Porto Velho registra umidade menor que a do deserto do Saara; ‘Incomum para a Amazônia’, garante Inmet

Calor pode superar 45°C em algumas cidades do Brasil (Reprodução/Internet)
Iury Lima – Da revista Cenarium

VILHENA (RO) – A capital de Rondônia, Porto Velho, começou a semana sentindo clima típico de deserto, de acordo com medição feita pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A umidade do ar ficou em 7% nesta última segunda-feira, 25 – menor do que a registrada em Wadi Halfa, cidade do Sudão, no deserto do Saara, onde a média é de 14%. Este foi o dia mais seco da capital em 2022.

A cidade já havia batido outros dois recordes preocupantes neste mês de Julho. À REVISTA CENARIUM, o Inmet explica que o fenômeno é algo incomum para esta região da Amazônia, especialmente, em pleno inverno no Hemisfério Sul, e que esta massa de ar seco deve continuar predominando, atingindo também Estados vizinhos como o Acre e o Amazonas. 

Porto Velho foi a quarta cidade mais quente do País nesta última segunda-feira, 25, segundo Inmet (Prefeitura de Porto Velho/Reprodução)

Calorão incomum

Segundo o meteorologista Mamedes Luiz Melo, quanto maior a umidade relativa do ar, menor as temperaturas. Quando ela é baixa, mais quente fica, como ocorre em Rondônia. Para se ter uma ideia, no mesmo dia em que a umidade bateu 7%, Porto Velho foi a quarta cidade mais quente do País: os termômetros marcaram máxima de 36,4°C; calorão que permanece na mesma casa nesta terça-feira, 26.

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Calorão de 36°C predomina, também, nesta terça-feira, 26, na capital de Rondônia (Reprodução/Inmet)

Apesar de alarmante, este não é o primeiro recorde negativo registrado em julho. Nos dias 21 e 22 da semana passada, a umidade do ar ficou em 11% e 10%, respectivamente. “E esse cenário não deve se modificar tão cedo”, garante Melo. “A bolha de ar seco vai se dirigir ainda um pouco mais para o Oeste, pegando até mesmo o Estado do Acre, que está na rota dos próximos dias, assim como o Sul do Amazonas já está sendo atingido”, detalhou o meteorologista do Inmet à reportagem. 

O meteorologista do Inmet, Mamedes Luiz Melo explica que o baixíssimo índice de umidade do ar é incomum para Porto Velho (Reprodução/Inmet)

A causa

Mamedes Melo explica que índices tão baixos de umidade do ar não são comuns para a região da Amazônia onde Porto Velho está localizada e aponta, ainda, a causa por trás disso: o fenômeno La Ninã, que consiste no resfriamento das águas do Pacífico Equatorial e modifica toda a circulação geral da atmosfera, de acordo com o especialista.  

“Primeiro, é preciso entender o que vem acontecendo globalmente. Em termos de grande escala, nós estamos sob influência do La Ninã há quase três anos. Só que, agora, em 2022, ele ocorre em pleno inverno. Por isso, essa massa de ar seco que, normalmente, acontece nesta época, acabou ganhando força e se expandiu para boa parte da área central do Brasil, parte da Região Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. Então, esse é um dos motivos para essa baixa umidade e, até mesmo, temperaturas elevadas para o Estado de Rondônia”, explicou ainda. 

O que é umidade relativa do ar?

A umidade do ar, segundo o meteorologista, é definida, fisicamente, como a razão da quantidade de vapor de água numa porção da atmosfera terrestre com a quantidade máxima de vapor de água que a atmosfera pode suportar a uma determinada temperatura. 

“A umidade pode variar, dependendo de fatores como latitude, longitude e vegetação de uma determinada área”, esclarece Melo. “No deserto do Saara, por exemplo, não há vegetação, só existe areia, então, é normal que o deserto amanheça com umidade do ar em 10% e mantenha em 5% ou em 10% ao longo de todo o dia. Já o que acontece aqui no Brasil, são picos de umidade mais alto ou mais baixo, dependendo da modificação atmosférica”, comparou.

O especialista disse, por fim, que deve demorar até que outro sistema climático “penetre no Brasil e comece a formar chuvas”, enquanto predominar a massa de ar seco, mas que “a ocorrência de chuvas isoladas no Estado de Rondônia e na capital Porto Velho não está descartada”.

Cuidados redobrados

Com todo este calor, é preciso atentar, ainda mais, para os cuidados com a saúde, especialmente, com as crianças e idosos, que desidratam com mais facilidade.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a umidade relativa do ar ideal é de 60%; abaixo disso o risco é maior para mal-estar, dificuldades respiratórias e ressecamento das mucosas, além da desidratação.

O Médico Clínico Geral Arnaldo Lichtenstein explica como o calor afeta as diferentes faixas etárias:

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