios enfrentados pelo País e por cada região para atingir as metas do Plano Nacional de Educação (PNE), estabelecido pela Lei Federal 13.005/2014. Segundo as metas estipuladas, as taxas de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais deveriam ter chegado a 6,5% em 2015. De acordo com a pesquisa do Pnad, apenas o Acre, Pará, Tocantins e os nove Estados do Nordeste não alcançaram essa meta.

Evasão escolar é o maior obstáculo

A professora Priscila Lima, técnica pedagógica da rede municipal de ensino de Belém e coordenadora do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), lamenta os índices de analfabetismo no Pará. Ela destaca a evasão escolar como um dos principais obstáculos para a alfabetização desse público, pois afeta diretamente o processo de aprendizagem.

“A evasão escolar é uma questão crucial que precisamos enfrentar. Observo, no meu dia a dia de trabalho, que políticas públicas direcionadas a esse público, como a oferta de uma merenda de qualidade, são fundamentais para mantê-los na escola. Muitos desses adultos são trabalhadores que enfrentam jornadas longas e cansativas. Se conseguirmos oferecer uma alimentação adequada, estaremos contribuindo para sua permanência e engajamento no processo de alfabetização”, explica a pedagoga.

Além disso, a professora ressalta a importância de uma abordagem pedagógica flexível e empática. “É essencial que nós, como educadores, sejamos sensíveis às necessidades desses alunos, ouvindo suas histórias de vida, compreendendo seus desafios diários e valorizando sua presença na escola. A constância e a valorização da sua jornada de aprendizado são fundamentais para a alfabetização desses jovens e adultos“.

Priscila conclui que espera que, futuramente, não seja mais necessário ter o EJA nas escolas. “Nosso desejo é que um dia não exista mais a necessidade de alfabetizar pessoas tardiamente. Devemos trabalhar para que todos tenham acesso à educação na idade correta, como defendeu o renomado educador Paulo Freire”, finaliza.

Nota da Seduc


A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informou, por meio de nota, que lançou o programa “Alfabetiza Pará” para combater o analfabetismo. Esse programa atua em colaboração com os 144 municípios do Pará, auxiliando no desenvolvimento dos alunos dos anos iniciais (1º ao 5º ano) durante o período de alfabetização. “Como parte das ações, o programa já realizou avaliação de fluência leitora e escrita nos municípios que já aderiram ao projeto”, diz o comunicado.

“A Seduc esclarece ainda que conforme prevê a lei, o ensino infantil é de responsabilidade do município, mas que criou o projeto “Creches Por Todo o Pará” para reforçar o processo pedagógico na educação básica.“, finaliza.

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