‘Peço apenas respeito’, diz filha de desaparecido da BR-319 após bombeiros encontrarem ossada

A única vítima ainda desaparecida foi identificada como João Nascimento Fernandes, de 58 anos, servidor da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) (Arte: Mateus Moura)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – Cinco meses após a queda da ponte sobre o Rio Curuçá, no quilômetro 25 da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho (RO), uma ossada humana foi resgatada na sexta-feira, 17, por uma equipe de mergulhadores do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) e pode pertencer à única vítima ainda desaparecida, identificada como João Nascimento Fernandes, de 58 anos, servidor da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

A ossada foi localizada em duas horas de trabalho da equipe de mergulhadores, que faz apoio à empresa responsável por retirar os escombros da ponte. Após o recolhimento do material, a equipe entregou ao Instituto Médico Legal (IML) e deve passar por exame pericial de DNA para o processo de identificação.

João Nascimento Fernandes, de 58 anos, única vítima ainda desaparecida do acidente da BR-319 (Reprodução)

Leia mais: Tragédia anunciada: estudo de 2021 alertou sobre risco de queda de pontes na BR-319

Familiares de João foram informados pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) sobre o encontro da ossada e no momento aguardam o resultado do exame. Uma das filhas da vítima usou as redes sociais para se pronunciar sobre o caso.

PUBLICIDADE

Kelly Araújo Fernandes lembra que foram cinco meses de incertezas e sofrimento, e que agora a família pode ganhar alívio. “A dor nos acompanhará para sempre, mas a certeza de termos um cantinho para ele onde a qualquer momento que a saudade apertar possamos ir lá, nem que seja para fazer uma oração, nos conforta um pouco… Estamos em pedaços, nossa vida nunca mais será a mesma”, relata.

“Peço apenas respeito ao se referirem a ele, pois foi muito doloroso lidar com tudo isso e ainda ter que ler coisas como estas”, escreveu Kelly, em referência a publicações onde se referiam as ossadas como “esqueleto” e que publicaram imagens do material encontrado, sem censura.

Duas pontes desabaram na BR-319 com menos de dez dias de intervalo (Eric Cezne/Divulgação)

Outras quatro vítimas já haviam sido identificadas, são eles o cirurgião-dentista Rômulo Augusto de Morais Pereira, 36, a comerciante Darliene Nunes Cunha, 25, o motorista Marcos Rodrigues Feitosa, 39, e a servidora pública aposentada Maria Viana Carneiro, 66. Além dos cinco mortos, a queda da ponte deixou 14 pessoas feridas.

Leia mais: No Amazonas, trechos da BR-319 são interditados para reparos emergenciais

Até o momento, a empresa contratada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) trabalha na remoção dos escombros da Ponte Curuçá e já executou serviços emergenciais para manter a travessia, como a oferta de balsa para travessia na Curuçá, e criação de uma passagem seca na Ponte Autaz Mirim, no quilômetro 23, que caiu menos de dez dias após o primeiro acidente.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.