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Pré-candidata petista pode ter usado feminismo para se autopromover em Manaus
A pré-candidata à vereadora em Manaus Anne Moura e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Composição de Lucas Alves/Revista Cenarium)
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26 de abril de 2024
Isabella Rabelo – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – Após acusar publicamente o Partido dos Trabalhadores (PT) de exercer violência política de gênero, por ter a pré-candidatura à Prefeitura de Manaus inviabilizada, Anne Moura anunciou a desistência da corrida eleitoral na quinta-feira, 25, e posou sorrindo ao lado de Marcelo Ramos, nome escolhido pela sigla para concorrer às eleições na capital amazonense, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A violência política contra a mulher passou a ser tipificada como crime em agosto de 2021, quando foi sancionada a Lei nº 14.192. De acordo com a Constituição Federal, a infração é definida como a “agressão física, psicológica, econômica, simbólica ou sexual contra a mulher, com a finalidade de impedir ou restringir o acesso e exercício de funções públicas e/ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade“.
Na última segunda-feira, 22, Anne Moura disparou acusações aos dirigentes petistas por ter sido barrada da disputa e disse ter se sentido “emparedada” pela filiação de Marcelo Ramos ao PT para concorrer ao pleito municipal.
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“Dirigentes locais inviabilizaram minha candidatura e isso é muito típico de violência política de gênero. Fiz todo processo interno, até pesquisa que demonstrava que meu nome era o melhor colocado, mas mesmo assim a direção local não encaminhou, por isso ficou essa indefinição“, afirmou à REVISTA CENARIUM na ocasião.
Após conversa com Lula e Marcelo, o discurso mudou e Anne disse acreditar no projeto político do PT em Manaus para as eleições de outubro deste ano. A petista informou, ainda, que agora é pré-candidata à vereadora na capital amazonense.
“Acredito no potencial e na importância de apresentarmos nessas eleições uma alternativa alinhada com o projeto do presidente Lula. Por isso, tão importante quanto o nome, são os compromissos e os projetos, e como os meus sempre foram coletivos, me somo a esta construção”, declarou em publicação nas redes sociais.
Autopromoção política
A mudança repentina foi abordada nesta sexta-feira, 26, no programa Band News Amazônia, apresentado pelos jornalistas Rafael Campos e Paula Litaiff. Na ocasião, a atitude da então pré-candidata à prefeitura de Manaus foi apontada como uma ação que descredibiliza a luta das mulheres por respeito e igualdade na política.
“O meu receio é que a Anne Moura tenha utilizado de uma causa tão legítima, que é o feminismo, para se promover politicamente. Ela acusou o PT de algo muito grave, que é o crime de violência política de gênero, e isso agora ficou simplesmente esquecido. Não questionou o presidente Lula sobre isso, não deu continuidade e nem divulgou um desfecho dessa denúncia”, argumentou Litaiff.
A jornalista continou: “Ela postou uma foto sorrindo, com os dentes para fora, alegre. O que deu a entender é que ela colocou essa questão da prefeitura apenas para promover a candidatura à vereadora de Manaus, que seria a ideia desde o começo. Isso é extremamente preocupante”.
O que é o feminismo
O feminismo é um movimento que luta pela igualdade social e de direitos para as mulheres e busca combater o modelo social baseado no patriarcado e os abusos e a violência contra as mulheres. A primeira onda da mobilização teve início por volta do século XIX, como causa fundamental para resolver questões relacionadas às desigualdades de gênero, que foram construídas cultural, social e historicamente.
Por meio das lutas feministas foram conquistados diversos direitos usufruídos nos dias de hoje pelas mulheres, que vão desde frequentar escolas e universidades até a igualdade jurídica, autonomia no casamento e questões relacionadas à independência feminina no contexto político e social.
“A representação do mundo é operação dos homens; eles o descrevem do ponto de vista que lhes é peculiar e que confundem com a verdade absoluta”, afirmou Simone de Beauvoir, uma das maiores impulsionadoras do feminismo, na obra “O Segundo Sexo”, de 1949.
No ano de 1929, o País teve a primeira mulher eleita em um cargo político de sua história. Alzira Soriano elegeu-se na cidade de Lages, no Rio Grande do Norte, se tornando a primeira prefeita do Brasil. No âmbito nacional, as mulheres alcançaram apenas em 1932 o direito ao voto e à participação política
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